Eternidade - Carlisle Cullen

Capítulo 2

Explicar o que era um Elemental para Harry e Billy foi mais fácil do que eu achei que seria. Acho que quando já se está acostumado com o sobrenatural as coisas do tipo vem mais fácil. Obviamente tive que responder aquelas perguntas básicas, que todos fazem no começo. Que eu mesma havia feito para minha mãe quando descobri meus poderes. "O que isso significa?" "É uma espécie de bruxa?" "Posso voar?". Essa última foi uma dúvida exclusiva minha, aos sete anos de idade.

Ao contrário do que eu imaginava, Billy ficou empolgado com a nova descoberta. Em quanto Harry ainda estava com um pé atrás e me analisava com certa desconfiança, o Black já queria chamar o velho Quil e marcar uma reunião com o conselho. Demorou apenas alguns dias até todos acordarem que eu não era uma ameaça, afinal já estava entre eles há um ano, e que permitissem que eu ajudasse Sam com as transformações.

Samuel Uley e eu não tínhamos muito contato antes disso. Ele era um cara legal e já tínhamos conversado algumas vezes, mas nada que me permitisse o conhecer de verdade. Eu sabia que ele tinha uma noiva, Leah, filha de Harry, que estava ficando maluca com o comportamento esquisito dele, mas nada mais do que isso.

A primeira vez que ajudei Sam ele estava prestes a explodir de novo. A casa dele, como a maioria das casas da reserva era feita de madeira. Era bonita, mais arejada e maior do que as demais, então provavelmente ele tinha uma condição melhor do que os outros membros da tribo. O conselho já havia conversado com ele, explicado sobre sua transformação e avisado que eu viria ajudar. Bati na porta e o chamei.

- Sam? Sou eu, Catarina.

- Entre. – O ouvi dizer com a voz trêmula.

Empurrei a porta e o vi sentado em uma poltrona, tremendo, do outro lado da sala.

- Hey, como você está? – perguntei.

Ele desviou o olhar e encarou o chão com a cara fechada antes de responder:

- Péssimo.

- Tá tudo bem. Eu posso te ajudar agora.

- Foi o que disseram. – Disse relutante.

Cheguei mais perto e lentamente pus a mão em seu braço, sentindo a magia novamente. Sam suspirou e parou de tremer.

- O que foi isso? – Perguntou voltando seu olhar para mim.

- É magia. – Sorri – A magia que corre em suas veias, que permite que você se transforme, é antiga. Da mesma forma que eu posso sentir a sua, você pode sentir a minha.

- Me... acalma... – disse.

- Eu sei. – Respondi – Mas aí já sou eu lhe transferindo essa paz. É como se nos conectássemos, e eu passasse a calma pra você, entende?

- Sim... Eu posso transferir pra você também? – Ele perguntou fitando minha mão no seu braço.

- Não. A magia quileute é voltada exclusivamente para sua transformação em lobo e tudo relacionado a isso. – Ele suspirou e voltou a encarar o chão – Sinto muito.

- Por eu ter me transformado ou por poder fazer só isso? – Perguntou amargo.

- Pelos dois. – Sentei-me no braço da poltrona passando a mão para o seu ombro. Eu podia sentir sua chateação e desconfiava que minha transmissão era a única coisa o impedindo de tremer no momento – Quando nascemos com magia, quando não é uma escolha nossa, pode ser muito difícil. Acredite, eu sei.

- Você sabe da sua há muito tempo? E quem, por deus, escolheria isso para si? – Indagou.

- Eu sei desde os sete anos. – Ele me olhou surpreso – É diferente para nós elementais. A magia vem cedo, mas é aos poucos. E não costuma pular gerações.