A médica não havia cumprido com o prometido de trazer a pequena Judy para que Lorraine a conhecesse- e ela pegou no sono esperando por isso.
Dormia tranquilamente, quase como se nada a estivesse incomodando. Quase como dormiu no dia em que descobriu a gravidez- de forma calma e confiante.- mas, a gente sabe que não era assim. A cabeça da demonóloga estava uma bagunça... Ela estava fraca não só fisicamente quanto mentalmente. Estava mentalmente esgotada.
Edward se encontrava sentado na poltrona ao lado do leito do hospital- ao lado da clarividente adormecida- queria observa-la melhor. Ela havia evitado isso enquanto estivera acordada. Tinha vergonha que ele a olhasse por muito tempo... Não era algo que ela queria que aquela versão de Ed, fizesse.
Versão? Isso mesmo. Lorraine Warren guardava para si que aquela era a pior versão de Edward. Como assim 'nos tivemos um caso?'?? Eles eram casados! A versão cuidadosa e romântica de Ed já havia dito a ela que nunca ficaria com ela apenas por uma noite, já que queria levar a mulher para a vida toda. O ponto é: aquela versão de Ed era bruta. O Ed desmemoriado era indelicado e indiferente, agia como se não tivesse medo de ferir os sentimentos dela, ou pior, agia como só se importasse com si mesmo. Não era aquele Ed que ela conhecia: Não foi por ele que se apaixonou.
Ja na cabeça de Edward, ele estava indignado. Como poderia ele não ter lembrança nenhuma sobre absolutamente nada? Nem sequer lembrara quantos anos tinha! E... Ela. Era tão linda. Como podia uma pessoa só, conter praticamente toda a beleza no universo? Como somente um par de olhos azuis poderia prender um homem daquela forma?
Sem perceber, Ed já estava de pé. Queria admira-la de perto, queria sentir seu cheiro doce e sua pele macia.
Ele se senta na cama, ao lado dela, observando seu rostinho delicado...parecia uma boneca de porcelana de tão perfeita! Ele conseguia até compreender o motivo de ter se casado com ela: o sexo deveria ser ótimo.Ele se deita, meio que por um impulso, pela vontade de estar perto dela, pela vontade de sentir seu cheiro.
"Não tem problema... Eu acho... Já que ela é a minha esposa."- Ele pensa para si, mas seus pensamentos são interrompidos.
Lorraine ainda dormia, mas aproximou muito o seu corpo ao corpo de Ed. Meio que por um costume, uma necessidade de carinho que o Edward romântico sempre dava a ela: Lorraine se aconchegou ao corpo do rapaz.
Colocou sua cabeça leve e sua mão direita sobre o peito do rapaz quase como se o abraçasse- estava dormindo, mas mesmo assim, aquilo era uma das coisas que ela mais queria: abraçar ele. Sentir-se cuidada de novo. Mas não era assim. Ela não queria abraçar 'esse Ed'. Queria abraçar o Ed protetor. Queria ouvir que ficaria tudo bem e que ia dar tudo certo.- aquele abraço surpreendeu o rapaz de algumas maneiras. Por mais que ele soubesse que era casado com ela. Ela estava evitando-o. Cada toque, cada contato visual que podia, Lorraine evitava.
- Sinto sua falta.- Ela suspira dormindo-estava conversando com ele em seu sonho... Sonhava com ele em sua casa, com Judy no colo. Não podia ver o rosto da menina, não a conhecia, mas sabia que era ela. Quem mais seria afinal?
- Queria poder sentir a sua também.- Ed suspira, fechando os olhos ao lado da mulher, com a mão nos seus cabelos.
...
-Senhora Warren?- O interno chama, cutucando o braço da mulher levemente.
Ela abre os olhos confusa, sem lembrar onde estava e o que havia acontecido. Teria aquilo tudo sido um sonho? Estaria ela deitada ao lado de Ed no hospital depois do acidente?
-Vim levar a senhora para conhecer sua filha, na UTI. Quero que se sente aqui.- Ele continua, apontando para a cadeira de rodas que trazia consigo.
