Arthur - Captura a Bandeira

700 73 22
                                    

Passamos praticamente o dia todo andando pelo acampamento. De vez enquando, ouvia os campistas falando sobre "os novatos" e a troca de corpo da Agatha. Liz e Thiago decidiram que iriam nos ensinar a pelo menos segurarmos nossas armas para o Captura Bandeira, que na minha humilde opinião, poderiam mudar o nome para Jogos de Guerra, (sério, é um bando de adolescentes correndo por aí com armas e lutando) única coisa que esse jogo tem em comum com caça bandeira é o conceito.
Nós estávamos indo em direção a Arena de Treinamento. Thiago e Joui estavam atrás do resto do grupo, quando um garoto negro com marcas pela pele (acho que se chama vitiligo) se aproximou de nós.
– Oi gente! 
– Oi Fernando – cumprimentou Liz.
– Eu fiquei sabendo que temos mais um filho de Apolo no acampamento – disse Fernando.
– Sou eu  – respondi.
– Bem vindo, irmão!  – Fernando me abraçou.
– Obrigado – disse eu.
 – Nossos irmãos do chalé 7 sempre ficam animados com novos campistas nossos – disse Fernando. –  Vem! Eu vou te apresentar para o pessoal!
Olhei para trás e pensei no que aconteceria comigo se eu chegasse no Captura a Bandeira sem saber como segurar meu arco.
– É... Fernando, eu preciso treinar para o Captura a Bandeira, eu não sei nem como apoiar a flecha no arco – disse eu.
– Ah, sem problemas, eu posso de ajudar, se você quiser – disse Fernando.
– Graças aos deuses – disse Liz. –, não vou passar a humilhação de tentar ensinar arco e flecha para um filho de Apolo.
Eu e Fernando passamos o caminho todo conversando, ele me contou como chegou no acampamento.
– Então... o Luciano é seu namorado que achava que você era um mortal e namorava com você achando isso, quando na verdade você também é um semideus? – perguntei.
– Resumiu bem a história – disse Fernando rindo.
– Ô rapaziada, pra onde vocês estão indo? A arena é aqui – disse Liz.
Percebi que Thiago e Joui continuaram andando mesmo depois de já termos chegado. Eles voltaram correndo.
Liz e Cesar foram em direção ao alvos, Liz começou a explicar como mirar.
Joui destampou a caneta-espada, dessa vez não a deixou cair. Peguei o meu arco também.
– Vamos, lá – disse Fernando indo  direção aos alvos.
Fernando ficou atrás de mim me instruindo, enquanto eu tentava me concentrar em mirar. Confesso que estava nervoso. E se eu não conseguisse? Que tipo de filho de Apolo eu seria se não conseguisse nem atirar com arco e flecha?
Com a ajuda do meu meio-irmão, consegui acertar o alvo, não foi no meio, mas acertei.
– Muito bem – disse Fernando. – Tente você sozinho agora.
Era o que eu temia que ele pedisse.
Tentei fazer como instruído. Me lembrei de deixar os braços firmes, esticados e retos. Mirei bem antes de atirar a flecha (acho que até passei mais tempo nessa parte do que deveria).
Atirei receoso apesar te ter passado um bom tempo mirando. Consegui acertar novamente, próximo ao local em que a flecha anterior havia parado.
– Até que não é tão difícil – me senti aliviado –, é parecido com jogar dardos.
– Você joga dardos? – perguntou Fernando.
– Sim, um amigo da minha mãe me ensinou – expliquei. – O Gregório é muito bom nisso.
Ele abriu um sorriso.
– Agora entendi porque sua mira já é tão boa, você já tem experiência com isso.
– Você acha minha mira boa? – perguntei sinceramente surpreso.
– Claro. Para um arqueiro iniciante, você está indo muito bem.
Não pude evitar de sorrir.
O resto do treino ocorreu bem, tirando o Cesar de alguma forma quase ter me acertado com uma pedra, eu gostei muito. Nunca achei que gostaria de fazer algo assim.
