Eu havia me esquecido o quão quente Antananarivo podia ser. Mesmo de noite, assim que pisei fora do avião, o calor úmido da cidade me abraçou, fazendo com que o suor brotasse em minha nuca. Agradeci pelo braço frio de Carlisle ao redor da minha cintura e me aconcheguei mais perto dele enquanto caminhava pelo aeroporto.
- Tenho a sensação de que você está me usando. – Ele murmurou em meu ouvido, o hálito doce soprando contra o meu rosto.
- Você está achando ruim? – Perguntei, mesmo que já soubesse sua resposta.
- Nem um pouco. – Riu e, aliviando ainda mais o calor que eu sentia, subiu a mão para a minha nuca.
A caminhada até a concessionária, onde Car comprou um novo carro muito parecido com o seu anterior, que havia ficado com Alice, foi rápida e mais cedo do que eu imaginava já estávamos a caminho da casa dos meus pais. Olhei a paisagem através do vidro da janela, as memórias daquele lugar invadindo minha mente. Eu havia aprendido o que era ser uma adolescente normal, pelo menos dentro do que se pode ser quando se é uma elemental, ali, depois da guerra. E durante muito tempo, todas as minhas lembranças daquele período estavam contaminadas com uma tristeza latente. No entanto, agora, eu via que não era assim: eu tinha sido feliz, só estava quebrada.
Senti quando Carlisle delicadamente colocou a mão sobre a minha, fazendo com que eu a abrisse e parasse de apertar as unhas contra a palma.
- Você está bem? – Perguntou.
- Só estou nervosa. – Mordi o lábio inferior – Acha que eu deveria tê-los avisado? Sei que disse que seria legal fazer surpresa, mas agora...
- Eles são seus pais. Vão adorar que esteja aqui. – Ele me tranquilizou.
Assenti soltando o ar que estava preso em meus pulmões.
Horas depois, quando paramos perto de Vatomandry, onde ficava a casa, eu podia sentir meu coração bater fortemente contra o peito. O cheiro de maresia que vinha da praia e se misturava com o de terra da floresta se assemelhava com o de La Push, eu percebi, mas o clima dos dois lugares não poderia ser mais oposto. Ainda era noite, e o luar banhava a grande casa de pedra que se erguia em meio às árvores nativas, as inscrições entalhadas em cima da porta a fazendo invisível para olhos não elementais.
- É aqui? – Carlisle questionou, os olhos dourados percorrendo o local sem ver.
- Sim. Quando eu tocar a porta, você conseguirá enxergar. – Garanti.
Aqueles cinco passos até o batente pareciam ser os mais longos da minha vida. Toquei a maçaneta, feita de ferro sagrado, e me virei para ver a reação de Car.
- É uma casa linda. – Ele disse, abrindo um sorriso.
Dei de ombros.
- Fico feliz que gostou.
Empurrei a pesada porta de madeira e antes que eu pudesse entrar no hall, Nikolas surgiu das sombras na minha frente. Seus olhos negros se prenderam nos meus, sua boca abrindo em choque. Ele piscou, como se quisesse ter certeza de que estava ali, dando um passo em minha direção.
- Eu senti sua presença..., mas achei... – Ele balançou a cabeça – Achei que tivesse me enganado.
Senti lágrimas involuntárias escorrerem por minhas bochechas.
- E quando você se engana, papai?
Ele riu me puxando para um abraço. Ah, como eu havia sentido falta daqueles braços ao meu redor... Menta, terra e incenso, era o cheiro de Niko e eu quis me estapear por ter esquecido disso.
- Will! Will, meu amor! – Ele gritou ainda me segurando – Venha aqui!
Instantes depois, ouvi os passos pesados de William se aproximarem.
- Niko, não precisa grit... Pequena?! – O ouvi dizer e meu pai me soltou para que eu pudesse vê-lo melhor.
Os olhos azuis de Will se encheram d'água antes dele vir até mim, o puxando para si.
- Minha pequena... Ah, que saudade...
- Pai... – Choraminguei, me apertando ainda mais contra ele.
- Não acredito que você está aqui! – Ele falou, passando a mão nos meus cabelos.
Assenti.
- Eu voltei, pai. – Relutante, me afastei dele e me virei para a porta que havia ficado aberta. Carlisle ainda estava do lado de fora, nos dando privacidade, mas tinha um sorriso no rosto – E eu trouxe alguém comigo.
***
Nota da autora:
Finalmente, depois de um bloqueio horrível, finalmente terminei Eternidade! O primeiro capítulo de Eternidade 2 sai ainda essa semana, então fiquem de olho no meu perfil!
Muito obrigada a quem acompanhou até aqui! Foi uma delícia escrever essa história!
E, pra quem tem curiosidade, é assim que eu imagino o Niko e o Will:
Nikolas
William
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Eternidade - Carlisle Cullen
FanfictionCatarina Woodville havia decidido que apesar dos seus poderes viveria uma vida normal. Infelizmente, o destino quis diferente e ela acabou se vendo afundada no mundo sobrenatural. Mas isso já não era problema, pois agora ela tinha ele: Carlisle.