A Disputa || 𝑁𝑜𝑎𝑛𝑦 & 𝐵𝑒𝑎𝑢𝑎𝑛𝑦

Cap. 37

VOLTEIIII, um capítulo por dia a partir de agora até o fim da história.

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Sacramento- CA
Pov's Josh

Tudo não passou de uma encenação. Claro, a maior parte era verdade, mas não significa que Noah precisava saber a história completa.

Sim, minha mãe de fato está com câncer, e isso vem me desgastando bastante. Para me manter ocupado e longe dos meus pais, passo a maior parte do tempo em festas e interagindo com pessoas desconhecidas. Precisei encontrar uma nova maneira de lidar com meu transtorno de raiva, a qual pelo menos dava um resultado positivo no começo, mas a dependência disso me tornou ainda mais agressivo.

Como se não bastasse, estou apaixonado pela namorada do meu melhor amigo. Que aparentemente me odeia. E essa sensação esmaga ainda mais o meu peito, tanto ao ponto de que eu sinta que meu coração pode explodir a qualquer momento com bombeamentos irregulares de sangue.

Ao menos, ela ainda se preocupa comigo, ou finge se preocupar pelo próprio Noah. Confirmei isto no dia de sua festa surpresa, em que Any se esbarrou com Jeremy e eu levei um soco por ela. E, apesar disso, não sei se foi o choque que a fez querer tratar meus ferimentos e me convencer a ir ao hospital, mesmo eu tendo negado. Não vou mentir que uma pontada de alívio correu pelas minha veias por saber que existia algum sentimento além do ódio por parte dela.

Doía omitir a verdade, tanto de Any quanto de Noah, mas contar tudo a eles também não era uma opção.

Por isso, eu estava caminhando sozinho pelas ruas da cidade, temendo encontrar alguns capangas do Jeremy no caminho.

A primeira vez que eu o encontrei, foi assustador, apesar de que eu não deixei isso transparecer. Jeremy sempre foi amedrontador, com seu físico largo e expressão sombria, mas eu não me abalo por qualquer coisa, e com ele não foi diferente. Entretanto, no momento em que ele me ofereceu os produtos dele, eu libertei minha máscara em razão de tamanha surpresa. 

Nunca havia passado pela minha cabeça me oferecerem drogas, embora eu já devesse imaginar. Um adolescente caminhando sozinho pelas ruas da cidade, quase tarde da noite, parecendo terrivelmente abalado e deprimido. Uma presa fácil. Naquele dia, eu havia recebido a notícia de que meu pai passaria as noites foras de casa para acompanhar minha mãe no hospital. Tem sido assim desde então, ele, representando o mais corajoso, ao lado dela e eu, o frangote fracassado do filho que não consegue suportar toda a carga, se afastando e com a aparência igual à de um abandonado.

Como naquele dia, eu estava fazendo exatamente a mesma coisa agora.  Algumas semanas se passaram e meu comportamento não mudou, pelo menos em relação as saídas à noite para respirar. Era um cronograma, algo que eu fazia todos os dias sem descanso. Era a única forma de me manter são.

Por isso, se tornava muito mais fácil que os idiotas dos amigos do Jeremy me encontrasse. Afinal, eu também passava sempre pelo mesmo ponto, como se quisesse ser seguido e ser encontrado. 

Deixe que me encontrem.

Na verdade, as caminhadas eram para evitar qualquer tipo de relação social ou contato com pessoas.

Nem sempre dava certo.

E essa noite era mais uma para adicionar à lista.

Saindo da escuridão , duas figuras igualmente altas viravam a esquina. Eram os gêmeos Williams, parceiros indispensáveis do Jeremy. É claro que eles viriam, era uma demonstração de poder por parte dele, mandar suas duas pessoas mais confiáveis para fazer a cobrança.

Eu diria patético, se não soubesse que do medo que ele tinha de mim. Do que ele achava que eu era capaz de fazer.

Não que a minha esperteza e o meu temperamento fossem algo para não se relevar.

Continuei andando, fingindo que não tinha os visto. Meu olho ainda estava inchado e eu preferiria que eles não reparassem nisso quando olhassem para mim. Infelizmente, não tive tanta sorte e os gêmeos logo me cercaram, ousando a colocarem a mão em meus pulsos para me conter. Porém, um olhar afiado foi capaz de amedronta-los o suficiente para que me largassem e os fizessem manter novamente uma distância segura.

- O Jeremy quer saber...

- Eu sei o que o Jeremy quer saber.- interrompi o gêmeo da cicatriz. Não tinha ideia do nome dele, por mais vezes que eu tenha escutado. Quanto menos souber deles, mais fácil será me livrar disso.- E a resposta ainda é não.

- Você também deve saber, loiro, que ele não vai dar muito mais tempo para você.- respondeu o outro irmão- Interrompeu o nosso comércio. Se deixou levar um soco por aquela garota. Pra gente isso não sai barato.

- Eu nunca iria deixar barato para vocês. E que merda de preço é esse? Um soco? É uma desculpa para mostrar a falência de vocês em forma de poder ou só estão querendo se vingar de um adolescente esquentadinho?

Os dois vieram para cima de mim e eu recuei rapidamente, os lábios curvados em um sorriso divertido.

- Só estamos falindo porque você- um deles apontou um dedo no meu rosto- não quis pagar a porra da sua mercadoria.

- Só estão falindo- repeti e não me movi um milímetro da sua mão bem perto- porque não sabem comandar. Eu poderia ter ajudado, mas o Jeremy é cabeça dura demais para aceitar alguém além dele no comando. Digam a ele que não vou pagar nada agora e, que se ele voltar a cobrar mais uma vez, sabe das consequências. 

O Williams abaixou a mão lentamente, com os olhos fixos nos meus. Ele sabia das consequências, e tinha tanto medo delas quanto eu tinha da doença da minha mãe.

- Você sabe que paga também, loiro.

- E você se esqueceu de que está lidando com um adolescente esquentadinho.- disse antes de sair e deixar os dois parados às minhas costas. Eles poderiam me surpreender por trás, me sequestrarem e até me torturarem para conseguirem o que almejam, mas não são capazes disto. 

Não quando, no momento, eu sou mais perigoso morto do que vivo, torturado do que ileso.

Há dois dias, Any me perguntou o que eu fiz. E eu agora me pergunto, com palavras diferentes porém com o mesmo significado por trás de tudo.

No que eu fui me meter.

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gente... o que o Joshua tá aprontando O.o