Phillip and Georgiana

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Ed bate a porta do carro depois que Lorraine tirou a filha da cadeirinha. A cabeça ainda doía, mas não se importava. Queria apenas a filha em segurança.

Se espanta ao ver um homem alto de cabelos castanhos atender a porta. Era impressionante a forma como ele parecia Lorraine, tanto a cor dos olhos quanto a cor do cabelo.

-Oi, pai.-Ela sorri de lado.

-Lou!- O homem exclama, beijando a testa da mulher.-E você é a minha pequena netinha?

-Sim...Ela é.- Lorraine sorri sem jeito, entregando-a nos braços do homem.

-Edward.- Ele diz, de maneira seca e ameaçadora. Nunca havia gostado muito de Ed, gostou ainda menos quando Lorraine saiu de casa para morar com ele logo depois de se tornar maior de idade.

-Phillip! Pare com isso!- Georgiana chama atenção do marido ao se aproximar, e o puxa para que de espaço para o outro casal entrar.

A mulher cumprimenta Lorraine com um abraço apertado enquanto Phillip acariciava os cabelos castanhos de Judy, que dormia tranquilamente em seus braços. Ed se sentia perdido ali, não os conhecia— mas seus rostos eram familiares, como se já tivesse os visto antes e ele tinha certeza que já, por que era casado com a filha deles.

-Lorry, por que está aqui? É só mais uma visita sem aviso?- Georgiana sorri, querendo acreditar que a filha só havia decidido ve-la e levar a neta para que ela conhecesse.

Ela hesita antes de responder, olhando para os lados como se estivesse sendo espionada.

-Eu... tem... Não importa. La em casa não é seguro.- Lorraine afirma, se sentando ao sofá bege da ampla sala de estar daquela casa vitoriana antiga.

-E porque não, Rita? Posso saber?- Phillip pergunta com um tom que Ed não conhecia, mas lhe causava um frio na espinha.

Já Lorraine, conhecia bem aquele tom. Seu pai era rígido. Sempre fora. Não era o tipo de homem que mimava a filha com presentes bobos que fossem trazer um grande sorriso. Nunca havia acreditado nos dons da filha, sequer acreditava em fantasmas e a repreendia sempre que ouvia Lorraine falar sobre. Desde pequena ela foi ensinada a guardar para si tudo o que via, já que, quando contava—vez ou outra—era obrigada a passar metade do dia ajoelhada no milho, o que lhe trazia dores para chorar até dormir. Nunca chegou a pensar que aquilo era algum tipo de abuso do pai: tinha certeza que era por isso que havia se tornado forte e corajosa. Seu pai as vezes a chamava de Rita para parecer mais autoritário, e foi por isso que havia lhe dado esse nome.

Em sua cabeça, o dom da filha era coisa do demônio, então costumava leva-la a igreja todos os domingos, querendo ou não.

Era assim desde pequena. Sempre fora repreendida pelo pai, porém apoiada pela mãe, que, ao contrario de Phillip, Georgiana tinha certeza de que os dons de Lorraine eram algo divino, dado por Deus para que a garota encontrasse seu verdadeiro destino: trabalhar para a igreja.

-Só... ratos. Malditos ratos que podem trazer alguma doença para Judy.-Ela suspira, tentando evitar qualquer sermão por conta de espiritos e demonios.

-Vocês querem ficar?-Georgiana sorri de canto:queria aquilo.

A casa havia ficado vazia e silênciosa depois que Lorraine se tornou maior de idade e saiu de casa ao se casar com Ed. As vezes, sentia falta até do riso da filha, já que ela quase não a visitava porque não gostava da forma como o pai tratava Ed.

-A gente poderia ficar... no meu antigo quarto?- Lorraine pergunta, ajeitando os fios morenos atrás da orelha.

-Claro que podem!- Phillip fala alto, acordando a bebê em seus braços, mas ela permanece quieta.

-Ed!- Georgiana sorri, abraçando o rapaz que para ela era quase como um filho.- Não me reconhece mais, não é? Devia convencer Lorraine a vir nos visitar mais vezes.

Ele sorri sem jeito. Sabia que a pergunta que a mulher havia feito era retórica e apenas na brincadeira, mas ele realmente não a reconhecia.Porém, seu contato fez com que se lembrasse se algo mais. O dia de seu casamento

ᴍʏ ʟɪᴛᴛʟᴇ ᴀɴɢᴇʟ (ᴜᴍᴀ ғᴀɴғɪᴄ ᴅᴇ ʟᴏʀᴇᴅ- ɪɴᴠᴏᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ ᴅᴏ ᴍᴀʟ)Onde histórias criam vida. Descubra agora