Capítulo 1

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Um ano depois

Olhei pela última vez as anotações feitas naquele dia antes de fechar o pequeno caderno e enfiá-lo na minha mochila. O sol frio de La Push, com que eu tinha relutantemente me acostumado, sumia no horizonte e a brisa gelada vinda do mar me fazia tremer, apesar das duas camadas de roupas de frio que eu usava. Levantei da rocha que estava sentada e bati as mãos na calça em uma tentativa vã de retirar a areia molhada que grudava em meus dedos, peguei minha mochila e fui em direção a floresta. Eu havia parado o caro na porta de Billy aquele dia e cortar por dentro da trilha do bosque ia ser mais rápido do que dar a volta até o caminho principal.

Enquanto caminhava lentamente entre as árvores, sorri pensando na possibilidade de ganhar um café quentinho antes de ir pra casa, em Forks. Eu podia tirar a noite de folga hoje também, me enrolar nos cobertores e assistir um filme. Meus pensamentos foram cortados pelo som de um choro baixo. Virei o corpo procurando identificar de onde vinha o som, mas não vi nada.

- Hey, tem alguém aí?

O som ficou levemente mais alto, se assemelhando a um lamento. Me desviei da trilha e me embrenhei na mata indo em direção ao barulho.

- Oi? Está tudo bem? - Estreitei os olhos tentando achar a origem daquilo.

Dei mais alguns passos vacilantes antes de bater o pé em alguma coisa. Não. Alguém. A pessoa deitada no chão soltou um gemido.

Não conseguia enxergar direito e, num impulso, fiz uma pequena luz na minha mão a fim de que pudesse ver. Enrolado no chão, nu e machucado, estava Sam Uley.

- Sam? O que aconteceu com você? Está tudo bem? – Me abaixei desesperada, sem saber o que fazer.

- Catarina... – Gemeu. – Me ajude...

- Calma, calma. – Apaguei a luz e usei as duas mãos para tocá-lo, querendo saber as extensões de seus machucados. No momento em que nossas peles se tocaram senti um arrepio: Sam emanava magia antiga.

Rapidamente tentei identificar algum ferimento mais grave, mas eram todos cortes superficiais. Alguém teria feito isso a ele? Algum outro Elemental? Como eu teria deixado passar despercebido outro da minha espécie nas redondezas?

- Sam, não acho que consiga te carregar. – Disse – Você consegue ficar de pé e se apoiar em mim?

- Acho que sim... – Respondeu com a voz fraca.

- No três então. – Coloquei um de seus braços nos meus ombros e segurei seu tronco com a maior firmeza que meu um metro e cinquenta e oito permitia – Um, dois, três!

Senti o peso de Sam em cima de mim e quase caí com ele. Deuses, ele estava maior do que a última vez que eu tinha o visto, dez dias atrás. Com dificuldade caminhamos até a trilha e lentamente nos arrastamos até a frente da casa de Billy.

- Billy! Billy! – Comecei a gritar assim que saímos da floresta.

- Hey Cat, já fiz o seu... – Billy saiu de casa falando, mas congelou quando nos viu caminhando em sua direção – O traga pra dentro! – Gritou.

Revirei os olhos. É lógico que eu estava tentando levá-lo pra dentro.

- Chame alguém pra ajudar! – Gritei de volta e Billy voltou para dentro de casa. Sem forças, eu e Sam escorregamos para o chão – Não acho... que consiga... te levar mais... – Falei, puxando o máximo de ar que eu conseguia para os meus pulmões.

Sam assentiu deitando-se na grama e fechando os olhos.

- Ei, Sam! Fique acordado! – Passei a mão em seu rosto. – Por favor, espere a ajuda chegar! – Ele resmungou em resposta de olhos fechados – Sam, abra os olhos! – Lentamente seus orbes verdes se voltaram pra mim – Bom. Por favor, fique acordado.

Eternidade - Carlisle CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora