ㅡ Greg, desce aqui rapidinho! ㅡ grita minha avó, do andar inferior.
Atravesso o corredor em dois tempos, descendo as escadas e seguindo para a cozinha.
ㅡ Senhora? ㅡ pergunto ao entrar no cômodo.
ㅡ Pode me ajudar a terminar o almoço, querido? ㅡ pede. ㅡ Sua tia está quase chegando e sua mãe saiu com o Pedro, não posso fazer tudo sozinha.
ㅡ Claro, vó. ㅡ Lhe ofereço um pequeno sorriso. ㅡ O que quer que eu faça?
ㅡ Corta esses tomates e cebolas pro estrogonofe ㅡ aponta para a tábua de madeira sobre a mesa.
Faço o que ela pede. Eu não sou exatamente um especialista na cozinha, mas sei fazer o básico para sobreviver.
ㅡ Onde minha mãe foi com o vô? ㅡ questiono, um tempo depois.
ㅡ Ele levou ela pra dar uma volta no condomínio, conversar um pouco ㅡ responde, distraída com as panelas no fogão.
ㅡ Vó? ㅡ chamo, ganhando sua atenção. ㅡ A senhora acha que ela vai ficar bem?
Ela me observa por longos segundos, como se analisasse minha pergunta.
ㅡ Depois de você, sua mãe é a pessoa mais forte que eu já conheci, Greg ㅡ responde, calmamente. ㅡ Não há nada no mundo, que ela não seja capaz de superar. O Talles... Ele destruiu sua mãe a partir do momento em que ele encostou a mão em você pela primeira vez, e ela se culpa por não ter o protegido, por não ter percebido o quão mal você esteve esse tempo todo ㅡ sorri, fraco. ㅡ Ela vai ter que aprender a lidar com isso, amor. E, infelizmente, vai levar um tempo até ela conseguir.
ㅡ Não gosto de vê-la mal por minha causa, vó ㅡ resmungo, fitando a mesa à minha frente.
ㅡ Não é sua culpa, querido ㅡ me repreende.
Assinto, meio relutante. No fundo, ela sabe que faço isso apenas para agradá-la, mas não fala nada a respeito.
ㅡ Família, cheguei!! ㅡ Anne grita da sala, me fazendo sorri involuntariamente.
ㅡ Na cozinha, querida! ㅡ Minha vó grita de volta.
Anne surge na porta segundos depois. Assim que me vê seu sorriso aumenta e ela segue na minha direção.
ㅡ Ai meu Deus! Senti tanto a tua falta, moleque! ㅡ exclama, me abraçando apertado.
Meu sorriso se esvai completamente quando sinto o pânico querendo me invadir. Sinto minha frequência cardíaca aumentar e me odeio por isso. Meu corpo reage por si só e a afasto de mim, involuntariamente, fechando os olhos com força.
O cômodo fica em silêncio e posso sentir o clima pesado ao meu redor. Quando volto a abrir os olhos as duas estão me encarando, preocupadas. Minha respiração está densa e posso sentir minha pele queimar. A ânsia de vômito me invade e eu luto contra ela. A sensação de ser tocado é aterrorizante. Odeio tudo isso. Graças ao Talles, minha própria família não pode me tocar sem que eu tenha um surto idiota.
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Sentimento Improvável
RomanceDominick é um cara tranquilo e que está sempre disposto a ajudar alguém. Mas não se engane, apesar do bom coração, Dom não costuma levar desaforo pra casa. Tem sempre uma resposta na ponta da língua quando alguém tenta pisar nele. Dom trabalha como...