Alice estava encostada na parede, à três portas do quarto de Bella, nos esperando. Diferente do usual, ela não correu até mim ou me envolveu em um de seus calorosos abraços. A vampira parecia de certa forma distraída, com o olhar perdido virado para o teto, segurando uma câmera de vídeo preta em uma das mãos. Franzi as sobrancelhas, preocupada.
- Alice teve algumas... Revelações, no meio de toda essa confusão. – Carlisle explicou com a voz baixa, o que não impediu a morena de ouvir.
Ela se virou para nós, abrindo um sorriso sem dentes. Meu coração afundou, essa não era Alice.
- Olá, mãe. – Disse quando nos aproximamos.
Me soltei de Carlisle e a abracei. Nós tínhamos quase a mesma altura e ela era uma das poucas pessoas que eu podia olhar de cima. A sensação de que eu podia envolver todo seu corpo com meus braços era reconfortante, constatei, especialmente em momentos como aquele, que eu queria poder protegê-la do que quer que fosse que estava a incomodando.
- Está tudo bem? – Perguntei assim que a soltei.
- O rastreador sabia algumas coisas sobre o meu passado. – Ela deu de ombros – Estou tentando encaixar as peças agora.
- Nós podemos de ajudar, filha. – Carlisle disse, pondo a mão em meu ombro.
A vampira assentiu antes de desviar o olhar e mudar de assunto. Decidi que a deixaria digerir aquilo sozinha primeiro e nos procurar quando tivesse confortável.
- A mãe de Bella acabou de sair para comer. – Falou – Edward está lá dentro.
Mordi o interior da bochecha e olhei para a porta apreensiva. Saber da extensão dos machucados de Bella era bem diferente de olhar para a garota deitada em uma cama de hospital.
- Ela só vai acordar daqui dois dias e meio. – Ela completou.
- Tem certeza de que é a melhor ideia me ter aqui? – Perguntei – Você não vai conseguir ver muita coisa comigo por perto. Se Edward quiser, posso...
- Ele quer te ver. – Assegurou – Tenho que entregar isso a ele. – Ela mexeu a mão com a câmera – James... O rastreador... Fez um vídeo. – Explicou.
- Isso é uma boa ideia Alice? – Carlisle pôs minha dúvida em palavras.
- Tentei ver todos os futuros possíveis, mas não consegui convencê-lo do contrário. - Car suspirou, infeliz – Mas acredito que ele vai querer sua companhia para isso. – Ela disse para mim.
- Tudo bem então. – Concordei, apesar de não gostar da ideia.
Ela me passou a câmera, que parecia pesar mais em minhas mãos do que deveria. Carlisle me deu um beijo antes de voltar para o trabalho no hospital – ele estava aproveitando o tempo ali para ajudar o máximo de pessoas possível.
- Vou ver como está a mãe de Bella. – A baixinha falou e eu entrei no quarto.
Edward estava sentado em uma poltrona do lado da maca da garota, a olhando fixamente quando eu abri a porta. Ele não se moveu, mas sabia que tinha ciência da minha presença ali, assim como tinha ouvido toda a conversa no corredor. Eu nunca o tinha visto mais infeliz, inclinado em direção a ela, tocando o único pedaço de pele em sua mão que não estava ocupado por agulhas. Vários tubos se ligavam ao corpo da menina, que tinha um grande hematoma do lado direito do rosto, e o monitor no fundo do quarto apitava lentamente acompanhando as batidas do seu coração.
Engoli em seco, reprimindo a onda de emoções que começava a ebulir dentro de mim: preocupação, tristeza, ansiedade. Eu tinha que ser forte por Edward agora, principalmente quando a única outra pessoa que ele não conseguia ler os pensamentos não estava ali. Andei até do seu lado devagar, o som dos meus passos ecoando pelo local, e me sentei no braço de sua poltrona.
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Eternidade - Carlisle Cullen
Hayran KurguCatarina Woodville havia decidido que apesar dos seus poderes viveria uma vida normal. Infelizmente, o destino quis diferente e ela acabou se vendo afundada no mundo sobrenatural. Mas isso já não era problema, pois agora ela tinha ele: Carlisle.