Cap. 43

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Mais bomba para vocês *emoji sorrindo*.

Sacramento- CA
Pov's Any

Eu estava dando uma olhada nas últimas mensagens em meu celular quando ouvi a campainha tocar. Sabina não estava em casa.

- Você tem a chave, sabe que pode entrar quando quiser.- falei, ainda abrindo a porta, imaginando Noah com o braço encostado no batente, dando um meio sorriso.

Essa imagem, porém, não era nem um pouco similar com o estado que o moreno se encontrava.

Sua cara estava péssima, os olhos inchados e vermelhos, e parecia que o corpo inteiro dele tremia de nervoso ou ansiedade.

- O que...- fui interrompida quando meu corpo se chocou com o dele em um abraço sufocante. Só percebi que ele tinha fechado a porta quando o mesmo deslizou sobre ela até chegar ao chão, comigo em seus braços.

Ele estava chorando.

- Noah, por favor, fale comigo. O que aconteceu?- minha fala saiu cheia de preocupação.

Noah- Ela... está... morta.- ele soluçava enquanto falava. O horror me tomou por dentro.

-Quem está morta?- questionei, tentando soar mais calmamente possível.

Noah- Linsey. Eles a mataram, Any, eu tenho certeza. Eles...

Entrei em estado de choque. Linsey Martin. Irmã do Noah, a qual eu vi a menos de uma semana atrás, estava morta. Mas como? Por quê? Quem eram eles?

Noah- Disseram que foi um acidente mas... eu já ouvi essa história antes. Não pode ser.- eu continuava calada, tentando processar a notícia. Linsey morta.

Pus a cabeça dele em meu pescoço, e o abracei forte. Ele retribuiu o gesto. Lágrimas começaram a descer pelo meu rosto, e um tempo depois eu percebi que Noah ainda estava falando.

Noah- ... eu estava saindo da delegacia quando recebi a notícia. Desculpe ter chegado assim desse jeito, eu só...

Agarrei o rosto dele com as duas mãos.

- Nunca peça desculpas por esse tipo de coisa, está ouvindo?

Ele assenti com a cabeça. Analisei seu rosto por um momento, e tudo que eu via naqueles olhos verdes era dor e incompreensão. E ódio, havia muito desse sentimento também. Talvez fosse a fase da negação misturada com a da raiva, já que ele repetia muito o fato de não ter sido realmente um acidente.

Continuamos ali abraçados, com as camisas encharcadas de lágrimas e com a sensação de vazio no peito, o qual eu imaginava ser 1000 vezes pior para o moreno, já que ele perdeu a única família de sangue que conhecia e que gostava de verdade. 

[...]

Passaram-se duas semanas desde a morte de Linsey e, desde então, nunca mais tinha visto Noah. Ocasionalmente, eu mandava mensagens perguntando se ele estava melhor ou se queria minha companhia, porém o moreno sempre respondia que estava tentando ficar bem e que precisava de mais tempo- ou seja- espaço. Eu respeitava isso, até porque jamais saberia o sentimento que o assolava naquele momento.

Tinham dias em que eu parava no meio de alguma tarefa e ficava apenas encarando o nada, com o coração pesado e a sensação de angústia apertando o peito. Imagine isso multiplicado por mil. Talvez nem chegasse perto do que Noah sentia.

Entretanto, o fato de Noah evitar falar comigo era levemente estranho. Eu sei que lidar com um processo de perda requer tempo e espaço, mas ele costumava a dividir seus pensamentos comigo. Quando algo o abalava ou incomodava, o moreno sempre trazia a questão para conversarmos. Por que agora está sendo diferente? 

Foi pensando acerca disso que, pela primeira vez em duas semanas, eu escutei a campainha tocar. E acho que imagino quem seja.

- Oi.

Noah- Oi.- disse, meio abatido. Contudo estava melhor desde a última vez que o vi. Ao observá-lo, notei um mala grande ao seu lado.

- Você vai se mudar para aqui? Ou nós vamos viajar?- tentei brincar.

Ele me deu um olhar triste e um suspiro antes de responder.

Noah- Na verdade, Any, eu vim me despedir.

-Co-como assim se despedir?- dei um olhar confuso.

O moreno deu um passo adiante e eu permitir que ele entrasse. Porém, dessa vez, ele não havia encostado ou sequer fechado a porta.

Como se fosse apenas falar algo breve.

Como se fosse realmente se despedir.

-Noah, você está me assustando. Para onde você vai? 

Noah- Eu não posso dizer. Não quero correr o risco de você ir atrás de mim.

- Está indo sozinho então?

Noah- Estou.

- Tem certeza de que está em condições para isso?

Noah- Tenho.

Acho que eu não estava reconhecendo o garoto na minha frente.

- O que aconteceu com você?

Noah- Any...- começou, ignorando totalmente a minha pergunta.- Tudo que eu preciso que entenda é que eu preciso fazer isso. Que eu não vou voltar tão cedo, e que eu não quero que espere por mim.

- Do que você tá falando?- senti meus olhos começarem a marejar.

Noah- Eu espero que, quando eu voltar, você não esteja brava ao ponto de não ouvir o que eu tenho a dizer. Ainda vou justificar esse tempo em que eu sumirei.

- Noah, por favor, me deixe ir com você. Seja lá o que isso for, podemos fazer juntos. Como sempre fizemos. Por favor. 

Noah- Não, não posso permitir. Preciso resolver, entender isso, sozinho.

- Então você vai embora sem me dar uma justificativa? Sobre o que se trata?- senti minha visão embaçar e minhas bochechas molhadas.- Que droga, Noah, fala comigo. 

Ele somente negou com a cabeça. Cheguei mais perto.

- Eu te amo tanto. Por favor.- agarrei as mangas da sua camisa.

Noah- Any... se você me ama de verdade- eu balancei a cabeça em um "sim" frenético- vai ter que me deixar ir.

Soltei sua camisa, derrotada. Não acreditava no que estava acontecendo. Baixei minha cabeça. Porém, senti uma de suas mãos no meu queixo, levantando-o para que eu visse sua outra mão baixando a camisa para mostrar algo em seu ombro direito.

A tatuagem que fizemos.

Como em uma reverência, deixei meu ombro esquerdo a mostra, em uma forma de "completar" o desenho.

Ele sorriu, e a forma como o realizou e o que aquele último sorriso representava fez meus ossos doerem.

Mal enxergava direito, com a visão ainda embaçada do choro, quando ele recuou alguns passos e fechou a porta.

E aqui estava eu, sozinha de novo.

O choro veio mais forte dessa vez, e eu soluçava enquanto pegava meu telefone e ligava para primeira pessoa que apareceu na minha cabeça.

Estava no chão, encolhida na parede quando soou o primeiro toque.

No segundo, a ligação foi atendida. Estava me acalmando o suficiente para falar quando ouvi um "alô" do outro lado. 

O máximo que conseguir pronunciar foi um sussurro quando abri os lábios.

- Josh?

A Disputa || 𝑁𝑜𝑎𝑛𝑦 & 𝐵𝑒𝑎𝑢𝑎𝑛𝑦Onde histórias criam vida. Descubra agora