22. Eu sinto o que você sente

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Depois de tudo o que aconteceu, nós voltamos ao bunker, porém, não a Mary. Minha avó parece ter escolhido ficar o mais longe possível de nós por conta de seu erro de confiar tão cegamente nos Homens de Letras Britânicos. Ela se sentia muito culpada pela morte de tio Ethan e, além disso, estando longe, poderia evitar uma conversa com meu pai e meu tio sobre ela estar trabalhando com os Britânicos. Eles com certeza não iriam gostar nada daquela conversa.

Quando voltamos, Castiel também me ajudou a entender minhas novas habilidades. Ele achou estranho que eu pudesse curar outros pois, de acordo com ele e a teoria maluca da conexão celestial, eu só poderia curar a mim mesma. Fizemos testes, vimos o que mais eu podia fazer. Porém, até o momento, foi a única coisa que conseguimos ver ser possível para mim fazer. Em seguida, o anjo saiu do bunker, em busca de mais pistas sobre Kelly Kline e seu bebê.

Eu tentava seguir em frente depois de tio Ethan. Sabia que ele não iria gostar que eu ficasse para baixo ou que deixasse de fazer as coisas que gosto por causa dele. Mas era difícil. Muito difícil. Ele era um pai para mim, todos sabiam disso, até mesmo meu pai. E perder ele e minha mãe assim, tão próximos um do outro, era dolorido demais. Cheguei a ligar para Brandon para contá-lo e quase não consegui. Nós dois choramos juntos por ligação. Ele quis vir até Kansas para me visitar, ficar comigo nesse momento difícil, mas pedi que ficasse na California, era mais seguro. Afinal, estávamos atrás do bebê de Lúcifer e não sabíamos o que estava por vir.

Mary, depois de muitos dias, veio para o bunker, nos visitar. Trouxe hambúrgueres, cerveja, até lembrou de trazer um suco para mim. E, nesse mesmo dia, ela tentou falar com meu pai e meu tio sobre tudo o que aconteceu. E era onde estávamos agora: na mesa de mapas do bunker, tentando conversar sobre o assunto. Mas é claro que não seria fácil.

- Mãe, nós... nós temos um passado com eles. - diz tio Sammy, depois que ela contou a verdade.

- Eu sei, Sam. E foi uma decisão difícil de tomar. Mas eles estão fazendo um bom trabalho. Eu tenho ajudado a salvar pessoas, muitas pessoas. Podemos aprender com eles. - ela diz, explicando seu ponto de vista. Ela olha de Sam para meu pai, que estava com uma feição completamente desaprovadora. - Não me venha com essa cara. - Mary diz.

- Que cara? - ele pergunta.

- Você sabe qual.

- Não tem cara nenhuma.

- Essa é a cara. - a mulher diz. Meu pai desvia o olhar.

- Mãe, nós temos nossas próprias ferramentas e elas funcionam bem. E, por razões óbvias, como costelas quebradas e pés queimados... Nós não confiamos nos Britânicos. - tio Sam responde.

- Então, onde isso nos deixa? - meu pai pergunta, a encarando sério.

- O de sempre. Família. - ela responde. Os Winchesters apenas se olham. - Só... me escutem. Por favor.

- Uau. - meu pai começa. A raiva e a decepção emanavam de forma descontrolada pelo bunker. Isso começava a me deixar chateada, pois eles nem estavam dando tanta chance de Mary se explicar. Bem, o meu pai, mais especificamente. - Apenas... Uau.

- Pai... - digo, tentando chamar sua atenção, mas ele nem percebe.

- Dean, o que os Britânicos estão fazendo, o que nós estamos fazendo, é uma maneira melhor. Eles... - Mary suspira. - Olha, eu não sou cega para quem eles são ou pelo o que fizeram, mas...

- Quando? - tio Sammy interrompe, fazendo minha avó o olhar confusa. - Quando? Quando começou a trabalhar com eles?

- Desde antes da casa no lago. - quem respondeu foi eu. Tanto meu tio quanto meu pai me olharam completamente surpresos e Dean parecia chateado comigo.

The Family Business - Livro 2 (She Has My Eyes)Onde histórias criam vida. Descubra agora