CAPÍTULO 07

1.4K 124 13
                                    

Observo a rua por um instante, imaginando como seria estar bem longe daqui

Ops! Esta imagem não segue nossas diretrizes de conteúdo. Para continuar a publicação, tente removê-la ou carregar outra.

Observo a rua por um instante, imaginando como seria estar bem longe daqui. Por mais que eu ame a minha mãe e que ame estar perto dela, sinto que aqui não é o meu lugar. Estar tão perto dele é uma fudida tortura pra mim, mas eu não sei dizer isso a minha mãe sem revelar o motivo. Como posso contar que o cara com quem ela dividiu sua vida por vinte e cinco anos é um monstro, sem destroçar seu coração? Isso acabaria com ela.
Respiro fundo, passando as mãos pelos cabelos, exasperado.

ㅡ Gregory?

A voz da minha mãe soa no cômodo. Baixa, trêmula e assustada. Fecho os olhos com força, sentindo minha respiração falhar. Merda! A porta. Eu esqueci de fechar a porcaria da porta.

ㅡ Filho... ㅡ sua voz falha. ㅡ O que aconteceu com você, meu menino?

Engulo em seco, tentando me livrar do nó que se formou em minha garganta. Eu sei exatamente ao que ela se refere. E mesmo antes de me virar, eu posso sentir seu olhar sobre meu corpo, analisando cada cicatriz. Posso ouvir suas perguntas silenciosas:

Quem fez isso?

Quando fez?

Por que nunca me contou?

Puxo o ar pros meus pulmões, ficando tenso da cabeça aos pés. Não sei o que falar para ela, nem como falar alguma coisa. Eu sabia que um dia esse momento chegaria. Um dia eu iria vacilar e ela veria minhas marcas. As marcas de uma infância e adolescência aterrorizantes.
Sinto seus passos vindo até a varanda do meu antigo quarto, onde estou debruçado sobre a grade de proteção. Meio hesitante, me viro em sua direção, ainda mantendo os olhos na rua. Posso sentir seu olhar preocupado analisando meu tronco nu. Posso sentir a dor dela ao ver cada marca em meu corpo. Sua respiração, densa e trêmula, entregam isso.

Em um gesto de coragem, ergo os olhos e encontro os seus. Ela parece destruída, e isso acaba comigo.

ㅡ Por que não bateu na porta? ㅡ sussurro, sem soar grosseiro.

ㅡ Como eu nunca percebi isso, Greg? ㅡ pergunta, a voz chorosa, e leva uma mão a boca. ㅡ Quem fez isso com você? Quem machucou você dessa forma, meu menino?

Fecho os olhos com força, sentindo meu peito doer. Eu nunca menti pra minha mãe. Todas as vezes em que ela me fez uma pergunta importante, lhe respondi com sinceridade. Sempre fui verdadeiro com ela. O motivo pelo qual nunca contei a ela sobre as agressões do meu pai, foi que ela nunca me perguntou nada relacionado a isso. Se esse fosse o caso, eu não teria conseguido mentir para ela. Mesmo sob as ameaças do Talles, eu jamais teria mentido para ela.

Abro os olhos no momento exato em que a ponta dos seus dedos tocam a cicatriz abaixo da minha costela direita. Minha mãe é a única pessoa por quem meu corpo permite ser tocado sem me fazer entrar em pânico. Provavelmente por ela sempre ter representado proteção. Minha mãe é incapaz de me machucar, e meu corpo parece saber disso.

Sentimento ImprovávelOnde histórias criam vida. Descubra agora