ʜᴇ ᴅɪᴅ ɪᴛ

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No dia seguinte, Lorraine acorda com o barulho estrondoso de uma porta batendo no andar de baixo.- o que era provavelmente coisa do Ed.

-Ed?-Ela chama baixo, descendo as escadas.

Ao chegar no andar de baixo, pode ver o moreno aindo dormindo no sofá-Não foi ele que fez o barulho. Teria sido somente o vento.

Uma energia pesada carregava o lugar, mas ela tinha certeza que era coisa da cabeça dela, pela quantidade de coisas que haviam acontecido a eles ultimamente.

Ela segue para a cozinha, andando devagar por conta da tontura e da dor de cabeça que a anemia estava causando. Respira fundo ao ver a bagunça na qual a cozinha se encontrava. Provavelmente Ed havia levantado de noite para comer.

Havia papel de pão em cima da mesa, caixa de leite vazia em cima da pia-e um pouco de leite derramado ao lado dela.-

Não se preocupou muito com isso: não podia arrumar. Não podia se esforçar de mais...

Mas não podia deixar a cozinha daquele jeito!

Ela tira as coisas espalhadas por cima, jogando-as no lixo que ficava do lado da pia. Em seguida, pega um pano e se abaixa, do lado da mancha de leite.

Sua barriga já estava bem pesada para ela se abaixar daquela forma. Sua coluna doía, e as pernas também.

-A gente não quer nascer agora, mamãe.-O sussurro aparece novamente, sem vulto dessa vez-somente o sussurro.

-A gente?...-Ela Pergunta, mais para si mesma, mas logo esses pensamentos são interrompidos pelo liquido quente que escorria pelas suas pernas... Estava entrando em trabalho de parto.

Não perderia tempo chamando Edward. Ele não lembrava o próprio nome, como lembraria como ligar um carro? Ou as regras de transito?

Então, com isso em mente, ela se levanta-rapido demais eu diria- e segue seu caminho até o telefone.

Vasculhando um pouco em sua mente, consegue lembrar de um número de alguém que poderia a ajudar. Não eram muito próximos, mas ja haviam trabalhados juntos algumas vezes.

-Alô?- Ela praticamente sussurra, sentada na cadeira da mesa de jantar com o telefone na orelha.

-Lorraine? Aconteceu alguma coisa?- O padre pergunta, ao reconhecer o número o qual havia o ligado-era o telefone da casa dos Warren.

-Eu...A filha de Ed decidiu chegar mais cedo.-Ela diz, tentando parecer engraçada, pois já havia começado a sentir dores, por mais que ainda estivessem fracas, ja estavam ali.-Não posso dirigir nesse estado. Ed não lembra como dirigir.

-Você quer que eu te leve?... Até o hospital. Se conseguir me esperar chegar, eu te levo. Eu estou a uma hora da casa de vocês.-Gordon fala, e Lorraine afirma com um sussurro dizendo "sim".

Eles desligam para que Lorraine aguardasse de forma calma a chegada do padre. Não ia ser fácil: estava dando a luz a um bebê prematuro, filha de um pai que não se lembra nem da mãe dela.

Ela anda de um lado para o outro pela cozinha-estava angustiada. E aquilo só piora quando ela percebe sangue escorrendo pelas suas pernas.

-Não consigo respirar, mamãe.- O vulto diz, aparecendo proximo a pia.

Lorraine senta na cadeira novamente-a dor não permitia que ela continuasse andando desnecessariamente. O sangue já manchava o carpete e o sussurro de sua filha ecoava em sua mente, a deixando quase sem fôlego.

-Você tem que aguentar mais um pouco... Só até que eu chegue no hospital... Só mais um pouquinho.-Lorraine fala baixinho, sabendo que 'o vulto' podia a escutar.

-Eu quero ficar, mamãe. Mais dói... Dói muito querer ficar...-A voz choraminga, como se estivesse realmente com muita dor.-Não consigo respirar...-Ela repete.

-Vai ficar tudo bem. Vai...ficar...tudo...bem.- A morena fala pausadamente, tentando controlar a respiração.- Vamos ficar bem.

...

-Respira. Vai ficar tudo bem.- Padre Gordon fala para a mulher, ao observa-la rezando e segurando o cruzifixo em suas mãos.

-Está muito cedo para ela, padre. O Ed ainda não lembra de nada e eu vou ter que cuidar dos dois sozinha. Eu não sei fazer isso.- Ela choraminga, terminado de rezar e fazendo o sinal da cruz na barriga, como proteção divina- Éramos eu e o Ed. Eu cuidava dele e ele cuidava de mim. Agora ele não lembra nem o meu nome e eu to vinte quatro horas por dia cuidando dele. Como eu vou passar por um parto sozinha? Como eu vou cuidar de uma bebê prematura??

-Tudo nos tempos de Deus. Pode ser que ele saiba que é ela é a luz que você está precisando no seu caminho agora.- O padre fala, prestando atenção ao congestionamento de carros que estava em sua frente.

-Padre...A gravidez da Judy é uma gravidez de risco. Sempre foi e o Ed sabia disso. Eu passei parte da gravidez de repouso, como a médica recomendou... Mas ai, aconteceu isso tudo e eu fiz muito esforço para tudo durante todos os dias... Ela não consegue respirar...O parto pode ser dificil. Eu estou ciente que eu posso morrer hoje. No fundo, no fundo mesmo, o Ed também sabe...Não temos medo. Enfrentamos o diabo frente a frente todos os dias, já lidamos com a morte tantas vezes que eu me acostumei a quase morrer e ficar bem em seguida. Não tenho medo de morrer... Eu... Já cheguei muito proximo ao inferno durante a vida.- Lorraine fala, fazendo pausas por conta da dor que estava se expandindo por todo seu corpo- Temo não por mim, e sim por eles. Se eu morrer, quem ficaria com ela? Ed não tem condições de cuidar de si mesmo. Sempre se perdeu no caminho para casa voltando do mercado! Quem cuidaria deles?

-Você não precisa se preocupar com quem vai cuidar deles, porque você não vai morrer. Vai conseguir cuidar deles por si mesma. Você é uma força da natureza e vai conseguir fazer tudo sozinha.-Gordon fala, prestando atenção no retrovisor.-Esta perdendo as esperanças.

-Não, padre. Estou perdendo a fé. Deus fez isso. Ele deixou com que o Ed se machucasse.- A mulher diz, com uma certa tristeza na voz.- Ed e eu trabalhamos a vida toda por isso: passamos dias e viramos noites acordados tentando servir somente a Deus ao ajudar pessoas que nem conhecemos a se livrarem do espirito maligno. Acho que... entre milhões de pessoas... porque ele??Porque o Ed??

-Ele não morreu, não é mesmo? Talvez esse tenha sido os planos de Deus para ele. Ou para vocês. Essa é a chance que ele tem de continuar vivo e se apaixonar por você... de novo.- Ele continua, sábiamente.

ᴍʏ ʟɪᴛᴛʟᴇ ᴀɴɢᴇʟ (ᴜᴍᴀ ғᴀɴғɪᴄ ᴅᴇ ʟᴏʀᴇᴅ- ɪɴᴠᴏᴄᴀᴄ̧ᴀ̃ᴏ ᴅᴏ ᴍᴀʟ)Onde histórias criam vida. Descubra agora