Por mais que eu implorasse a Rosalie que fosse conferir Charlie, ela não saiu do meu lado. Então tomei banho e escovei os dentes o mais rápido que pude, prendi o colar de volta no meu pescoço – porque depois que o choque tinha passado, percebi que ainda estava exausta –, tirei minhas facas elementais de baixo do assoalho, colocando-as na minha cintura, e peguei uma maçã antes de irmos em direção da casa dos Swan.
Pela primeira vez, deixei que Rose me carregasse no colo. Ela ainda parecia preocupa, me checando a cada cinco segundos, então achei que me tendo em seus braços ela poderia relaxar mais um pouco. Eu queria rir da inversão de papeis, teoricamente eu que deveria agir como a mãe ali, no entanto, depois do que eu havia passado, não achava totalmente ruim ela estar cuidando assim de mim.
- Vai me contar o que realmente aconteceu agora? – Ela perguntou depois de verificarmos que a outra vampira não estava por perto e termos nos sentado em um galho que nos dava visibilidade o suficiente para ver o xerife dentro da casa.
- Se você prometer não surtar. – Respondi, mordendo em seguida o último pedaço da maçã.
- Foi tão ruim assim? – Rosalie parecia tranquila, mas eu sabia o quão fácil ela podia explodir.
- É errado jogar isso aqui? – Questionei olhando para o que tinha sobrado da fruta, ignorando sua pergunta.
- É adubo. – Deu de ombros. – Não vou surtar, prometo. – A encarei cética. – Ok, não vou surtar agora.
Joguei o resto da maçã entre as árvores e passei as mãos na calça jeans.
- Vai usar isso de alguma forma contra Edward? Ou contra Bella?
O som da floresta e de Charlie andando dentro de casa era a única coisa que eu ouvi depois disso. Aproveitei para fechar os olhos e relaxar um pouco, me acalmando pela primeira vez desde o que eu agora chamava carinhosamente de "acidente com a ruiva".
- Não. – Rosalie murmurou finalmente.
Me virei para fitá-la.
- Não posso colocar minha raiva pela humana acima da sua confiança em mim. – A loira disse.
Assenti e mordi o interior da bochecha pensando em como contar aquilo. Eu poderia amenizar as piores partes, fazendo tudo parecer menos apavorante do que realmente foi. No entanto, me peguei contando a verdade, relatando os fatos da forma mais neutra possível, escondendo apenas como o medo tinha tomado conta de mim.
- Eu fui uma idiota. – Falei quando terminei.
Rose não havia se movido enquanto eu falava, parecendo uma estátua de mármore, mas seus olhos queimavam em fúria.
- É ridículo como ela acabou comigo tão rápido. – Revirei os olhos, sentindo as lágrimas se acumularem lá novamente – Eu deveria ter conseguido destruir todo o braço dela... Dois dedos foi apenas...
- Não. – A loira me interrompeu, franzindo o cenho para mim – Nós erramos, não você. Não deveríamos ter lhe deixado ir sozinha.
- Eu não deveria precisar de proteção contra uma única vampira, Rose. Eu sou uma elemental de 25 anos! A essa altura... Deuses, eu sabia me defender melhor quando tinha 13! Chega a ser patético... – Desviei o olhar, envergonhada com minha confissão.
Lentamente, Rosalie se aproximou de mim e entrelaçou nossas mãos.
- Você não treina há anos. Tinha desistido disso tudo até pouco tempo. Você não pode esperar que seu desempenho esteja como deveria. – Disse gentilmente – Se quer voltar a praticar, ótimo. Mas não é patético. O que aconteceu... Não tinha como saber que ela teria um sexto sentido bizarro e não te morderia. E não importa se foi um braço ou dois dedos, ela fugiu.
- Mesmo assim, eu estraguei tudo. – Ergui meu olhar para ela – Vocês confiaram em mim e eu só confirmei quão fraca eu sou.
