ᴍʏ ʟɪᴛᴛʟᴇ ᴀɴɢᴇʟ (ᴜᴍᴀ ғᴀɴғɪᴄ ᴅᴇ ʟᴏʀᴇᴅ- ɪɴᴠᴏᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ ᴅᴏ ᴍᴀʟ)

just a dream

Lorraine abre os olhos quando escuta seu nome ser chamado e seu corpo chacoalhado delicadamente. Estava dormindo profundamente desde a madrugada passada, quando ela e Ed se reconectaram ao fazer amor pela primeira vez depois do acidente.

-Lorraine?-Ele chama novamente.- A Judy está chorando e eu não sei o que fazer.

Não é possivel. Então... Tudo aquilo foi um sonho? A boneca não estava no quarto de Judy? E... Ed não se lembrava dela.

-Me dê ela.- Lorraine suspira, se levantando da cama com os olhos marejados e pega a menina chorona que estava nos braços de Ed.- Cadê o paninho dela??

-No berço. Achei que usava aquilo só para mamar.- Edward resmunga, se sentando na cama observando a mulher que estava em pé ao lado da cama, com a bebezinha morena nos braços.

Ela não demora para se retirar, balançando a menina com seu braço direito enquanto caminhava rumo ao pequeno quartinho no qual a menina sempre dormia, deixando rolar uma ou duas lágrimas pelo rosto e cairem sobre a bochecha corada da criança que estava em seus braços. Queria tanto que o sonho fosse real, mesmo que a ideia de Annabelle estar perto da filha fosse apavorante e lhe causasse um frio na espinha.

A falta que Ed lhe fazia doía tanto que as vezes queria arrancar seu coração para que a dor acabasse. Queria dormir para esquecer que ele não a acordaria com um monte de beijos e olhares carinhosos. Queria apenas deixar de existir, pois não queria existir em um mundo no qual o Ed que ela conheceu, não existia.

Ao adentrar o quarto com a filha nos braços, se sentiu aliviada por a boneca não estar naquela cadeira com havia estado da outra vez, mas, dessa vez, um cheiro de carne podre invadia o local fazendo com que Lorraine se arrepiasse da cabeça aos pés. Com toda a certeza havia algo ali- pegaria apenas o paninho e sairia daquels quarto rapido.

Ao se aproximar do bercinho de madeira no qual Judy dormia, chacoalhou a coberta com uma das mãos á procura do paninho, mas, o que ela achou foi apenas a medonha boneca que por acaso havia sido trancada na noite passada.

O medo correu por suas veias, transbordando seus olhos em mais lágrimas. Porque ela estava ali de novo? Porque naquele local em específico? A dor que o pensamento de que o demonio estaria atormentando sua filha era tão intenso que chegava a arrepiar os pelos de seu corpo. Aquilo tudo era apavorante e trazia muita angustia a ela: não podia nem pensar em perder Judy, já que já estava sofrendo com a "perda" recente de Ed.

-Ed!- Ela chama frustrada e segundos depois o homem entra correndo de maneira assustada.- Você não trancou ela??

-Sim. Tranquei ela e a sala... Achei que bastasse.- Ele sussurra e por um momento, Lorraine poderia jurar que teve um deja vú.

-E deveria bastar. Mas tem alguma coisa a mais aqui...- Lorraine suspira e pega o paninho da filha que estava envolto a boneca.- Tranque ela de novo. Eu vou dar de mamar para Judy.

- É você quem manda.- Ele sorri de forma maliciosa para ela, fazendo-a revirar os olhos.

-Isso mesmo, Ed. Isso mesmo.- Ela diz, se afastando e logo saindo do quarto, rumo á cozinha.

Por um minuto ela hesitou. Deixaria Ed sozinho naquele quarto com sinais claros de infestação demoníaca?

Se sentiu culpada por não se importar, já que aquele não era o Ed dela, e o Ed dela possivelmente nunca voltaria.

Se espantou ao chegar ao local e ver as paredes e o teto rasbiscados com alguma espécie de canetinha vermelha- mas não eram rabiscos aleatorios- eles formavam letras, que, por sua vez, formavam palavras.

"A alma dela."- Lorraine leu, diversas vezes em varios lugares do comodo e choramingou, deixando mais lagrimas cairem sobre a menina.

A boneca ou esse espirito novo, seja ele quem for, queria a alma inocente de sua pequena filhinha, algo que ela certamente não daria, mas estava abalada e suficientemente apavorada para que, em prantos, se sentasse sobre a cadeira da mesa com a filha, ambas chorando agora.

-Não. Você não vai ter ela!- Lorraime grita enquanto chora, assustando ainda mais a menina, que olhava atenta para a porta como se houvesse algo ali.