Estou quase desistindo e voltando pra casa quando finalmente entramos na boate. Eu havia passado cinco anos fora do Brasil, e a primeira coisa que os idiotas dos meus melhores amigos fazem quando retorno é me arrastar até uma boate, em plena quarta feira. Não que eu esteja reclamando. Qualquer lugar que não seja a casa do Talles, é um bom lugar pra se estar.O interior da boate é imenso, e sua fraca iluminação, composta por luzes roxas e vermelhas, dar ao espaço um ar de sensualidade. Observo as garotas dançando em um canto ㅡ vestidas de anjos e diabinhas sobre pequenas plataformas com poli dances ㅡ, ao som da música lenta e com batidas fortes.
De fato, esse é um bom lugar pra se estar.ㅡ Mas o que você pretende fazer em relação a isso? ㅡ Max questiona, ganhando minha atenção.
ㅡ Ainda não sei ㅡ resmungo. ㅡ Preciso arrumar um lugar pra ficar, antes que um de nós dois acabe matando o outro.
ㅡ Achei que depois de anos fora, seu pai largaria sua bunda quando você voltasse para casa ㅡ Jean retruca, me fazendo revirar os olhos.
ㅡ Ele só vai parar de encher meu saco no dia em que ele morrer ou me matar ㅡ resmungo, sorrindo falsamente. ㅡ Independente de qual dos dois venha a acontecer primeiro, espero que não demore tanto.
Sim, eu odeio meu pai ao ponto de desejar a sua morte. E ele me odeia ao ponto de causar a minha. O cara é um babaca e vive enchendo o meu saco. Toda a merda que eu carrego nas costas atualmente são consequências de atitudes dele. Talles nunca foi realmente um pai pra mim. Ele nunca soube ser um. Talles Ferraz é apenas um doador de sêmen, apenas o cara que me colocou nesse mundo de merda. E foi graças a ele, e ao seu punho pesado, que eu tive uma infância e adolescência de merda.
Eu havia voltado ao Brasil a pedido da minha mãe. Mas, ao contrário do que ela quer que eu faça, eu não ficarei embaixo do mesmo teto que o homem que fudeu com a minha mente. Eu preciso encontrar um lugar pra ficar. O quanto antes fizesse isso, melhor.
Mas agora eu só quero encher a cara e arrumar uma boa foda.ㅡ Preciso de uma bebida ㅡ anuncio, seguindo até o bar com os idiotas em meu encalço.
Sento em um dos bancos altos, com Max no meu lado direito e Jean no esquerdo. Ergo a cabeça e me dirijo ao barman atrás do balcão, distraído enquanto olha algo no computador.
ㅡ Me vê uma dose de vodka, florzinha ㅡ peço, focando meus olhos no topo da cabeça dele.
Ele não responde ou mesmo se mexe um único centímetro. Ergo a sobrancelha, começando a ficar irritado com o cara. Quando abro a boca pra reclamar, Jean pronuncia:
ㅡ Eae, Dominick? Me vê duas cervejas e uma dose de vodka, por favor.
Dessa vez o cara ergue a cabeça, dando um pequeno sorriso na direção do meu amigo, e assente brevemente antes de ir até o freezer e apanhar duas cervejas, às entregando a Jean e Max. Em seguida, pega a garrafa de vodka e um copo, o enchendo até a metade e colocando no balcão a minha frente.
Seus olhos encontram os meus e ele arqueia a sobrancelha, notando que eu o fuzilo com o olhar.
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Sentimento Improvável
RomanceDominick é um cara tranquilo e que está sempre disposto a ajudar alguém. Mas não se engane, apesar do bom coração, Dom não costuma levar desaforo pra casa. Tem sempre uma resposta na ponta da língua quando alguém tenta pisar nele. Dom trabalha como...