CAPÍTULO bônus

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   Suspiro fundo enquanto aguardo a chegada dele

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   Suspiro fundo enquanto aguardo a chegada dele. Observo as paredes, cinzas e sem graça, da pequena sala de visitas. O local é ocupado somente por uma mesa e duas cadeiras de ferro, nada mais.
   Depois de dez meses inteiros, eu finalmente criei coragem para enfrentar o que, por muitos anos, eu considerei ser o meu pior pesadelo.
  
   A porta de ferro faz um barulho alto antes de ser aberta pelo guarda, anunciando a chegada de Talles.
   Ergo meu olhar da mesa, subindo-o pelo corpo, agora bastante magro, do meu pai, focando seus olhos azuis. Eles continuam iguais, e o ódio cru e latente ainda permanece ali, queimando em suas íris. Só que agora, eles não me assustam mais. Não tenho medo de Talles Ferraz, e vim até aqui hoje para lhe dizer isso.

   Notando que em momento algum eu desvio o meu olhar do seu, Talles ergue a sobrancelha em desafio. Ainda o encarando, falo para o guarda, em tom pacífico:

   ㅡ Quero que tire as algemas dele.

   O riso, frio e debochado, de Talles ecoa pelo cômodo, adentrando meus ouvidos e não causando uma mísera reação em meu corpo. Como faria há alguns meses atrás.

   ㅡ Se eu fosse você não faria isso, cara ㅡ Ele zomba. ㅡ Eu tô com tanto ódio dele, que eu não vou pensar duas vezes antes de atacá-lo. ㅡ Inclinando a cabeça para o lado e fitando o guarda, ele conclui: ㅡ Só avisando.

   Os cantos dos meus lábios se erguem em um sorriso presunçoso, fazendo ele franzir o cenho.

   ㅡ Ah, Talles. Fique à vontade para tentar ㅡ ironizo. Para o guarda, reforço com educação: ㅡ Por favor, o solte. Não precisa se preocupar.

   Ele assente, livrando Talles das algemas. Observo-o passar as mãos pelos pulsos, com os olhos vidrados em mim.

   ㅡ Vou estar do outro lado da porta, qualquer coisa é só gritar ㅡ O guarda avisa para mim.

   ㅡ Obrigado ㅡ aceno com a cabeça e ele sai da sala, nos deixando à sós.

   ㅡ Decidiu virar homem e vir enfrentar o papai, pirralho? ㅡ Talles zomba, sorrindo de forma sádica.

   O analiso por alguns segundos antes de me levantar da cadeira e caminhar até ele, que permanece parado no meio da sala. Paro em sua frente, há menos de um metro de distância, e cruzo os braços, sorrindo de canto.

   ㅡ A roupa daqui e bem sem graça, hein? ㅡ provoco, olhando diretamente em seus olhos. ㅡ Nada dos ternos de grife estupidamente caros que você usava lá fora. Isso deve ser um belo soco no teu ego, hein? ㅡ Meu sorriso se intensifica. ㅡ Eu vivi pra ver o tão aclamado, e respeitado,Talles Ferraz ser reduzido a um simples 'nada'. Eu olho pra você agora e só consigo pensar no quão patético você é, cara.

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