ᴘᴀɴɪᴄ

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-Ed...- Lorraine chama mais uma vez. Sentia-se desesperada pela presença dele, quase como uma criança chamava a mãe.

As lágrimas banhavam seu rosto enquanto fazia força para que sua filha viesse ao mundo naquele hospital público decadente e mal iluminado.

Sentia-se fraca e inútil, pois para ela, parecia que tudo aquilo—o esforço para fazer força mesmo estando sozinha— não estava adiantando em nada.

-Lorraine...- Alguem sussurra ao se abaixar ao seu lado, sentando em um banquinho.-Tudo bem, eu estou aqui.

Conhecia aquela voz, era ele. Ele estava ali! Estava ali por ela! E ela não estava mais sozinha. Era como se ele lhe desse forças para continuar.

-Faça força.- A médica pede novamente, e Ed segura a mão gélida da esposa para lhe dar apoio.

-Ed... Eu não consigo! Tem algo errado...-A mulher chora como uma criança, aquilo realmente doía muito, mais do que esperava, e tinha certeza de que sua filha não aguentaria tanto.

-Faz força. Anda! Você consegue!-Edward a encoraja.

Com um grito de dor, Lorraine Warren força seu corpo novamente, para que colocasse aquela criança para fora.

-Espera.- A médica diz, sinalizando para que Lorraine parasse de fazer força.-Droga!

-O que? O que aconteceu?-Ed pergunta, olhando atento oara a médica que agora tinha algo em seus braços.

Havia muito sangue por ali—sangue de Lorraine— quase não dava para enxergar mais nada.

-Ela não deveria estar chorando?- O moreno pergunta, de certa forma preocupado. Tinha certeza de que, quando se lembrasse de algo, aquela criança representaria algo importante na vida dele.

-Levem ela daqui.- A médica fala baixo, entregando a menina para um dos internos e ele logo saí da sala.

-Porque ainda dói??- Lorraine pergunta em um tom desesperado.

Seu corpo ainda doía tanto quanto a perda de um ente querido. Doía tanto quanto ser queimado vivo. Estava fraca para continuar. Se a bebê ja havia nascido, qual seria o motivo disso tudo??

- Faça força.- A médica repete, e sem hesitar, Lorraine obedece.

Não muitos minutos depois, um som estrondoso de choro invade a sala— era a pequena Judy Warren, chegando ao mundo de forma forçada e dolorosa.

Mas Lorraine não pudera ouvir. Naquele minuto, no qual fez força, fechou seus olhos de forma sútil— estava realmente fraca, e agora, estava desacordada. Havia perdido sangue demais.

-Droga!- A médica suspira.- Levem a criança para a UTI neonatal... Vamos precisar abri-la. É uma hemorragia.

-Devo pedir para que o Senhor Warren se retire?- Um de seus internos pergunta.

-Definitivamente. Aguarde na sala de esoera, Senhor Warren.- A mulher diz, quando o interno arrasta Ed para fora da sala, o segurando pelo braço.

-Mas eu quero ficar! Eu quero estar aqui com ela. Pude ver nos olhos dela que ela estava assustada e não quero que ela passe por isso sozinha.- Ed diz, quase como se lembrasse de algo, mas na verdade era apenas o bom senso agindo.

-Sinto muito. Terá que esperar.-O rapaz fala, esfregando os olhos.- Aproveita para tomar um café...ou ver sua filha na UTI

ᴍʏ ʟɪᴛᴛʟᴇ ᴀɴɢᴇʟ (ᴜᴍᴀ ғᴀɴғɪᴄ ᴅᴇ ʟᴏʀᴇᴅ- ɪɴᴠᴏᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ ᴅᴏ ᴍᴀʟ)Onde histórias criam vida. Descubra agora