Capítulo 13

12.4K 1.4K 228
                                    


- Isso está delicioso. – Disse ao terminar de engolir um pedaço da kafta em meu prato.

Carlisle riu antes de responder:

- Você fala com tanto prazer, que eu acho que é a primeira vez que eu gostaria de poder sentir o gosto da comida humana.

- Queria poder fazer alguma coisa quanto a isso. – Beberiquei um pouco do vinho – Realmente valeria a pena.

- Está tudo bem. – Ele estendeu a mão por cima da mesa e eu encaixei a minha na dele – Ver você se apreciar é o suficiente para mim.

O restaurante, localizado na área mais central de Port Angeles, fervia naquela sexta-feira a noite. Sentados em uma mesa mais ao fundo, nossa conversa se misturava com as vozes alheias, deixando-nos confortáveis para falar sobre qualquer coisa. Não que Carlisle não tivesse chamado a atenção quando chegamos, fazendo algumas pessoas virarem o pescoço para poderem vê-lo melhor. Você não pode julgá-los, pensei, faria a mesma coisa no lugar deles. Oh, sim, eu faria. Mesmo ali, sentada tão perto dele, ainda tinha dificuldades para desviar meu olhar.

- Você se lembra? – Perguntei – Do gosto da comida?

- Não exatamente. – Ele encarou o meu prato – Esse definitivamente não era o tipo de prato que eu costumava comer em Londres na minha juventude.

- Então restaurantes árabes não eram moda na época? – Ri, levando a taça aos lábios outra vez.

- Definitivamente não. – Sorriu – Minha família tinha uma boa condição naquele tempo, meu era pastor. Não lembro de passar fome, mas certamente não nos banqueteávamos como as pessoas fazem hoje em dia.

- Seu pai era pastor? – Não consegui disfarçar a surpresa.

- Sim. Irônico não? Foi o que levou a minha transformação, de certa forma. – Ergui uma sobrancelha em questionamento, incentivando-o a continuar – Ele me levou para caçar vampiros. Infelizmente, ou felizmente, dependendo do ponto de vista, daquela vez não eram pessoas inocentes. Eram, de fato, o que meu pai desconfiava. Acabei sendo mordido. Não sei se de propósito...

- Como uma vingança ao seu pai. – Concluí.

- Por muito tempo imaginei que sim.

- É a razão pela qual se recusou a beber sangue humano? – O sorriso que ele deu não era mais tão feliz quanto antes – Me desculpe, eu não quis ser...

- Não, de forma alguma. – Ele apertou minha mão entrelaçada na dele – Eu sabia que essas perguntas chegariam. Eu mesmo enchi você com as minhas, nada mais justo que eu a responda agora.

- Você não precisa...

- Eu quero. – Era como se estivéssemos de volta a floresta novamente, com os papeis invertidos. E, inesperadamente, parte de mim ficou feliz. Eu gostava que Carlisle sentisse a mesma necessidade de dividir as coisas comigo, como eu sentia de fazê-lo com ele. – Essa foi a razão pela qual me tornei.... vegetariano, como gostamos de nos intitular. – Continuou – Apesar das maneiras tortas de meu pai, ele me ensinou a ter fé e ser resiliente. E eu jamais conseguiria machucar alguém.

- Então tudo que me contou no hospital aquele dia... Todos os séculos que se dedicou a isso... Foram fé e resiliência?

- Sim. Tenho fé que nós vampiros possarmos ser mais do que criaturas com um apetite insaciável por sangue. – Falou enquanto seu polegar desenhava círculos na minha mão – E para que possamos ser mais do que isso, inquestionavelmente precisamos de ter resiliência. – Sorriu.

Eternidade - Carlisle CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora