XXXIX

1.6K 192 95
                                    

🌙

          Com um toque delicado em sua cabeça a menina se virou em direção da voz abafada atrás de si. Se surpreendendo ao encontrar o indivíduo.

-Oh, você dattebane?- Com um único pulo o outro adentrou na mesma sala que a menor estava, fitando os arredores com cautela.

-Percebi que saiu da folha, então vim dar boas-vindas a sua nova casa.- A loira suspirou se sentando encostada na parede abaixo da janela que o mesmo adentrou o recinto.

-Belo modo de dizer que fui expulsa, Tobi-chan.- Comentou o fitando tranquilamente, batendo em seguida com a mão em um lugar ao seu lado, pedindo de modo silencioso para que o mascarado se juntasse a si. O qual incrivelmente aceitou o convite sem de longas. -Eu sei que você quer perguntar, siga em frente.- Fitou o olho escarlate a mostra do desconhecido, este que não estava olhando para seus olhos, mas para as bandagens cobrindo boa parte do seu corpo.

-O que aconteceu com você?- Tobi nem se incomodou que a criança previu seus questionamentos, naquele momento estava suficientemente concentrado em observar as inúmeras ataduras distribuídas em partes visíveis dos seus braços e pernas, e julgando por sua movimentação lenta anteriormente, concluiu que ela estava incrivelmente debilitada, e que apenas estava se movimentando por teimosia pura. Agora o motivo piscava como uma incógnita em sua cabeça. "Afinal, Konoha a mandou para aquele fim de mundo para a proteger, não é?"

-O Kazekage não foi com a minha cara, ou melhor, com o meu nome.- Ergueu os pulsos tornando visíveis mais ataduras, estas que eram divergentes das outras apenas por conta do sangue seco que as coloria. -Ele odeia Uchihas, tome cuidado.- O tom irônico em sua fala teria o feito rir, se não tivesse percebido o tanto que a menina estava ferida, e não apenas fisicamente, seu psicológico deveria estar um caos, e de modo quase crítico procurava refúgio no humor. A analisou atento, fechando o olho brevemente ao perceber que estava começando a se ver em Usagi. "Conversar com ela é perigoso, no entanto..."

-Por quanto tempo?- Questionou baixo, sua voz não precisava ser mais alta que aquilo, estavam lado a lado. E também não precisava ser muito específico, ela era esperta demais. Reconheceu.

-Acho que foram três ou quatro dias, parei de contar depois de dois dias.- Com o dedo indicador começava a retirar uma parte da bandagem que envolvia um de seus pulsos. De algum modo ela sabia que aquilo ali já estava cicatrizado.

-E de quem é a culpa?- Tobi a viu hesitar, com cuidado a viu retomar a atenção em desenrolar as gazes de seu pulso.

-É minha, eu ignorei meus instintos quando adentrei neste inferno, nunca mais eu faço isso tebane.- O moreno soltou uma pequena risadinha antes de se alongar ainda sentado. "Ela mente tão mal."

-De quem verdadeiramente você acha que é a culpa, Usagi-chan? Sabe que é inútil mentir para alguém como eu.- A loira sorriu, nostálgica de certo modo com a fala do desconhecido, Fugaku já pronunciou palavras semelhantes.

-Eu seria uma péssima pessoa se dissesse que seria o Hokage?- Tobi arregalou o olho surpreso, não imaginou que a menina fosse desabafar de verdade.
-Eu... não é só de hoje, e sei que você deve saber também, desde que eu me conheço por gente ele nunca se responsabilizou de verdade por mim, sempre fui deixada de lado a mercê do ódio infinito dos aldeões, e ele sempre me privava de coisas simples, o nome dos meus pais é um deles, e ainda por cima ele me mandou para cá, um aliado instável que nem se quer conhece direito, e que por sinal é um aliado coisa nenhuma, no fim estou me sentindo como uma moeda de troca, a paz de Konoha em troca de uma aliança mais forte, é assim que vejo, o Hokage me mandou pra cá, pois já sabia que Suna estava instável, e deixando seu Jinchuuriki exposto ao inimigo, é o mesmo que garantir uma paz imediata.- Deixou a bandagem cair ao chão, revelando seu pulso com uma cicatriz tão extensa e amedrontadora que por um instante seus olhos marejaram. Os pulsos de Usagi estavam marcados com a cicatriz das agulhas secretas, estas que tinham um diâmetro de dez centímetros, marcadas exatamente onde ficaram fincadas por poucos, mas dolorosos dias, e agora estariam para sempre marcados em sua pele, como um modo de sempre a relembrar dos dias de tortura infinitos que passou naquele inferno. Seu corpo involuntariamente começou a tremer.

NamikazeOnde histórias criam vida. Descubra agora