Não foi só um sonho ruim, foi apenas mais um pesadelo da vida real. Não era depois do acidente, era depois do parto.
Lorraine se levanta devagar, com o corpo dolorido, fazendo com que Ed abra os olhos.Ela o olha enquanto se senta na cadeira de rodas. Seu olhar era de reprovação mas... Apaixonado? Teria Edward se lembrado dela? Ele lembrava o quanto ela amava dormir com ele?
Seu coração dispara quando ela percebe o sorriso que ele estava lhe dando- de lado, sem mostrar os dentes- algo inocente e sem jeito.Ela abre um sorriso enorme, com direito a ver seus dentes branquinhos, na esperança de que ele havia se lembrado dela.
Não teria tempo de lhe perguntar, já que em menos de dois minutis, havia sido tirada da sala, arrastada pelos corredores do hospital até a UTI neonatal.
...
-Oi... Minha menininha.-Lorraine sorri para a garota que a observava em silêncio de dentro de sua incubadora.- Estive ansiosa para te conhecer.
Seus olhos eram em um tom de azul maos escuro que o de Lorraine- mas poderiam prender da mesma forma.
Aos olhos da mulher, aquele era o bebê mais lindo que ela já havia visto- tinha os cabelos escuros, lisos e macios de Ed que ela tanto amava entrelaçar os dedos.-Você quer pegar ela?- O interno pergunta.
Entre todos os internos daquele hospital, aquele era o mais humano. Agia de forma com que as pessoas se sentissem bem sem precisar ser operada ou dopada por medicamentos, só agia como um ser humano.
-Quero. Quero muito.- Lorraine suspira, sorrindo de lado sem mostrar os dentes, observando o homem abrir a incubadora e enrolando a bebê em uma coberta.-Ela é quietinha assim?
-Demais. Sua filha é a mais saudável aqui, mesmo prematura. Um verdadeiro milagre. E ela é quieta, só a vi chorar no momento em que nasceu.- O homem afirma como se conhecesse a menina a vida toda.- Aqui, segure-a
Ele estende os braços, entregando o embulho que ele havia feito com o bebê, nos braços de Lorraine.
Ela pega a menina com cautela- tinha medo de machucar um serzinho tão inocente e indefeso- olhava nos olhos da filha com atenção, como se visse algo importante por ali.
Mantinha o foco na aura da garota, era pura. Era uma aura inocente.
-Judy Warren... Estive esperando para te conhecer, minha pequena.-Lorraine sorri, sentindo o calor de sua filha em seu corpo.
Era estranho. Por mais que o interno nao estivesse mais ali, Lorraine se sentia observada, e não era pela pequena Judy. Sentia-se observada pelas costas, como se algo estivesse ali, bem perto.
Ela olha para trás, podendo ver algo escuro. Era como um vulto, parecido com o que ela via quando estava gravida. Mas esse era maior. Esse era sombrio.
Escolheu ignorar e voltar sua atenção para a filha.
-Sera que... daria certo, te levar para casa... com seu pai daquele jeito?- Lorraine sussurra para a filha, que se acolhia em seus braços de uma forma linda—e fofa devo dizer.
De repente, um cansaso invade a mulher, quase como se não tivesse dormido depois do parto, quase como se não dormisse a semanas. Decidiu que precisava descansar—mesmo que aquilo significasse deixar a filha de novo.
-Com licença...- Ela chama a mulher que passava por ali com uniforme de enfermeira.-Pode colocar ela de volta ali e me ajudar a voltar ao meu quarto??...Não estou me sentindo bem.
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ᴍʏ ʟɪᴛᴛʟᴇ ᴀɴɢᴇʟ (ᴜᴍᴀ ғᴀɴғɪᴄ ᴅᴇ ʟᴏʀᴇᴅ- ɪɴᴠᴏᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ ᴅᴏ ᴍᴀʟ)
Fanfic-Não se preocupe. Eu 'tô' só seguindo meu papai.- A forma emite a frase, como um sussurro que só Lorraine era capaz de escutar. -Lorraine? Tudo bem??- Ed pergunta, estranhando a forma como sua esposa estava o encarando. Ele sabia que de duas, uma: O...