– Desculpa, Arthur! Desculpa, desculpa...– Cesar se desculpava desesperadamente.
– Tá tudo bem, amigão – fiz um carinho no ombro no mais alto. – Você não me acertou.
Liz ria da situação.
– A gente precisa treinar mais essa mira, Cesinha.
– É, eu percebi – eles voltaram aos alvos, dessa vez, Liz ficou ao lado de Cesar.
– Só por precaução. Não quero levar uma pedrada na cara – disse ela.
Tirando o incidente com a pedra, Cesar parecia estar indo bem.
Olhei para o espaço em que Thiago e Joui treinavam.
Vi Thiago recuando do golpe de Joui, logo em seguida, ele foi para cima do asiático. Joui conseguiu bloquear o ataque. Thiago tentou contra atacar. Joui desviou facilmente.
Antes que pudesse preparar um novo ataque, a lâmina da Katana de Joui atingiu a base da espada de Thiago e ele a girou, pondo todo seu peso em um golpe para baixo.
A ponta da katana de Joui estava a poucos centímetros do peito do instrutor.
Joui baixou a espada.
– Sinto muito, Thiago-Sensei... eu não queria...
– Que sente muito o quê, me mostre aquilo de novo! – o incentivou abrindo um sorriso.
– Seus amigos também são bem abilidosos – notou Fernando.
– É, eles são sim – disse orgulhoso deles.
– Bom, é melhor voltarmos, já vai dar o horário do jantar – disse Fernando.
Dito e feito, ao longe, uma trombeta soou reafirmando o que meu irmão havia dito.
Liz e Thiago se separam de nós para ir com seus irmãos até o pavilhão. Cesar e Joui resolveram vir comigo e com Fernando, já que ainda não haviam sido reclamados.
Entrei no chalé correndo, não demorou muito até que chegassemos.
– Gente, esse é o Arthur – Apresentou Fernando.
– Oi, bem vindo – cumprimentou um garoto.
– Bem vindo ao Acampamento Meio-Sangue – disse um garotinho de no máximo seis anos se aproximando se mim.
– Oi, obrigado – respondi.
– Quem são esses? – ele apontou para Joui e Cesar.
– Eles são nossos amigos, Henrique, ainda não foram reclamados, então hoje vão jantar conosco – explicou Fernando.
– Oi, eu sou o Joui – cumprimentou se abaixando para falar com Henrique. – e aquele é o Cesar.
– Ele pacere ser bravo – disse Henrique.
Não consegui segurar o riso, Cesar pareceu genuinamente ofendido.
– Não, ele é só meio emo assim mesmo, mas é gente boa – disse eu. 
– Eu não sou emo! – sabia o quando o cabeludo se irritava ao ser chamado desse jeito.
– O que é emo? – perguntou Henrique.
– É um estilo de vida – respondi.
Fernando riu e pegou Henrique no colo.
– Ok, vamos lá. Chalé 7, para o pavilhão.
Todos formaram um grande grupo, me senti em uma excursão escolar, quando chegamos. Todos já estavam lá.
Vi Thiago sentado na mesa 10 com seus irmãos.
Agatha estava na mesa 5 encolhida no canto cabisbaixa. Devia ter levado uma bela bronca do Dioniso.
Mais tarde, vou tentar falar com ela. Pensei.
Sr. D estava na mesa 12 com seus filhos e sr. Veríssimo estava lá também.
Liz tentava controlar seus irmãos mais novos na mesa 6. Ela olhou em nossa direção e acenou para nós.
Tristan resolveu se sentar conosco.
– Você pode se sentar onde quiser? – perguntou Joui.
– Não – Respondeu Tristan. –, mas já desistiram de tentar me fazer ficar na mesa 3. Eu odeio ficar sozinho.
Sr. Veríssimo tocou a trombeta e todos se calaram. Ele ergueu um copo.
