Cap. 36

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Los Angeles- CA
Pov's Noah

Linsey- Sinto muito...- repetiu, embora eu não estivesse mais ouvindo.

A provável única chance de descobrir quem eu era de verdade, estava morta, havia 3 anos. Minha mãe, quem eu nunca tive a oportunidade de conhecer.

Tentei tirar o pensamento negativo da cabeça, mas eu estava funcionando no automático. Any tomou o rumo da conversa, fazendo perguntas as quais com certeza ela me contaria a resposta mais tarde, já que eu não conseguia manter o foco em nada. Eu só pensava que tudo estava perdido e lamentei por nunca sequer ter visto como ela era.

Com esse pensamento em mente, pedi a Linsey para que me mostrasse uma foto. Ela me ofereceu um álbum grande, e antes que eu pudesse pensar em agradecer, já estava folheando as páginas. Pelas fotografias, Wendy era indiscutivelmente a mãe de Linsey. Suas feições eram bastante parecidas, diferenciando-se apenas pelas rugas e olheiras na mais velha. O sorriso, eu notei, era praticamente o mesmo. E os olhos, meus olhos. 

Passei por mais algumas fotos antes de decidir que faria bem a mim mesmo não olhar para mais nenhuma se não quisesse desabar ali. A dor de saber que ela estava viva, por todos esses anos, e nós sequer tenhamos passado um momento juntos- em que eu me lembrava- chegava a ser sufocante. As imagens de todos as possíveis memórias de mãe e filho,  as brincadeiras, as festinhas na escola, tudo que envolvia essa relação maternal passavam como um filme rápido em minha cabeça. É claro que minha tia teve o papel fundamental de mãe na minha formação, mas não era a mesma coisa. Era diferente porque ela sempre deixou claro que eu não era realmente filho dela. E por isso doía tanto agora.

Sem eu perceber, já estávamos na porta, Linsey com o rosto apreensivo e Any murmurando alguma coisa sobre estar tudo bem. Mal consegui dizer um tchau, e a morena me levava de volta ao carro. Quando notei que me apoiava no veículo, senti finalmente as mãos de Any em meu rosto, alternando seu olhar entre meus olhos. Consegui focar meu olhar nela também, e com isso ela se apressou em me dar o abraço mais forte que era capaz. Eu devolvi o aperto lentamente, tentando liberar tudo que estava sentindo apenas no abraço. Sabia que não era possível, então sem conseguir segurar, senti meu rosto molhando aos poucos. Então fiquei ali, por quanto tempo eu não saberia dizer, agarrada a única pessoa que podia entender meu sentimento. Eu só não contava que iria sentir a parte da minha camisa onde o rosto dela estava enterrado úmida também...

[...]

Decidimos passar a noite em Los Angeles, já que estava muito tarde para voltarmos. Any não se importou de eu não ter dito uma palavra pelo resto da noite, e nem se deixou abalar, ficando do meu lado o tempo inteiro, em silêncio. Só fazia perguntas essenciais, e se responsabilizou pela hospedagem em um motel perto da estrada, para não tardamos de ir no dia seguinte. Na hora de deitar, ela me abraçou novamente e eu só fui capaz de retribuir, não achando outra maneira de mostrá-la que estava muito grato por sua companhia. 

Pela manhã, havia acordado primeiro e, antes de levantar, observei a garota ao meu lado. Meu peito se encheu de um sentimento bom, depois do que senti ontem á noite. Sorri, quando me lembrei do que ela havia feito por mim, sua presença, seu suporte, sua compreensão. Meu sorriso se alargou mais ainda no momento em que reconheci a minha sorte. Any era uma mulher que, de fato, não se podia perdê-la. Alguns minutos passados, ela abriu os olhos, e mostrou-me um sorriso satisfeito, o que indicava que ela havia sentido o meu olhar sobre ela enquanto "dormia". Ela tentou se espreguiçar, porém eu já tinha lhe puxado para um encostar de lábios demorado. Um tempo depois de beijos foi suficiente para que eu finalmente despertasse, e me lembrasse dos compromissos do dia.

- Eu tenho que te agradecer por tanta coisa Any- disse enquanto empurrava um cacho de seu cabelo para detrás de sua orelha.

Any- Tenho todo o tempo do mundo para ouvir isso- ela mordeu o lábio- E te ouvir também, claro.

A Disputa || 𝑁𝑜𝑎𝑛𝑦 & 𝐵𝑒𝑎𝑢𝑎𝑛𝑦Onde histórias criam vida. Descubra agora