A Disputa || 𝑁𝑜𝑎𝑛𝑦 & 𝐵𝑒𝑎𝑢𝑎𝑛𝑦

Cap. 42

Preparem-se

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Sacramento- CA
Pov's Noah

- Já disse o quão bonita você está hoje?

Any sorri e inclina a cabeça para o lado.

Any- Você já usou essa desculpa para transar comigo, meia hora atrás.

- E não posso usá-la de novo com o mesmo objetivo?- questionei enquanto apertava sua cintura.

Any- Nah, vai ter que ser mais criativo dessa vez.- disse, ajeitando-se no meu colo. Soltei um suspiro alto.

Escuto o toque do meu celular e me estico para pegá-lo. No visor, está escrito o nome do meu tio.

- Tio Jô.- mostro o telefone para a cacheada.

Any- Atende.- fala, saindo de cima de mim. Imediatamente sinto falta do seu calor e, com um bico mal humorado na direção dela, atendo o celular. 

-Filho?

Oi, tio.

-Preciso que venha o mais rápido que puder para a delegacia.

Aconteceu alguma coisa? Josh?

-Ele está aqui comigo. Nada sobre ele. Antes de vir, olhe a mensagem que vou te mandar. 

E desligou. Estranho. Any está no banheiro quando eu desbloqueio o celular e abro na conversa do meu tio.

Venha sozinho.

- Baby?

Any- Sim?- ela aparece na porta.

- Ahn, tio Jô pediu para eu passar na delegacia.

Any- Quer que eu vá com você?

Debati comigo mesmo se eu deveria comentar sobre a mensagem.

- Não, tudo bem, eu te acompanho até em casa. - resolvi ocultar a informação. Ela só murmurou um "ok então" antes de pegar as suas coisas e sairmos.

[...]

5 dias se passaram desde o incidente na delegacia com o Josh. Apesar da coisas estarem mais esclarecidas entre a gente, tinha a sensação que ainda existia um muro entre nossa relação. Algo que impedia que um falasse as coisas abertamente para o outro. Esse foi o primeiro pensamento que veio a minha mente quando vi o loiro sentado ao lado da porta da sala de Joseph Urrea.

Josh- Seu tio mandou você entrar na sala dele quando chegasse.- disse ao se levantar. Acenei positivamente com a cabeça.

- Sua mãe está bem?- a pergunta me veio a mente assim que abri a porta.

Josh- Ah, ela está bem sim. Cheguei do hospital faz 1 hora.- ele deu um sorriso fraco antes de responder.

A informação que sua resposta trouxe levou alguns segundos até que eu a processasse corretamente. Aparentemente, ele estava aqui há muito mais tempo do que eu imaginava. O que será que o loiro e meu tio conversavam antes que eu chegasse? Seria tal assunto o tópico que necessitou minha presença, sem minha namorada?

Joseph não estava com uma cara muito boa quando avistei seu rosto. Ele estava em pé, segurando uma pasta nas mãos. Sua sala estava um caos completo, repleta de caixas e papeis. 

Jô- Eu tenho duas notícias para dar. Uma boa e uma ruim.

Acho que devo encarar isso como uma espécie de cumprimento. Suspirei antes de responder.

- A boa primeiro, eu acho.

Jô- Ótimo, você não entenderia a ruim se eu não começasse pela boa.- jogou a pasta em cima da pilha de papeis em cima da mesa.- Pedi que Linsey trouxesse alguns arquivos da sua mãe biológica na formatura de vocês.

Ao se referir no plural, notei que Josh também estava na sala.

- Deve ter sido por isso que ela saiu tão apressada daquele almoço.- pensei alto.- O que encontrou?

Jô- Muitas coisas sobre você. E sobre o acidente. Pistas acerca do seu pai.

A última informação chamou a minha atenção.

Jô- De fato, o sujeito não quer ser encontrado. A única pessoa que sabia de verdade quem ele era morreu faz três anos. As notícias sobre o episódio, incompletas ou com furos grotescos. Propositalmente, eu suponho.

Josh- Então... o acidente era, na verdade, um pretexto para que você sumisse da vida do cara. Que acolhedor.

Jô- No diário da sua mãe, ela diz ter se arrependido amargamente de deixar você com ele. Ela achava que o acidente foi realmente forjado para se livrar da responsabilidade de cuidar de um bebê. Ela viveu 17 anos com essa culpa.

- Mas eu não estava morto.

Jô- O que levanta outra questão. Quando eu te encontrei, você estava muito longe da cena do acidente. Como se alguém tivesse te colocado àquela distância propositalmente. Isso sem contar a papelada para a adoção, foi tão fácil...

Josh- Como se alguém muito importante estivesse mexendo os pauzinhos para que tudo desse certo.

- Tá, sabemos que meu pai é um psicopata que tem muito desprezo por mim. O quê mais?

Sinto a mão calorosa de Josh no meu ombro antes de meu tio prosseguir.

Jô- Josh estava me contando ontem sobre uma história que ouviu na noite que passou na delegacia. Uma história contada pelos detentos.

Josh- Basicamente, eles falavam sobre um empresário muito famoso da Califórnia, que tinha um filho ilegítimo, o qual a esposa grávida descobriu e ficou furiosa, apesar de aceita-lo como parte da família. Eles foram para o Brasil, onde aconteceu um acidente de carro, e o filho foi dado como morto.

- Linsey falou algo parecido mas... na versão dela, a esposa não estava grávida. Além disso, o que faz vocês acreditarem na história desses caras? Nós nem os conhecemos.

Josh- Eles foram temporais. Deram o mês, quase uma data. Lembro que foi nos primeiros 10 dias de outubro. 17 anos atrás.

Jô- E, se a gente pesquisar- ele me mostra uma reportagem onde a manchete diz "GRANDE EMPRESÁRIO DE LOS ANGELES SE TORNA PAI APÓS PERDA RECENTE DE UM FILHO".

- Minha cabeça tá começando a doer. Isso significa que, temos um possível nome? Como vamos saber se esse cara é realmente meu pai?

Jô- Precisamos dos arquivos brasileiros e, se possível, encontrar as pessoas que estavam lá no dia do acidente. Talvez tenha um relatório.

- Ok. E quem seria esse grande empresário?

Tio Joseph e Joshua trocam olhares expressivos.

Jô- Essa é a notícia ruim.

- Vocês não sabem quem é o cara?

Josh- Sim, mas... esse era o motivo pelo qual você deveria vir sozinho.

- Sem a Any? Por que ela não pode saber?

Jô- Porque, Noah, o nome do cara é Marcos. Marcos Soares. Isso te lembra alguma coisa?

Familiar. Familiar demais. Sinto que vou despencar a qualquer minuto. Poderia ser um coincidência, não poderia? De muito mal gosto, aliás. Mas as peças começam a se encaixar na minha cabeça muito rápido, ao ponto de o ar escapulir dos meus pulmões.

Porque isso leva a pior das hipóteses possíveis.

Any Gabrielly é, possivelmente, minha irmã.