Julie.
Paz.
Eu não achei que iria saber o que era isso novamente.
Eu passei o inferno na última semana. Já passei por muitas situações horrorosas e dolorosas desde muito nova e até mesmo tentei suicídio mais de uma vez, mas eu nunca senti uma dor e humilhação pior. Eu quis morrer como nunca antes. Cada toque, chicotada, soco, chute e palavra de ódio ainda passava pela minha mente e eu acho que nunca seria capaz de realmente apagar o que eu vivi.
Eu senti tanto medo. Medo de não ser salva, de não poder dançar mais, de não viver minha gravidez, dar a luz e acompanhar a vida maravilhosa que meu pequeno anjo vai ter. De não finalizar minha faculdade, não me casar, não poder realizar meu sonho de viajar o mundo, não ir para festas com as minhas amigas. E não poder perdoar meus pais.
Pensei muito neles durante essa semana, já que a última vez que nos vimos foi em uma briga e eu fui embora. Fazem 4 meses que não tenho notícias deles, e eles também não se importaram em ter notícias minhas, não sabem nada sobre minha gravidez ou como é minha vida em Atlanta me pergunto se eles sentem minha falta. Talvez agora que moro longe posso tentar manter algum contato por telefone ou pelo menos estar em paz com eles.
Começo a sentir sede, e tento me mexer, mas o meu corpo dó muito. Por um momento me apavoro ao ouvir vozes masculinas. Meu coração dispara e sinto minhas mãos suarem. E então, sinto a presença de alguém do meu lado, mas parece impossível acordar ou me mover. Mas quando sinto um movimento próximo ao meu rosto junto todas as minhas forças e levanto empurrando a pessoa.
- Não me toca! - digo já chorando de medo e empurrando a pessoa para longe querendo estar em paz novamente.
- Julie, se acalma, sou eu! Sou eu, Justin. Eu não vou te fazer mal. - Vou acalmando minha respiração quando vejo que realmente se tratava dele e que estávamos em um lugar bonito. No nosso quarto. Olho tudo em volta, mas paraliso ao ver um homem parado na porta e me encolho mais na cabeceira da cama agarrando o braço de Justin que segurava minha mão. - Esse é o Dr. Watson e ele está aqui para ver você. Trouxe os equipamentos para olhar o bebê e sua ajudante Liza para auxiliar. - assenti vendo que ele fazia um sinal para o médico e sua ajudante entrarem e instalarem a máquina remota. Justin se vira para mim com o olhar mais calmo que consegue e abaixa a voz. - Nada e nem ninguém aqui vai te fazer mal. Vou estar do seu lado o tempo inteiro, ok? - concordei sem conseguir encontrar minha língua.
-Olá, Julie. Eu sou o Dr Watson como o próprio Justin disse e agora vou fazer uma ultrassom para ver o bebê. Eu estou a par da situação e o que enfrentou, então vou solicitar uns exames para checar a situação de ambos. - ele dizia tudo devagar e eu apenas assentia. - Agora pode, por favor, levantar a sua blusa? - eu arregalei os olhos e olhei para Justin no mesmo momento.
-É apenas um pouco, amor, para ele colocar o gel. - ele disse em forma de pedido e eu relutante concordei. Ele passou o gel geladinho fazendo meu corpo arrepiar e me senti com medo.
A verdade é que eu não sabia mais se meu bebê estava vivo. E eu estava com medo de descobrir. Até que eu ouvi. E era seu coraçãozinho batendo. Meu Jason estava vivo. Meu pequeno milagre.
-Está ouvindo, Julie? É o coração do Jason. - o médico disse e eu não segurei as lágrimas e levei as mãos ao rosto. Obrigada meu Deus, apenas obrigada.
-E ele está bem? - foi a primeira vez que falei com ele, o que lhe causou surpresa e alívio no rosto de Justin.
-Sim, ele estava milagrosamente bem e saudável pelo que posso ver, mas vou solicitar os exames por precaução. - concordei de imediato.
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Life hurts too.
FanfictionEla é boa, mas isso não parece ser o suficiente. Se condenando sempre por seu passado e tentando chegar a perfeição para conseguir a aprovação de sua mãe e começar uma nova vida, esta tímida e quebrada dançarina vive. Ele se tornou o que é hoje depo...