– Aos deuses!
Todos erguemos os copos.
– Aos deuses!
Depois de nos servimos, fomos em direção a fogueira.
– Porque tá todo mundo jogando parte da comida? – perguntei.
– Oferendas queimadas para os deuses – explicou Fernando.
Depois de voltarmos aos lugares, e terminamos de comer, sr. Veríssimo tocou a trombeta novamente para chamar nossa atenção.
O sr. D levantou-se com um enorme suspiro.
– Suponho que deva dizer olá a todos vocês, moleques. Bem, olá. Como vocês bem sabem, o Captura a Bandeira será hoje. Atualmente, o chalé 5 detém os lauréis.
Um monte de aplausos disformes se ergueu na mesa de Ares.
– Pessoal – continuou o sr. D –, não me importo nem um pouco, mas congratulações. Também devo lhes dizer que temos três novos campistas hoje. Carlos Carson, Arnaldo Cevero e Jason John.
Me segurei para não rir, já Tristan não se conteu.
Veríssimo murmurou alguma coisa.
– Ahn, César Cohen, Arthur Cervero e Joui Jouki. Viva e tudo mais. Agora vão correndo para seu Captura a Bandeira bobo.
Logo depois de sr. D ter terminado seu pronunciamento, ouvi um trovão estourando no ar. Os pelos do meu braço se eriçaram e um clarão azul passou a banhar todos na minha mesa.
Virei a cabeça bem devagar para o lado. Vi um Joui atordoado com um raio azulado faiscando em cima de sua cabeça.
– Me fala que não é o que eu estou pensando – Joui olhou para cima e se levantou assustado ao perceber o símbolo.
– Isso é incrível! Esse raio é de verdade? – Cesar esticou sua mão até o símbolo, sem encostar. Seus cabelos se arrepiaram.
Vi Thiago, Liz, Agatha e Nathaniel virem correndo em nossa direção.
– Que foda! – disse Agatha.
– Muito foda – disse eu.
Liz se aproximou de Joui, parecia preocupada.
– Você tá bem? O raio de atingiu? Está sentindo alguma coisa diferente?
– Eu tô bem, Liz-Sempai – O sinal em sua cabeça já estava desaparecendo.
– Acho que não é só minha mãe que gosta de chamar atenção... – disse Thiago.
– Aí meus deuses – Tristan abraçou Joui.
– Não falei que você era bem poderoso? – disse Nathaniel convencido.
Sr. Veríssimo tocou a trombeta novamente ao perceber os demais campistas se aproximando curiosos.
– Está determinado.
Liz ainda examinava Joui. Eu, Cesar, Thiago, Agatha, Tristan e Nathaniel continuamos ao lado do asiático também.
– Zeus – disse sr. Veríssimo. – Senhor dos deuses e dos trovões. Salve, Joui Jouki, Filho do Deus dos Céus.
Chegou a hora da Captura a Bandeira.
Os campistas aplaudiram quando Liz entrou com Mia e mais um garoto carregando o estandarte. Tinha três metros de comprimento, reluzindo em cinza, com a pintura de uma coruja em cima de uma oliveira. Do lado oposto do pavilhão, Luciano entrou junto de Agatha e mais um de seus irmãos com o outro estandarte, o dele era vermelho, com a pintura de uma lança e uma cabeça de javali.
Joui estava encolhido ao meu lado, desconfortável com os olhares em si. Tristan e eu tentavamos acalmá-lo.
– Ares e Atena sempre lideram as equipes? – perguntou Cesar.
– Quase sempre – disse Thiago.
– Nós iremos jogar no mesmo time e espero que Zeus esteja do nosso lado também, certo? – disse Thiago.
– Sim – ele disse inseguro. – Mas eu tenho que participar mesmo?
Antes que pudesse responder, começaram a anunciar as equipes.
Atena tinha se aliado a Poseidon, Zeus, Afrodite, Íris, Hipnos, Hécate e Apolo.
