27. Uma presença inesperada

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Ele estava ali, bem na minha frente. Eu podia quase tocá-lo, mas naquele lugar infinitamente branco era sempre impossível. Ele sorria pra mim, gentilmente, e emanava uma paz e tranquilidade tão grande que liberava uma aura brilhante em volta de si. A cada passo, eu sentia aquele sentimento aumentar.

- Logo estaremos juntos.

Levantei em um pulo. Sem perceber, abri um sorriso com a lembrança daquele sonho. Na verdade, não sabia dizer se era um sonho ou o nefilim falando comigo. Mas ultimamente ele tem feito isso bastante e é o único momento do dia onde eu sinto como se tudo fosse dar certo.

Depois daquela noite, Cass, Kelly e eu acabamos chegando até North Cove, Washington, e Castiel conseguiu uma casa em um local mais isolado, na beira de um lago. Era um lugar lindo, eu acabava passando boa parte do dia lá, olhando a paisagem, desenhando, conversando com Cass ou Kelly.

Sentia falta do meu pai, do meu tio e da minha avó, no entanto. Eu não queria ter ido embora, queria que todos nós estivéssemos em concordância sobre tudo isso e estivéssemos juntos. Mas tinha certeza que eles entenderiam um dia.

Tinha até pensado em ligar para Brandon, conversar com ele, contar tudo o que estava acontecendo. Ele devia estar tão preocupado, não nos falávamos desde quando eu fugi do bunker pela primeira vez.

Depois que acordei, fui até a cozinha e a encontrei vazia, porém já tinha café passado. Peguei uma xícara e fui para o lado de fora, ficar a beira do lago enquanto tomava aquela bebida. Encontrei Cass de pé na beira, observando o céu claro. Fui até o anjo e fiz o mesmo que ele.

Acabamos virando um para o outro e sorrimos como cumprimento. Tomei um gole do meu café em seguida.

- Ficar em um lugar mais isolado assim... te ajuda com seus poderes? - Castiel pergunta, de repente, ainda observando a paisagem, se referindo a minha sensitividade.

- Um pouco. Não tem tantas pessoas aqui e meu pai está um pouco longe, então... - respondo, ele acena com a cabeça, em compreensão. - Mas porque a pergunta de repente?

- Nada. É que... - ele começa, virando para mim em seguida, com um pequeno sorriso. - Você está diferente. Em paz, eu diria.

- Acho que isso é culpa do Jack. - digo, me referindo ao nefilim, fazendo o anjo rir. Kelly finalmente havia escolhido o seu nome. - Ele me passa esse sentimento todos os dias.

- Eu ouvi pouquíssimas histórias sobre essas conexões celestiais, Lexi. Principalmente a do tipo que você tem com Jack. Digo, uma humana com um nefilim? - ele diz, perguntando retoricamente. - Mas uma coisa que eu sei sobre elas, é que a amizade e a parceria é algo extraordinário. Incompreendida pelos outros.

- Isso parece bom. - respondo, com um sorriso, tomando mais um pouco do meu café. O anjo faz o mesmo e me abraça de lado, nós dois observando a paisagem.

Mais tarde naquele dia, eu e Kelly ficamos ajeitando algumas coisas no quarto que seria de Jack. Castiel conseguiu aquela casa e seria ali que tomaríamos conta dele. Sim, nós. Precisávamos um do outro e eu estaria ali ao seu lado, para tudo o que ele precisasse.

Kelly viu uma parede em branco no quarto e começou a ter várias ideias de ilustrações e imagens que poderíamos fazer para decorar seu quartinho. Rapidamente eu me prontifiquei a ajudá-la, já que tinha alguma experiência com desenho.

Nós organizamos todos os detalhes da arte juntas e já fazia alguns dias que eu passava o desenho para a parede. Neste momento eu estava em uma escada, pintando a grande árvore que havíamos decidido colocar, enquanto Kelly estava sentada no chão tentando, com muita dificuldade, montar um berço para o pequeno Jack.

The Family Business - Livro 2 (She Has My Eyes)Onde histórias criam vida. Descubra agora