- Você está errada de novo. Nós não achamos que você é fraca, muito pelo contrário. Deixamos você ir sozinha porque sabemos quão forte você é. – Ela balançou a cabeça condescendente - Cat, não me deixariam ir sozinha, nem mesmo Emmet! Porque você acha que foram atrás do rastreador em grupo, ou porque Alice e Jasper não se separaram? – Revirou os olhos dourados – Não é fácil lidar com um vampiro experiente, mesmo quando se é um. Se concordamos com esse plano, especialmente Carlisle, é porque sabíamos que não seria um problema para você. E não teria sido, se a ruiva não tivesse esse dom. – Deu um meio sorriso triste – De qualquer forma, deveríamos ter ficado juntas. Não é porque você pode, que tinha que ir sozinha.
- Eu quebrei a confiança de Carlise, de qualquer forma. – Dei de ombros, resignada.
- Se tivesse, ele estaria aqui agora. Conferindo você. Ele sabe a mulher que tem, mãe. – Ela riu, jogando os cabelos loiros para trás do ombro – Ele pode ser o líder dessa família, e fazer tudo para nos ajudar, mas se achasse que você não está bem e que não poderia cuidar de si mesma, teria deixado Edward e Emmet se virarem sozinhos e estaria aqui no instante seguinte. Você é o mundo dele. E nem venha me dizer que eu estou de guarda aqui, porque se tivermos que lutar com ela, acho que todo mundo sabe quem teria que tomar a dianteira. Especialmente agora que você tem essas duas aí. – Apontou para as facas na minha cintura.
Me permiti sorrir um pouco. Quando Rosalie colocava as coisas daquela forma, eu não me sentia como um estorvo. Sim, eu ainda estava muito aquém daquilo que deveria ser, e agora, que havia tomado a decisão de abraçar minha parte sobrenatural, deveria correr atrás do tempo perdido. Pensei em meus pais e em futuro reencontro que muito provavelmente teríamos. Suspirei, de certa forma aliviada por estar tomando aquela decisão, mesmo que internamente. Me aproximei mais de Rose, que passou o braço frio ao redor de mim e encostei a cabeça em seu ombro.
- Obrigada, filha. – Disse.
***
- Acho que é seguro o bastante para irmos em casa. – Rosalie disse após conferir o perímetro que havíamos traçado.
Já estávamos ali há horas e eu estava com fome. Tinha ignorado o desejo de comer inicialmente, mas quando meu estômago roncou alto, não teve como esconder mais aquilo.
- Ok, um lanche rápido e voltamos. Acho que também seria bom ir ao banheiro. – A vampira assentiu, fingindo que entendia minhas necessidades e eu soltei uma risada – Vou ligar para Alice por precaução.
Rose me passou o celular prateado, porém, antes que eu pudesse discar, o nome de Alice brilhou na tela. Então é assim que as pessoas normalmente se sentem ao redor dela, pensei.
- Olá, Alice.
- Catarina, o rastreador está morto. – Ela respondeu e no instante seguinte, Rosalie tinha tomado o telefone da minha mão.
- Emmett? – A loira perguntou.
O alívio em seu rosto em seguida revelava que ele estava bem. Ela me devolveu o aparelho e assim que o encostei na orelha a vampira do outro lado já estava falando novamente.
- Tirando Bella, estão todos bem.
- O que aconteceu com ela?
- O rastreador a atraiu para uma armadilha. Estamos levando-a para o hospital, mas ela vai sobreviver. – Garantiu – Chamei um guincho para rebocar a caminhonete na Dakota do Norte e trazê-la para cá. Vamos fingir que foi um acidente de carro. Emmett está voltando essa noite de avião, mas não consigo ver se a ruiva voltar para Forks com você aí.
- Vou para Phoenix assim que Emm chegar. – Falei, feliz por ter uma perspectiva de quando poderia ver Carlisle.
- Ótimo, irei mandar a passagem para o seu e-mail. Já consigo vislumbrar o futuro de Charlie agora, ele vai ficar bem.
Sorri aliviada. Aquele pesadelo finalmente estava acabando.
- Muito obrigada, Alice.
- De nada. Te vejo em treze horas. Beijos. – A morena disse antes de desligar.
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Eternidade - Carlisle Cullen
FanfictionCatarina Woodville havia decidido que apesar dos seus poderes viveria uma vida normal. Infelizmente, o destino quis diferente e ela acabou se vendo afundada no mundo sobrenatural. Mas isso já não era problema, pois agora ela tinha ele: Carlisle.