Luz, câmera, ação!

4. Tio Ichiraku

"Shakespeare descrevia em suas obras a intensidade de um romance peculiar, tal como Romeu e Julieta. Mas sabe oque eu acho? Foda-se eles, eu quero oque o Chanwoo e o MD tem; a vontade do fogo."

Uchiha, Sasuke. 2021

---------------#---------------#--------------

Espelho espelho meu, existe alguém mais trouxa do que eu? Meu subconsciente responde: muito provavelmente não.

Pouco tempo depois de sairmos do estúdio, chegamos até o restaurante. O trajeto até aqui foi tranquilo, —quem eu quero enganar?— ele só veio tagarelando no caminho sobre um de seus filmes, que ele não usou dublê e o quanto foi intenso fazer a cena. É uma figura esse loiro da Ana Maria Braga.

—Oi tio. —Naruto acena pro Ichiraku, que nos cumprimenta. —Dois rámen no capricho.

—Pode passar o tempo que for, mas tu ainda vai ser louco por rámen não é Uzumaki? —Falo e aponto pro local. —É isso que faz quando trás alguém num encontro? Trás pra comer rámen?

Boca grande do caralho hein Sasuke.

—Oh, então estamos num encontro? —Ele fala e põe a mão no rosto, fingindo surpresa. —Fico com o coração derrotado de achar que eu trago pessoas pra encontros.

—Está me dizendo que você, "o grande Uzumaki Naruto" não tem encontros? —Dou uma risada irônica. —Não pode está falando sério.

Como se eu fosse o maior galã de Konoha. 19 anos e ainda virgem.

—Acredite. Escolher essa profissão nos tira alguns privilégios. No caso, me tirou a privacidade e a vontade de sair com pessoas. No final sempre era por interesse ou não rolava o clima, entende? —Ele para, coloca os cotovelos sobre a mesa com seus dedos entrelaçandos apoiando o queixo, enquanto me encara. —No seu caso, eu sou o interessado por você e o clima com certeza está rolando. Estou errado?

Parasita maligno!

—Você é bem convencido. —Reviro os olhos e me encosto na cadeira, em derrota. Tenho que fazê-lo falar mais e tentar descobrir alguma coisa sobre o estranho término da nossa amizade. —Tive uma idéia. Que tal jogarmos "Uma palavra, uma verdade?" Eu te faço as perguntas que eu queria fazer no seu camarim e você não pode mentir. Terá que resumir em poucas palavras.

—Tentador, mas só jogo se você participar também. Creio que não é justo só eu me expor aqui. —Ele dá um sorriso ladino e continua. —Vai encarar ou vai fugir, Uchiha?

O encaro, erguendo uma sobrancelha, ainda surpreendido com a manipulação que ele tem sobre mim.

—Aqui está. —Tio Ichiraku nos interrompe na hora certa, colocando as tigelas sobre a mesa. —Se precisarem de alguma coisa é só chamar. Oh, já ia me esquecendo rapazes, o banheiro ali de trás foi reformado e está mais confortável pra uso. —Ele diz e dá uma piscadinha pro Naruto, que sorri em resposta. Isso foi uma mensagem subliminar?

—Certo. Eu começo pra esquentar o jogo. Coloco um pouco do rámen na boca, realmente está uma delícia e prossigo. —Vamos ver. Já julgou alguém sem antes procurar saber da verdade?

—Não, nunca. —Ele responde, o tom de voz indiferente e calmo.

I'm a joker to you?

—Minha vez. —Ele morde os lábios suavemente, pensativo, o olhar analisando-me como quem está diante de um suspeito de um crime. —Me diga, em porcentagem, o quanto eu te machuquei no dia em que paramos de nos falar.