Tento me mover na cama, mas sou impedido ao sentir um leve peso sobre minhas pernas. Abro os olhos e me deparo com o rosto de Gregory, seus cabelos escuros caídos sobre os olhos. Tenho o impulso de tocá-lo para afastar os fios, mas me detenho com o pensamento de que não é uma boa ideia o tocar enquanto ele dorme, pois não sei qual seria sua reação. Ele parece tão sereno.
O observo um pouco mais, e então flashs da noite anterior invadem minha mente e eu desço os olhos para a sua camisa, como se pudesse enxergar as marcas sob a mesma. Sinto o aperto de antes invadir meu peito e a raiva se instala em mim novamente. Eu simplesmente odeio o pai do Gregory. Eu nunca odiei nenhum ser humano antes, mas Talles não pode, nem de longe, ser considerado como um. E o corpo do Greg é a prova viva de que ele não passa de um monstro, um cara desprezível e miserável que não hesitou em ferir o próprio filho.Afasto esses pensamentos da mente, tomando cuidado ao me desvencilhar da perna de Greg, que estar sobre a minha coxa, e me empurro para fora da cama, seguindo para o banheiro. Faço minhas higienes matinais e paro em frente ao espelho da pequena pia, encarando meu reflexo. Eu sabia que Gregory tinha marcas porque ele havia me falado em outras ocasiões, mas nunca imaginei que fossem de proporções tão grandes. Ver seu corpo e todo o estrago que seu pai lhe causou, fez o meu coração doer em empatia. Não consegui ficar por perto, e quando os olhos de Gregory entregaram seus pensamentos eu senti como se estivesse sendo esmagado. Ele pensou que fugi por sentir nojo, mas eu jamais sentiria nojo de nada relacionado a Gregory. Suas cicatrizes não me enojam, elas me ferem. Eu sentia necessidade de tocar cada uma delas, de beijar cada uma e falar que ele não deve se envergonhar por tê-las. Gregory é um sobrevivente e suas cicatrizes são um lembrete disso, um lembrete dolorido, mas que ele vai aprender a lidar. Eu vou dar o meu máximo para ajudá-lo a aprender a lidar com elas.
Deixo o banheiro, passando ao lado da cama para dar uma última olhada em Greg, e saio do quarto em direção as escadas. Na cozinha, encontro minha mãe tomando café. Ela sorri assim que nota minha presença.
ㅡ Ei, amor ㅡ cumprimenta, quando eu me aproximo e deixo um beijo em sua testa. ㅡ Alina não dormiu em casa?
ㅡ Não. Ela dormiu na Naomi ㅡ respondo, puxando a cadeira e sentando a sua frente. Apoio os antebraços na mesa e a encaro. ㅡ Meu pai já saiu pra trabalhar?
ㅡ Saiu faz uns dez minutinhos.
ㅡ Ele está atrasado ou eu que acordei cedo demais? ㅡ murmuro, fazendo careta e deduzindo que a segunda opção é a mais provável, já que meu pai nunca se atrasa.
ㅡ Segunda opção ㅡ confirma minha mãe. ㅡ O que está fazendo acordado às oito da manhã?
Minha mãe sabe que eu só acordo depois das dez, devido ao meu horário de trabalho.
ㅡ Na verdade, não sei. ㅡ Dou de ombros.
ㅡ Greg ainda não acordou? ㅡ questiona, e estou prestes a perguntar como ela sabe que ele estar aqui, mas ela é mais rápida e acrescenta: ㅡ Vi o carro dele estacionado na frente da casa.
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Sentimento Improvável
RomanceDominick é um cara tranquilo e que está sempre disposto a ajudar alguém. Mas não se engane, apesar do bom coração, Dom não costuma levar desaforo pra casa. Tem sempre uma resposta na ponta da língua quando alguém tenta pisar nele. Dom trabalha como...