Ares tinha se aliando a Deméter, Hermes, Dioniso, Nêmesis, Hebe, Nice, Tique e Hefesto.
–  Apolo não está com Ares? O Luciano e o Fernando brigaram? – perguntou uma garota loira do chalé de Afrodite.
– O Fer quer provar para o Lu que o chalé 7 pode capturar a bandeira sem a ajuda dele – contou Tristan. – O Fernando se acha fraco demais, ele quer provar para si mesmo que é capaz.
– Ata, já estava achando que eles terminaram, que susto – disse a loira.
– Heróis! – anúncio sr. Veríssimo. – Vocês conhecem as regras. O riacho é o limite. A floresta inteira está valendo. Todos os itens mágicos são permitidos. A bandeira deve ser ostentada de modo destacado e não deve ter mais de dois quadras. Os prisioneiros podem ser desarmados, mas não podem ser amarrada ou amordaçados. Não é permitido matar nem aleijar. Serei o juiz e médico do campo de batalha. Armem-se!
Ele estendeu as mãos e as mesas se cobriram de equipamentos.
– Nossa, vamos ter que usar essas armaduras? – perguntei.
– A não ser que queria ser espetado pelo meu namorado e seus irmãos... – disse Fernando brincando. – Aqui, acho que esses devem servir em você.
Ele me entregou a armadura e eu vesti.
– Seguinte – Liz veio em nossa direção. – Joui e Tristan iram ficar de patrulha da fronteira.
– Porque sou sempre eu que fico na fronteira? – reclamou Tristan.
– Você precisa ficar perto do riacho pra tacar água em qualquer um que tentar roubar a bandeira – lembrou a loira terminando de vestir a armadura.
– Bom, um filho de Poseidon e um filho de Zeus... pode ser uma boa combinação de poderes – disse Tristan para Joui. – Você sabe conjurar raios?
– Eu não sei nem quais são meus dons e sei menos ainda controlá-los.
– Normal, já passei por isso – ele colocou uma mão no ombro do asiático. – Vamos descobrir o que consegue fazer.
– Perfeito – disse Liz. – Arthur, Cesar, vocês vem comigo e com Thiago.
Thiago assentiu positivamente, parecia animado para o jogo começar.
– Tá doida? Que parte de "eu não vou me dar bem com combate corpo a corpo" você não entendeu? – disse Cesar.
– Só confia, a gente vai estar com você – falou Thiago.
– Tá bom – disse Cesar e foi colocar a armadura.
– O que tu fez com ele? – perguntei. – O Cesar nunca dá o braço a torcer tão fácil assim.
– Usei o charme nele – disse Thiago. – Provavelmente, quando se tocar do que aconteceu já vamos estar no meio da batalha.
– Tem como me ensinar a fazer isso? – perguntei brincando.
– Equipe azul, em frente! – disse Liz.
A seguimos para baixo pelo caminho para os bosques do sul. A equipe vermelha seguiu em direção ao norte.
Consegui alcançar Liz na frente sem muito esforço.
– Então, qual é o plano? – perguntou Cesar.
– Só digo para ter cuidado com o chalé de Hermes e o chalé de Ares, você não vai querer lutar com eles. – avisou Liz. – E sempre fique junto de Thiago.
– Tá bom – disse Cesar.
– Vai ser fácil – Disse Thiago – Só precisamos manter os vermelhos longe.
– Exato, o resto deixem comigo. Atena sempre tem um plano – disse Liz.
Ela continuou marchando, nos deixando para trás.
Thiago nos posicionou em um local em que conseguimos ver grande parte do nosso território e do território inimigo. Atrás de nós, conseguia ver ao fundo Joui e Tristan.
Ao longe, a trombeta soou novamente. Ouvi brados e gritos nós bosques, gente lutando. Fernando passou por nós correndo e desapareceu em território inimigo.
Ainda bem que não estou no meio daquilo. Pensei.
