7. Saudades

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Mais uma vez eu estava tendo pesadelos.

Depois da morte da minha mãe eles começaram a acontecer mais vezes. Não necessariamente eram pesadelos que envolviam a sua morte, mas na maior parte das vezes ela estava envolvida e algo horrível acontecia.

Porém essa noite aconteceu algo diferente, foi um sono agitado. Pois eu tive vários sonhos diferentes, nenhum deles tinha conexão um com o outro e muito menos com coisas que eu já havia visto antes.

Poderia ser apenas coincidência, ou não. Mas sempre tinha esses sonhos assim quando vinha para o bunker. Talvez esse lugar estimule alguma parte do meu subconsciente e me faça ter esses sonhos, eu sei lá.

Por fim, acabei não conseguindo dormir tanto quanto gostaria e acabei levantando e aproveitei para arrumar as minhas coisas para a ida à Califórnia. Brandon disse que eu poderia passar uns dias com ele se quisesse e, já que fazia tempo que não via meu melhor amigo, decidi ficar com ele enquanto estivéssemos na cidade cuidando do caso.

Ao terminar de arrumar as minhas coisas, fui para a cozinha e, antes mesmo de chegar ao local, já senti a presença de alguém. Só me surpreendi ao perceber ser Castiel. Ele estava sentado com uma tigela e uma caixa de cereal ao lado. Ele me olhou quando percebeu minha presença.

- Já está acordada? - ele perguntou com uma feição confusa. - Não está muito cedo para já estar de pé?

- Não consegui dormir. Pesadelos. - expliquei, indo preparar um café.

- Quer conversar sobre eles? - ele perguntou. Sorri gentilmente, agradecendo.

- Não, não foram nada demais só... foram muitos. E completamente sem sentido. - respondi, rindo no fim e indo até onde o anjo estava, levando uma tigela e uma colher comigo, me servindo do cereal que estava ao seu lado. - Cass... - ele me encarou atentamente - Anjos comem?

O anjo riu antes de responder.

- Não precisamos. Mas eu gosto de comer às vezes. - ele respondeu. - Ainda lembro de alguns sabores que experimentei quando virei humano.

- Espera um pouco. - disse, largando a colher na tigela e levantando o dedo indicador. - Você já foi humano? - perguntei, surpresa. Ele confirma com a cabeça. - E eu achando que não ia mais me surpreender. - digo, voltando a comer.

Novamente, ele ri de minha fala. O anjo encarou a porta de repente.

- Dean. - me virei em sua direção ao ouvir Castiel dizer seu nome. Ele estava com uma feição cansada, deve ter tido uma noite difícil também. - Também teve pesadelos? - meu pai riu, sem realmente achar engraçado.

- Quando é que eu não tenho? - ele disse, andando até a cafeteira. Ele pegou duas canecas e me alcançou uma delas. - Qual é o plano, Cass? Vai acompanhar a gente até a Califórnia?

- Não. Consegui uma pista sobre o paradeiro de Lúcifer. - ele disse se levantando. Dean engasgou com o café. Sammy, que estava entrando na cozinha, ficou com o semblante confuso.

- Espera, tá pensando em ir sozinho? Vai precisar de ajuda, Cass. - tio Sam diz para o anjo.

- O Diabo está livre por minha culpa. É minha responsabilidade encontrá-lo. - Castiel respondeu, olhando para o mais alto. - E é só uma pista. Se for ele, eu peço ajuda. Além do mais, precisam da ajuda de vocês em outro lugar. - ele começava a sair da cozinha e, quando passou por mim, colocou a mão em meu ombro antes de se despedir com um pequeno sorriso. - Nos vemos depois, Lexi.

Meu pai e tio Sammy se encararam tentando entender o anjo. Eu apenas ri da reação dos dois.

Não muito mais tarde, Mary aparece na cozinha, surpreendendo a todos com o seu novo corte de cabelo. Ela cortou as madeixas loiras pelos ombros, as mechas da frente um pouco mais compridas que as de trás. A mesma não percebeu os olhares de estranhamento por parte dos filhos, apenas depois de pegar uma xícara de café e roubar alguns biscoitos da tigela do armário e se sentar em minha frente é que sentiu ser observada.

The Family Business - Livro 2 (She Has My Eyes)Onde histórias criam vida. Descubra agora