Estreitei os olhos e inclinei o corpo sob o volante. A chuva torrencial e a neblina impediam que eu visse um pouco mais de um metro a frente do carro, mesmo com os faróis ligados.- Merda. – Murmurei.
Daquele jeito eu nunca acharia a placa que indicava a entrada da reserva. Parei o carro no acostamento e peguei o celular na bolsa jogada no banco do passageiro. Abri o Waze e tentei colocar o endereço que tinham me passado, mas não adiantou: o local não era localizado e a rota passada pelo aplicativo era completamente sem sentido. Eu poderia ligar para Harry Clearwater, o senhor que tinha aceitado que eu fizesse a pesquisa em La Push, mas haviam sido meses de conversas e ligações até que os membros da tribo indígena me aceitassem e não seria bom dar essa primeira impressão de mulher perdida a primeira vez que eu ia pessoalmente lá.
Mordi o lábio inferior e suspirei fundo. Por mais que eu não gostasse, eu tinha que fazer aquilo. Fechei os olhos e deixei que a energia fluísse sobre o meu corpo, pensando aonde eu queria chegar. Espreitei por um olho para ver se tinha funcionado e lentamente um sorriso tomou conta do meu rosto. Eu podia ver uma fina luz azul no chão da estrada iluminado o caminho. Nada mal Catarina, pensei e liguei o carro novamente.
***
A casa de madeira era aconchegante e eu estava grata por estar em um lugar seco e quente. Quando me propus a fazer uma pesquisa sobre os indígenas do estado de Washington eu sabia que La Push ficava em uma das áreas mais chuvosas dos Estados Unidos. E, apesar de amar o sol e o calor, e que provavelmente a pesquisa me prenderia ali por alguns anos, aquela era uma oportunidade única. A tribo quileute era umas das únicas no País que ainda estava no mesmo local dos seus antepassados, conservava alguns de seus costumes e tinha algum registro, ainda que oral, de suas lendas. E o melhor de tudo: nenhum antropólogo havia feito uma pesquisa naquela área. Se eu, recém-formada, conseguisse registrar tudo aquilo e divulgar a cultura quileute na academia, ia ser incrível e a porta de entrada para o meu mestrado.
- Obrigado Harry. – Ouvi o senhor na cadeira de rodas agradecer ao ser posicionado perto do sofá. O outro assentiu antes de se virar para mim e começar a falar:
- Então, estamos todos aqui. Este é Quil Ateara – gesticulou para o senhor na poltrona a minha frente – e este é Billy Black. – Apontou para o outro enquanto se sentava ao meu lado no sofá – Eu sei que já combinamos tudo ao telefone, mas gostaríamos de ter uma última conversa antes de começar essa... hmmm... pesquisa.
- Claro, claro. – Coloquei uma mecha de cabelo atrás da orelha – Quaisquer dúvidas que vocês tiverem, podem perguntar. O meu objetivo aqui é registrar a história e costumes quileutes da forma mais respeitosa possível. – Sorri.
- Eu acho que o ponto principal disso tudo para nós é: por quê? – Perguntou Billy remexendo-se desconfortavelmente na cadeira. Ele, dos três anciões, com certeza foi o mais difícil de convencer.
- Senhor Black, parte do meu trabalho como antropóloga é registrar a cultura de outros povos. O massacre indígena executado pelos colonizadores destruiu grande parte da história dessa população. Eu acredito, realmente, que compilar todo conhecimento quileute em um trabalho escrito vai ser de muita ajuda pra conservação de tudo isso. – Repeti o que já tinha dito mais de uma vez ao telefone, usando de toda minha paciência.
- Tudo bem... – Ele concordou ainda relutante – Mas se não quisermos mais...
- Eu encerro a pesquisa. – Completei prontamente, o fazendo dar um sorriso forçado.
- Viu Billy? – Quil Antera disse – Não há o que se preocupar.
Billy Black revirou os olhos em resposta e antes que o clima ficasse ruim me prontifiquei a perguntar:
- Então, qual dos três posso começar entrevistando primeiro?
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Eternidade - Carlisle Cullen
FanfictionCatarina Woodville havia decidido que apesar dos seus poderes viveria uma vida normal. Infelizmente, o destino quis diferente e ela acabou se vendo afundada no mundo sobrenatural. Mas isso já não era problema, pois agora ela tinha ele: Carlisle.