ᴍʏ ʟɪᴛᴛʟᴇ ᴀɴɢᴇʟ (ᴜᴍᴀ ғᴀɴғɪᴄ ᴅᴇ ʟᴏʀᴇᴅ- ɪɴᴠᴏᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ ᴅᴏ ᴍᴀʟ)

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Os três sentem um forte odor de enxofre ao entrar na casa pela porta dos fundos, fazendo todos os pelos do corpo de Lorraine se arrepiarem. Ed tampa o nariz com a manga de sua blusa, e logo vê o padre abrir a biblia em uma página demarcada com uma fita vermelha.

A morena estende a mão e ele não hesita em segurar. Estava com medo do que podia acontecer: havia visto coisas serem jogadas contra ele sem explicação nenhuma, praticamente comprovando a existência dos demônios que Lorraine dizia existir por ali. Não soltaria de sua mão em hipótese alguma.

- Em nome do pai, do filho, e do espirito santo, eu ordeno que me ouça!- Gordon praticamente grita, parado de costas frente aos Warren.

Lorraine segurava a mão do marido com os olhos fechados e respiração ofegante: Estava assustada. O que era incomum, já que, não era a primeira vez que lidava com esse tipo de coisa, e também não seria a ultima.

O padre despeja gotas da agua benta no ar, fazendo o sinal da cruz e continua proferindo palavras e passagens as quais ele lia na biblia.

A mulher rezava mentalmente e segurava seu crucifixo nas mãos, pedia a Deus sua proteção e de sua familia, principalmente a de Judy, que era indefesa e ainda não era batizada. Pedia por Ed, que sobrevivera do acidente por um milagre, então teria que passar por isso sem danos.Abruptamente sua mão é soltada pelo rapaz e ela o olha com um olhar de espanto. Não via ali suas feições doces e amorosas, via apenas escuridão, algo sombrio e medonho. Os dentes, segundo atrás branquinhos, agora estava meio tortos e amarelados.

-Awn...-Ele rosna, e naquele momento Gordon e Lorraine o observam, cientes de que o que quer que estivesse ali, não era mais o Ed.

-O que você quer? Porque atormentas essa familia??- O padre grita, puxando Lorraine para trás de si.

Ela chorava desesperadamente ao ouvir os rosnados do homem. Seu coração estava se quebrando ao ver Ed daquela forma-não era mais o Ed dela. Não naquele momento.

-Uma... Alma...- "Ed" profere, com a voz rouca e sombria.

-Você não terá uma alma.-O homem grita, jogando gotas de agua benta pelo rosto do jovem Warren, fazendo-o gritar.

-Para! A pele dele está queimando!- Lorraine reclama, agarrando o braço do padre para impedi-lo de jogar mais.

-Lorraine, você, mais do que ninguém, sabe que isso aqui é mais do que preciso. Estamos lutando para a alma dele.

-Ah...-O espirito se pronuncia novamente.- Eu não quero a alma dele... Eu quero a pequena.

-Não!- A morena grita, e logo é agarrada pelo padre.

-Não fale com ele!-O homem profere, e volta seu olhar para Ed.

-Judy... Ela é tão fragil...-"Ed" continua, e a frase fez com que Lorraine desabasse.

Ela se encolhe no chão proximo á porta, com a cabeça entre os joelhos e aos prantos, como qualquer outra boa mãe estaria. Estava com medo. Medo de que aquilo, o que quer que fosse, machucasse Ed ou Judy.

-Lorraine, escuta aqui.- O padre chama, mirando seu crucifixo e direcionando-o a Ed, sem olhar para ela.- Ele só quer te deprimir.

Ele volta a proferir palavras e passagens da biblia, olhando atentamente ao suposto espirito, enquanto a mulher chorava ainda no chão, sem sequer olhar para os dois em parte alguma.

-E em nome do Pai, do filho e do Espirito Santo, Eu ordeno que deixe esse corpo e essa alma em paz!-O padre esbraveja, e imediatamente o corpo de Ed começa a convulsionar e se contorcer em direções diferentes.

-Lorraine!-A voz dele grita, mas ela sabia que ainda não era ele ali.- Disse que estaria comigo! Mas cadê você agora?

-Não dê ouvidos a ele.-Gordon fala, ainda mantendo contato visual com o possuido.- Deixe esse corpo! Ele não o pertence.

O corpo de Ed faz barulho ao entrar em contato com o chão, desacordado. Lorraine imediatamente corre até ele, se abaixando ao lado e colocando a cabeça dele em seu colo.

-Ed? Ed! Por favor, Ed! Acorda!- Ela chama, agarrada á ele sem conseguir conter o choro.Ela passa a mão livre pelas queimaduras que a agua benta havia feito em seu amor anteriormente, se culpando mentalmente por não ter feito algo, mesmo que não houvesse nada a ser feito.

O padre a observava silenciosamente. Podia ser tarde demais. Aquilo podia ter levado Ed embora, mas ele ainda não fazia ideia de como dar á Lorraine, a noticia de que talvez o amor de sua vida não estivesse mais ali. Lhe doía pensar que, os inseparáveis Warren pudessem ter tido um fim.

-Ed!- Lorraine chora, molhando o rosto do rapaz que estava em seu colo.- Por favor, Ed! Volta para mim!

-Lorraine...- O padre começa, porém para antes de proferir mais alguma palavra.

Ed abre os olhos de forma tão brusca que Lorraine estremece. Ele decide não se levantar por estar fisicamente cansado de uma hora para a outra e percebe que ela estava chorando por algum motivo, agarrada a ele.

-Estou bem...- Ed, o verdadeiro Ed, em seu modo cuidadoso, sussurra, e o padre despeja mais agua sobre seu corpo.

Diferente da outra vez, a agua não tem efeito nenhum sobre seu corpo, apenas escorre sobre as queimaduras dolorosas anteriormente feitas.

-O mal foi contido?- O padre pergunta.

-Fácil assim?-Ed resmunga, ainda abaixado esperando que Lorraine se movesse.

-Não. Ele ainda está aqui...posso senti-lo.- Ela choraminga, passando os dedos por entre os fios morenos de Ed.-Tudo bem... Já passou...- Ed fala, passando os dedos livres no rosto vermelho de choro de Lorraine.-Estou aqui...e estou bem.