Capítulo 42

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Deitei minha cabeça no encosto da cadeira do avião e fechei os olhos. Eu havia finalmente conseguido dormir depois da ligação de Alice, quando Rosalie e eu voltamos para casa. Apesar disso, eu ainda podia sentir a exaustão em cada centímetro dos meus ossos. Antes que eu pudesse perceber, a viagem para Phoenix já havia terminado, e o calor seco da cidade me atingiu assim que eu pisei no aeroporto.

Me dirigi até um dos banheiros, arrastando minha mala de mão comigo, e troquei minhas roupas quentes de Forks por um vestido florido leve, que eu usualmente usava em Los Angeles, mas que nos últimos anos tinha ficado guardado no fundo do meu guarda-roupa. Aproveitei para também trocar o coturno pesado por sandálias baixas e meus pés ficaram aliviados por se livrarem das meias. Antes de sair, me olhei no espelho e sorri, me lembrando de uma Catarina mais jovem, a universitária que adorava tomar sol em Santa Monica. Poderia inclusive dizer que tinha acabado de sair de uma festa daquelas – meu cabelo estava horrível, o corte feito as pressas completamente torto, e o cansaço era evidente em meu rosto.

Jasper me esperava no estacionamento, protegido pelos vidros escuros do carro. Deslizei para o seu lado e me virei para lhe dar um beijo na bochecha. No entanto, parei no meio do caminho ao ver seus olhos escuros, quase mergulhados no ônix, e as olheiras arroxeadas que surgiam.

- Seu cheiro é o que menos incomoda. – Ele disse dando de ombros, me autorizando a aproximar.

- Mesmo assim, não quero piorar as coisas para você. – Falei, voltando ao meu lugar.

- Está tudo bem, mãe. – Deu um beijo no topo dos meus cabelos, provando seu ponto, e eu revirei os olhos.

- Bem, conte-me o que aconteceu. Até agora ninguém me explicou direito. – Disse, assim que ele acelerou o carro para fora do estacionamento.

- Achei que Emmett não iria perder a oportunidade de se vangloriar.

- Ele não teve tempo. Tivemos apenas cinco minutos no aeroporto, que ele aproveitou com uma piada.

Jazz sorriu e eu olhei pela janela, vendo as casas baixas da cidade passarem como um borrão. Era tudo tão vermelho e terroso, um tipo de quente diferente que eu estava acostumada. Não havia a água abundante do sul da California, nem a brisa úmida que vinha do mar, e era estranho pensar que eu estava a menos de seis horas de carro de casa.

Casa, eu não pensava em LA dessa forma há anos. Naquela época eu estava completamente sozinha e tinha usado o tempo para entender quem eu realmente era. Muitas garrafas de tequila tinham feito parte desse processo, mais do que algum dia eu admitiria.

- O que foi? – Ouvi o vampiro perguntar e me voltei para ele novamente, confusa – Você estava rindo. Duvido que o que quer que seja que Emmett disse tenha sido tão engraçado assim.

- Ah, não é nada. – Dei de ombros – Estava pensando na época que morava em Los Angeles.

- Muitas festas da faculdade?

- Não se pode dizer que eu não aproveitei. – Ri.

Jasper abriu um sorriso largo para mim, que apesar de verdadeiro, não era comum a ele.

- Sabe o que é bom de ficar sozinho com você? – Perguntou – Minhas emoções são minhas, não um reflexo das dos outros. Posso influenciar emocionalmente as pessoas, mas, de certa forma, o contrário também acontece. Então raramente sei se o que estou sentindo é verdadeiramente meu. Não tenho esse problema perto de você.

- Fico feliz em saber isso. – Falei, apertando seu ombro de leve.

Ficamos quietos por alguns instantes antes dele voltar a falar:

Eternidade - Carlisle CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora