Capítulo 20

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- Pertencia ao meu pai. – Disse Carlisle a respeito da enorme cruz de madeira pendurada no alto da parede.

Ele me mostrava a casa após o jantar de Ação de Graças que, a propósito, estava delicioso.

- Uma vez você me disse que o que acredita é maior do que a religião. Você acredita em Deus? – Perguntei com os olhos ainda fixos na cruz.

- Sim. Não da mesma forma que meu pai acreditava, mas sim. Contraditório para um vampiro, não? – Riu sem graça.

- De forma alguma. – Estendi a mão, passando os dedos pela madeira.

- Você acredita?

- Não. – Voltei meus olhos para ele – Isso é um problema?

- Não mais do que eu ser um vampiro é um problema para você.

Sorri com sua resposta, voltando a olhar a escultura.

- Nem todos os elementais são céticos, mas... – Suspirei – Como já lhe falei, costumamos colocar nossa fé na magia. Até isso me pareceu errado por um tempo. Depois de tudo... No entanto, acho que voltei a ter fé outra vez.

- Posso saber o porquê?

- Eu não quero mais repudiar essa parte minha. Honestamente, uma parcela disso é sua culpa. – Cheguei perto dele, colocando as mãos em seu pescoço.

- Minha? – Questionou surpreso, suas mãos segurando minha cintura.

- Sua. – Deixei que meus dedos embolassem os cabelos de sua nuca – O vampiro altruísta que coloca seus desejos de lado para cuidar do próximo. Você é tão bom... Eu não podia me dar ao luxo de continuar me martirizando depois de que te conheci.

- Você me põe em um pedestal que eu não mereço estar. – Os olhos de Carlisle estavam presos nos meus.

- Não. Você tem defeitos. – Falei rindo – Mas sua abnegação não é um deles. Não importa o que você diga, é a pessoa mais bondosa que eu já conheci.

- Apesar dos meus muitos defeitos? – O seu sorriso tinha um tom de brincadeira e timidez.

- Não são muitos. – Fitei seus lábios, tão perto dos meus – Não jogar limpo no Sudoku é um deles.

- Sou um vampiro. Não tem como jogar limpo no Sudoku. – Tentou se defender – E quais os outros?

- O outro. Singular. – Molhei os lábios – É demorar tanto para me beijar.

Seus lábios encostaram nos meus e seu gosto invadiu a minha boca. Eu o beijava tentando saciar minha sede dele, mas essa parecia que nunca teria fim. Olhando para trás, eu ainda não sei dizer se foi a maneira com que seus filhos se mostraram tão abertos para mim, ou a forma com que ele agia com eles, em família, ou se aquele sentimento simplesmente esteve crescendo dentro de mim durante todos aqueles meses, mas quando o beijei daquela vez, perto da cruz que havia pertencido ao seu pai, eu soube que o amava. Não era apenas o desejo e a paixão ardente que eu sentia, era muito mais.

Relutante, me quebrei o beijo em busca de ar.

- Acho que deveríamos prosseguir com o tour. – Disse.

- Como você desejar.

Nos afastamos o suficiente para que entrelaçássemos nossas mãos e ele me guiou pelo corredor.

- Ali é o quarto de Edward. – Apontou para a última porta do corredor – O do lado é de Alice e Jasper. E esse – Disse antes de abrir uma das portas de madeira – é meu gabinete.

Eternidade - Carlisle CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora