Capítulo 7

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Abri a porta lentamente e coloquei minha cabeça para dentro da casa.

- Ei Sam, você está aí?

- Aqui! – O ouvir dizer da cozinha.

Entrei e segui para o cômodo. Ele e Paul comiam sanduíches frios como dois trogloditas sentados no balcão.

- Eca, vocês não têm educação não?

Paul engoliu o pedaço que estava na boca, limpou os lábios com as costas da mão e sorriu para mim antes de falar:

- Claro que sim!

- Conhece uma coisa chamada guardanapo? É uma coisa quadrada de papel sabe? As pessoas educadas usam para limpar a boca. – Disse cruzando os braços.

- Vai nos dar aula de etiqueta agora? - Sam revirou os olhos para mim.

- Bem que eu queria. Vocês estão precisando. Não é porque são lobos que podem comer como animais. – Apontei para a sujeira de molhos na mesa e pratos sujos dentro da pia – É só usar um pano e colocar as coisas no lava-louças, sabe?

- Ok, ok. Vamos cuidar disso. – Uley concordou resignado e Paul arregalou os olhos para ele – Ah, qual é cara? Ela tá certa, não podemos ficar nessa bagunça.

- Argh, tá bom... – O lobo mais novo resmungou terminando de comer.

- Obrigada. – Passei a mão no cabelo nervosamente antes de continuar – Sam, preciso falar com você.

- Diga. – Ele respondeu se levantando.

- Hmmmm... – Olhei para Paul de soslaio – Sozinho.

- Beleza, já entendi. – O Lahote falou – Estou indo pra casa.

- Mas vai voltar pra me ajudar com isso aqui. – Sam disse apontando para a pia.

Paul revirou os olhos antes de assentir com a cabeça e sair.

- E aí? – Uley perguntou.

- Então... – Enrolei uma mecha de cabelo entre os dedos – Acho que a melhor coisa é eu ser direta. – Suspirei – Estão falando de nós na reserva.

- Falando como? – Sam franziu as sobrancelhas.

- As pessoas acham que você terminou com Leah por minha causa. – Cruzei os braços – Sam, isso pode acabar com todo meu trabalho.

- Eu sei, eu sei... – Ele passou a mão no rosto nervoso – Vou conversar com todo mundo... Explicar que não é isso...

- Sam, não vai ser o suficiente. – Mordi o lábio inferior antes de continuar – Olha, eu odeio te pedir isso, mas... – Descruzei os braços e pus minha mão na dele – Sam, eu acho melhor você assumir com a Emily de uma vez.

Os olhos dele foram para o chão e se passaram alguns segundos antes de eu ter uma resposta:

- Isso vai destruir Leah. – Sussurrou.

- Eu me sinto horrível em dizer isso, mas ela vai saber mais cedo ou mais tarde. – Apertei sua mão – E quanto mais tempo ela ficar com Emily na casa dela... Pior vai ser quando ela descobrir a verdade... Eu acho que... Que você deveria chamar Emily para morar aqui. – Ele me olhou em choque – Não, me escuta. Eu sei que vocês estão começando a ter uma coisa agora, mas não tem chance de ela continuar na casa de Leah depois que vocês assumirem. E vocês também não podem continuar enganando-a assim. Chame ela para morar aqui, no quarto de visitas. Vai ser bom também porque... – Apertei os lábios – Não acho que vá ser fácil para Emily também no início.

Sam me encarou com aqueles olhos perdidos, como da primeira vez em que eu o encontrei em sua forma de lobo na floresta, e eu o abracei.

- Eu só... – Ele começou com a voz um pouco embriagada – Me dê uns dias, sim?

- Claro, Sam. – Sorri – Pense com calma... Converse com ela. E qualquer coisa eu estou aqui.

Ele assentiu e me abraçou novamente.

***

- Muito obrigado pela carona Cat. – Jacob agradeceu.

- Que isso. – Estreitei os olhos para ele – Você sabe, é só uma tática pra fazer seu pai gostar de mim outra vez – Ele riu.

- Aham, sei. Você me ama.

Dei a língua para ele antes de voltar a me focar na estrada. Eu o estava levando para procurar algumas peças para o caro que ele estava montando, do zero. Realmente, como Paul havia dito, o menino tinha talento. E eu também estava gostando cada vez mais de passar um tempo com o Black mais novo, longe de todo aquele drama lobo. No dia anterior Emily havia se mudado para casa de Sam e o clima não estava muito bom em La Push em um geral.

Estacionei na frente do ferro velho de Forks e desci do carro, Jake já estava quicando do lado de fora de empolgação.

- Vamos lá, garoto. – Eu disse – Procurar o seu não sei o que.

Ele sorriu para mim apesar de minha provocação e quase correu para dentro.

Já estávamos a mais de uma hora remexendo o lugar quando ouvi Jacob gritar. Corri em sua direção e ele levantou a mão ensanguentada para mim.

- Puta merda! – Exclamei.

- Me cortei com esse pedaço de metal. – Ele disse o óbvio.

- Estou vendo! – Eu quase gritei. Deus, eu odiava ver gente machucada – Entra no carro que eu vou te levar no hospital agora!

- Acho que não... – começou.

- Nem vem, Jacob! Tem um rombo na sua mão! Vamos embora agora! – Mandei.

Ele me olhou emburrado antes de marchar para o carro. Me virei para o dono do ferro velho que me encarava meio assustado.

-Separe o que ele quis que depois eu venho aqui pegar. – Falei e corri para o carro.

Eu dirigia em alta velocidade pelas ruas de Forks em direção ao único hospital quando Jake falou a primeira vez:

- É, acho que foi uma boa ideia ir embora...

Olhei para ele e seu rosto estava meio verde.

- Não vá desmaiar nem vomitar no meu carro, por favor.

- Claro que não. – Disse e fechou os olhos.

Estacionei meio de qualquer jeito em frente ao hospital e fomos em direção a recepção. Ao ver a mão ensanguentada, a mulher atrás do balcão logo nos encaminhou para uma sala de espera cheia de macas separadas por cortinas e uma enfermeira veio limpar o corte. Ela já estava terminando quando a porta se abriu e ele entrou.

- Olá. O que temos aqui? – Falou e seu olhar subiu da prancheta para Jacob e depois para mim ao seu lado, e eu me vi presa naqueles olhos dourados.

- Eu me cortei no ferro velho. – Jake respondeu.

- Sr. Black, certo? – O menino assentiu timidamente – Eu sou o Dr. Cullen. – Pude ver os olhos do mais novo se arregalarem com a informação. Apesar de não acreditar, apostava que ele já havia ouvido as lendas da tribo - Deixe-me ver o machucado, por favor. – Carlisle pediu e eu fiquei tensa. Demorei um segundo para entender que ele era o médico que daria os pontos em Jake e a perplexidade tomou conta de mim: um vampiro, médico? Antes que eu pudesse dizer qualquer coisa, a enfermeira colocou a mão cortada, agora limpa, na dele. – É um corte bem fundo que temos aqui, mas não acho que vamos precisar de muitos pontos. – Falou e sorriu calorosamente.

Eu ainda estava com dificuldades de entender a cena que se desenrolava na minha frente. Calmamente, Carlisle pegou a agulha e a linha e começou suturar o corte. Em nenhum momento ele pareceu se sentir incomodado com o sangue e manteve o olhar fixo no que estava fazendo. Como? Eu não fazia a menor ideia. Nunca sequer imaginei que tal coisa fosse possível. Mas de uma coisa eu tinha certeza: se antes Billy só estava com raiva de mim, agora ele ia me matar.

Eternidade - Carlisle CullenOnde histórias criam vida. Descubra agora