– Thiago... – chamei – a gente não vai ter que lutar de verdade, né?
– Vai. Mas como eu disse antes, ninguém vai se machucar muito e vocês estão comigo. Eu ataco na linha de frente e vocês atiram de longe.
Pensei em Henrique. Eles não deixariam uma criança estar no meio disso, né? 
Cesar parou bruscamente.
– O que foi? – perguntou Thiago.
– Tem alguém aqui – ele olhava ao redor atentamente.
– Como pode ter certeza? – perguntei.
– Vocês não sentem a... presença das pessoas? – perguntou Cesar.
Quando me dei conta, vários guerreiros do time de Ares saíram das moitas, entre eles, Agatha com sua lança na mão.
Eles atacaram juntos. Thiago levantou seu escudo amarelo.
Eu não sabia o que fazer. Poderia correr ou lutar contra metado do chalé de Ares.
Cesar brotou do meu lado e levei um susto.
– Da onde você surgiu? – disse eu.
– Ué, eu corri pra cá – disse e apontou a funda para um filho de Ares.
– Pareceu que você tinha sumido por um momento... – disse Thiago brandindo a espada. – talvez seja uma manifestação dos seus poderes... mas nunca vi isso antes. 
Um garoto me atacou por trás, consegui desviar do golpe. Cesar havia sumido novamente e agora pude ver claramente o que estava acontecendo: ele se misturava as sombras, como uma camuflagem de camaleão. O cabeludo estava usando sua nova abilidade a nosso favor, ele desaparecia e atacava por trás.
Enquanto isso acontecia, Agatha veio para cima de mim.
– Desculpe, Arthur – ela investiu a lança contra mim.
Consegui desviar novamente. Dessa vez, não fiquei totalmente ileso, um pedaço da manga da minha camiseta ficou com Agatha.
Recuei para perto de Thiago que tinha acabado de derrubar o garoto que estava lutando com ele. Preparei meu arco, pequei uma flecha na aljava e mirei em Agatha.
Eu não posso machucar ela.
Pensei em algo. Não tinha certeza que iria dar certo mas era alguma coisa. Mirei mais para o lado.
Consegui acertar a manga da camiseta do acampamento de Agatha, ela ficou presa na árvore atrás dela. Não duraria muito tempo, mas não precisa, Thiago disse que só precisávamos distrair os vermelhos, não necessariamente atacar pra valer.
Mais um vermelho veio para cima de mim. Thiago, que estava ao meu lado, pulou na minha frente e o contra atacou usando o mesmo golpe que vi Joui fazendo enquanto treinavam, ele conseguiu desarmá-lo.
O último vermelho tentava acertar Cesar que parecia estar brincando de pega-pega com ele.
Cesar tentou atacá-lo mas o garoto foi mais rápido, ele desferiu um golpe contra o braço dele com sua adaga, fez um corte relativamente grande. Ver o sangue do meu amigo me deixou zonzo.
– Ei! – Agatha gritou enquanto tirava minha flecha de sua manga. – Isso é contra as regras, Henri!
– Acho que perdi o direito a sobremesa. – ele tentou atacá-lo novamente.
Cesar conseguiu recuar e desapareu nas sombras.
Agatha apontou a lança para o meio irmão.
– Qual é o seu problema?
– Para com isso, Agatha, só foi um cortezinho de leve – disse Henri.
– Mas você teria feito pior se ele não tivesse fugido, eu sei como você é – disse Agatha se aproximando do garoto com lança apontada para seu peito. – Eu já devia ter contado para o sr. Veríssimo tudo que você faz a muito tempo.
– Você não teria coragem – disse Henry. – Agora, sai da minha frente, a gente ainda tem um jogo para vencer.
– Será que o Joui realmente está certo? – Cesar se materializou do meu lado.
– Quê? – levei outro susto.
– Sobre causar a rachadura na Nostradamos, acha que eu conseguiria fazer aquilo de novo?
