Saio do banheiro e dou de cara com Dominick encostado no batente da porta, de roupa trocada. Seus cabelos castanhos estão molhados e bagunçados. Seus olhos me encaram e ele umedece os lábios em um gesto involuntário. Ainda posso sentir o toque doce deles.
ㅡ Está com medo de entrar no quarto, Dom? ㅡ provoco, terminando de secar os cabelos com a toalha. ㅡ Não vou fazer nada que você não queira.
ㅡ Não confio em mim o suficiente pra não querer alguma coisa de você ㅡ resmunga, entrando no quarto.
Dominick fecha a porta e se encosta nela, levando as mãos aos bolsos da calça moletom. Descarto a toalha na poltrona e vou até a cama, me sentando na beirada e cruzando os dedos na frente do corpo.
ㅡ Isso aqui tá parecendo aqueles clichês onde os personagens tem que dividir uma cama ㅡ brinco, o fazendo ri fraco.
ㅡ Na verdade, não vamos dividir uma cama. Vou dormir no quarto de hóspedes ㅡ explica.
A onda de decepção que me atinge me pega de surpresa.
ㅡ Não quero que vá ㅡ murmuro, antes que possa me parar. A luz fraca do quarto reflete em seus olhos, os fazendo brilhar. Vejo seu pomo de Adão mover-se na medida em que ele engole em seco, e quando ele está prestes a retrucar, completo: ㅡ Não quero ficar sozinho com os meus pensamentos.
Eu tenho noção do quão pateticamente desesperado eu estou soando. Mas realmente não quero ficar sozinho e pensar em tudo o que aconteceu no dia de hoje. Quando dirigi até a boate o plano era beber até ficar bêbado o suficiente para me fazer apagar. Mas então eu encontrei Dom e ele tem me distraído até então, por isso não quero que ele vá para o quarto de hóspedes, porque não quero ficar sozinho. Não hoje à noite, pelo menos.
ㅡ Greg ㅡ ele começa, se empurrando para fora da porta e vindo até mim. Quando estar perto o suficiente ele se ajoelha em minha frente, entre minhas pernas, e segura meu queixo com a ponta dos dedos. ㅡ Você precisa colocar o que está te atormentando pra fora, antes que isso te sufoque. ㅡ Quando tento desviar o olhar ele segura meu queixo firme o suficiente para me deter. ㅡ Não precisa ser comigo, se não quiser, mas você precisa desabafar com alguém. Vai deixar as coisas mais leves pra você.
ㅡ Meu pai finalmente admitiu que me odeia ㅡ confesso, sem hesitar. A facilidade com a qual as palavras deixam minha boca me pega de surpresa. ㅡ E mesmo já sabendo disso, ouvir as palavras vindo dele fudeu com minha mente.
Dominick parece surpreso. Se é com a minha recém confiança em confessar isso pra ele ou pela confissão em si, eu não sei dizer. Ele solta meu queixo, sentando no chão com o cenho franzido.
ㅡ Qual a probabilidade de ele ter falado isso em um momento de raiva? ㅡ questiona, com cautela. ㅡ As pessoas falam coisas que não querem quando estão com raiva e...
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Sentimento Improvável
RomanceDominick é um cara tranquilo e que está sempre disposto a ajudar alguém. Mas não se engane, apesar do bom coração, Dom não costuma levar desaforo pra casa. Tem sempre uma resposta na ponta da língua quando alguém tenta pisar nele. Dom trabalha como...