– Eu não sei... – disse sincero.
– Vou testar minha teoria – Cesar desapareceu novamente mas logo reapareceu atrás de Henri, um pouco mais longe dessa vez, ele não conseguiria acertá-lo novamente.
Ele se agachou no chão, parecia concentrado. Uma pequena rachadura apareceu no chão, ela foi se alastrando mais até ficar em baixo de Henri.
– Se preparem para sair correndo. Eu vou acompanhar vocês pelas sombras. – disse Cesar.
A rachadura se abriu, Henri caiu dentro dela, como se fosse um fosso sem água.
Olhei para o lado, Thiago estava boquiaberto. Puxei seu braço e recuamos em direção ao rio deixando Agatha para trás,  Joui e Tristan estavam completamente encharcados, não havia nenhum inimigo por perto. Cesar chegou um pouco depois de nós.
– O que aconteceu com vocês? – perguntou o cabeludo.
– Cesar-Kun! De onde você surgiu? – perguntou Joui.
– Das sombras! Eu descobri que consigo meio que desaparecer no escuro, aliás, sua teoria estava certa, fui eu quem rachou o chão da escola – Cesar apontou para a grande rachadura no meio do bosque.
– Você fez aquilo? – perguntou Tristan.
– Sim – disse eu. – Eu garanto que foi ele.
De repente, ouvi gritos de comemoração, e vi Fernando correndo em direção à linha de limite com o estandarte da equipe vermelha erguido alto. O pessoal de Ares se levantou para ajudar Henri sair do buraco (todos menos a Agatha).
Quando Fernando voltou para o território amigo, o estandarte vermelho tremulou e ficou amarelo. O javali e a lança foram substituídos por uma lira, o símbolo de Apolo.
O jogo terminou. Tínhamos vencido. 
Eu estava prestes a me juntar ao nosso time quando um símbolo muito do extranho apareceu em cima da cabeça de Cesar.
Vi Liz vindo em nossa direção, junto dos demais campistas ao verem o que estava acontecendo.
– Eu realmente não devia ter subestimado ele – disse Liz.
– Que troco é esse? – perguntei apontando para o símbolo.
– Não faço ideia – disse Thiago.
Sr. Veríssimo se aproximou soprando a trombeta.
– Esta determinado. Hades, Senhor do submundo. Salve Cesar Cohen, filho do deus dos mortos.
Todos começaram a se ajoelhar. 
Joui, que ainda estava encharcado, abraçou Cesar.
– Só pode estar de brincadeira, eu sou filho do deus dos mortos?
– Veja pelo lado bom, agora todos nós fomos reclamados – disse Joui.
– Ai! – Cesar se afastou – O que foi isso?
– Resquícios se eletricidade no meu corpo, eu acho. Eu aprendi a conjurar raios com o Tristan.
Eu sorri. Passamos nossa vida toda tentando se adequar a uma sociedade que não nos pertencia, ver meus amigos finalmente se encontrando me trouxe uma sensação de alívio muito grande.
Tristan se juntou ao abraço.
– Vocês dois estão me molhando inteiro! – reclamou Cesar.
– Foda-se! – Tristan apertou mais o abraço. – Vocês dois são os únicos como eu aqui, chegaram ontem mas já considero pacas, acham que nós podemos nos considerar os Três Grandes dos semideuses?
Por um momento me senti inseguro, e se acabarmos nos afastando por eu não ser um filho dos Três Grandes? E se eu acabar sendo deixado de lado?
– Arthur! – Chamou Joui com um dos braços abertos.
Entendi o que ele quis dizer. Me aproximei para abraçá-los.
_________________________________________
A equipe Brasa vai ser um bando fofoqueiros de primeira nessa história, o bom de escrever é que você pode transformar seus headcanons em verdade kkkk.
Obs: Erin não foi esquecida, pelo contrário. Vocês verão nós próximos capítulos.

O Segredo No AcampamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora