Cesar - Segredo

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Passamos o resto da tarde conversando, Agatha nos contou o que aconteceu no acampamento durante o tempo em que estávamos fora. Como esperado, os olhares dos campistas (principalmente dos novatos curiosos) nos acompanhavam e os murmúrios eram constantes.
Esse povo não tem mais o que fazer além de cuidar da vida alheia? Pensei.
Comecei a me sentir nervoso com todos aqueles olhares, mas não demorou até que Arthur e Joui notassem minha inquietação e sugerirem irmos um local em que não tivessem tantas pessoas.
- Obrigado - disse em voz baixa.
- Você não precisa agradecer - disse Arthur. - Nós cuidamos um do outro, como sempre fizemos.
Sorri genuinamente. Desde que éramos pirralhos esses dois tinham esse brilho dentro deles, uma habilidade que sempre invejei de fazerem os outros se sentirem bem somente com sua presença.
Arthur parecia um sol de tão radiante, por onde quer que fosse fazia amizades com uma facilidade que me assustava, é impossível não gostar de sua personalidade sincera e bondosa, sem medo de demonstrar o que sente, é o tipo de pessoa que todo mundo nota quando entra na sala.
Joui conseguia cativar qualquer um com sua gentileza, eu nunca conheci uma pessoa tão amorosa quando ele, sempre se demonstrando disposto a ajudar os outros e sendo o mais educado possível, é tão fofo ver o quão genuinamente se importava em cuidar daqueles que ama.
- Joui! - reconheci aquela voz falsa de longe.
- Será que dá pra gente ir mais longe ainda? - perguntei.
- Deixa disso, Cesar - disse Agatha - ele só deve estar preocupado com o Joui.
Inspirei fundo, não acredito que todo o meu trabalho de ignorar Nathaniel por um dia inteiro ia ser jogado no lixo justo no momento que parecia estar tudo dando certo.
É pelo Joui. Pensei enquanto via o loiro andando em nossa direção com um grande sorriso.
Ele abraçou o asiático que retribuiu o gesto.
- Você tá bem? - ele perguntou. - Eu estava com muito medo de que o pior tivesse acontecido.
Odiei ter me identificado com o sentimento de Nathaniel, mas também tive muito medo de perder Joui enquanto ele estava desacordado naquela maca. Vendo pelo lado menos pior, tive um dia inteiro para pensar e refletir no quão idiota fui na missão inteira. Eu estava com mais raiva de mim mesmo do que do próprio Ares, eu fui tão burro, tão fraco.
- Eu estou bem - Joui se afastou.
- Ares fez isso, não é? - Nathaniel passou a mão por cima da cicatriz do asiático.
O loiro parecia realmente preocupado, mas isso não me fez desistir de querer dar uma voadora nele.
- Sim - Joui tirou a mão de Nathaniel de seu rosto.
Fiquei surpreso com a reação de Joui, ele não ligou nem quando Nathaniel beijou sua bochecha, porque isso agora? O próprio loiro também notou essa mudança, ele parecia confuso.
- Olha, quem diria que três semideuses novatos lutaram contra Ares e sobreviveram - Nathaniel se virou para mim e Arthur. - Vocês já fizeram muito do que vários de nós nunca pudemos fazer em anos.
- Uhum - foi tudo o que respondi.
Arthur sorriu.
- É bom estar de volta.
- É bem impressionante na verdade - Agatha observou. - Vocês começaram em cinco e voltaram com oito, ou são muito sortudos ou a Liz é a melhor estrategista da história do acampamento.
- É, mas nem todos conseguiram voltar... - disse Arthur triste.
Ele estava certo, Thiago ainda não havia retornado, fazia relativamente pouco tempo desde seu desaparecimento mas nós conseguimos voltar em questão de horas, se nada tivesse acontecido, Thiago já estaria aqui.
- O Thiago-Sensei não está morto! - exclamou Joui. - Eu sei que não.
Encaramos o asiático em silêncio por alguns segundos, ele falou aquilo com tanta certeza que comecei a me questionar se era somente uma suposição.
- Como assim você sabe? - perguntei.
- É que... temos que ter esperança - disse Joui. - faz muito pouco tempo para tiramos qualquer conclusão e...
Ele parou de falar assim que segurei seu pulso, Joui claramente estava mentindo.
O asiático inspirou fundo já sabendo que havia sido descoberto.
- Jou, você sabe que pode nos contar qualquer coisa, não é? - deslizei minha mão até a sua e entrelaçei nossos dedos.
- Eu sei...
- Então, o que você tá escondendo? - perguntei.
- Não é nada de mais... - disse ele. - se fosse importante eu já teria contado, não se preocupe comigo.
Ele tirou uma mecha que caia sobre meu rosto, a colocando atrás de minha orelha, o que me fez meu rosto começar a esquentar perceber o quão perto estávamos.
- Deixa ele - Agatha o defendeu. - Eu também não conto tudo pra vocês, todo mundo tem segredos.
- Ela tá certa - disse Nathaniel. - Vocês não podem forçar ele a contar.
- Joui, a gente te conhece - Arthur continuou, ignorando o que Agatha e Nathaniel disseram. - Você está tentando guardar alguma informação para não nos proteger, mas nós estamos juntos nessa, você não tem que fazer tudo sozinho.
- Não! Não é isso! - disse Joui. - Você não entendeu...
- Então explica - disse Arthur. - Pensa em como a Liz vai se sentir se você dizer o que sabe sobre Thiago.
- Eu já falei - disse Joui. - ele esta vivo, é tudo o que eu sei.
- Como você sabe disso? - perguntei preocupado, ele dizia a verdade, mas claramente estava omitindo algo.
- Eu... eu prefiro não dizer isso aqui - ele ainda estava relutante. - Cesar-Kun, preciso falar com você, a sós.
- Só com ele? - Arthur e Nathaniel perguntaram em uníssono.
- Você não pode contar uma coisa dessas pela metade e ir ficar de segredinho com o Cesar depois! - Agatha reclamou.
- Desculpa, mas isso tem haver com ele - disse Joui. - É meio pessoal.
- Como o desaparecimento do Thiago tem haver comigo? - perguntei.
- Não tem - disse ele.
Novamente ele não estava mentindo, o que me deixou sem entender nada.
O restante do grupo parecia tão confuso quanto eu. Arthur estava muito preocupado com o amigo, Agatha estava curiosa para saber mais sobre o que Joui estava escondendo, já Nathaniel parecia estar mais interessado saber em quando eu ia largar Joui (os olhares dele para nossas mãos não eram nada discretos).
Aquilo não fazia sentido nenhum, mas confiava em Joui e ele devia confiar muito em mim também para querer me contar o que tanto relutava em falar na frente de todos.
Antes que pudesse dizer algo, o som de uma trombeta ecoou pelo acampamento, anunciando o horário do jantar.
- Finalmente! - Agatha comemorou. - Vamo pro pavilhão, eu tô morrendo de fome.
Fomos acompanhados por Nathaniel que ia na frente junto de Joui e Agatha.
- Cesar, você esqueceu de me contar alguma coisa depois que eu desmaiei? - Arthur me perguntou. - Algo relacionado ao Joui?
- Não - disse eu. - Não faço idéia do que está acontecendo, muito menos de como eu tenho haver com isso.
- Só me promete que vai cobrar ele de te contar - Arthur pediu. - eu preciso saber se está ele realmente está bem.
- Eu vou tentar falar com ele depois da fogueira - tentei tranquilizar Arthur.
- Como você pretende fazer isso se nós não podemos sair dos chalés a noite? - Arthur perguntou. - Acho melhor esperar até amanhã.
- Eu dou meu jeito - disse fechando o zíper de minha blusa, já estava começando a esfriar.
Eu estava tão preocupado quanto ele, juntando isso a curiosidade de saber o que eu tenho haver com o que Joui havia dito sobre Thiago, nem fodendo que iria esperar o dia seguinte para descobrir.
- Só não se mete em encrenca, pelo amor de Apolo - disse Arthur rindo.
- Não prometo nada.
Nos sentamos junto de Joui na mesa 1. Nathaniel prontamente foi com seus irmãos para a mesa 11, ele estava mais quieto e sério do que o normal, não que eu estivesse preocupado, só foi algo que notei.
Tentamos convencer Liz a vir se sentar conosco mas ela não quis, ninguém ousou questionar, estavam sendo dias difíceis para todo mundo e cada um tem sua forma de lidar com isso.
Antes de retornarmos a mesa, Joui resolveu falar para a amiga o que nos dissera sobre Thiago.
- Joui, você tem certeza do que está falando? - Liz perguntou séria.
- Sim.
- Como? - ela perguntou. - Como você tem essa informação?
- É uma longa história, aqui não é o melhor lugar para discutirmos sobre isso.
Liz olhou em volta, seus irmãos olhavam para nós e cochichavam entre si curiosos.
- Tem razão - a morena concordou. - Amanhã conversamos.
Não conversamos muito durante o jantar, todos estavam imersos em seus próprios pensamentos.
A trombeta soou novamente para voltarmos nossa atenção para Veríssimo e sr. D, até tentei procurar por Kenan, mas percebi que nem com os mais velhos ele estava.
- Campistas, como vocês bem sabem a equipe encarregada pela nossa última missão autorizada retornou a pouco tempo - Veríssimo relembrou. - Sabemos que vocês ainda estão apreensivos, mas precisamos do relatório da missão antes de tirarmos qualquer conclusão.
- Amanhã de manhã faremos uma reunião de emergência com os concelheiros chefes - disse sr. D.
De imediato, os campistas começaram a cochichar entre si.
Sr. Veríssimo tocou novamente a trombeta de concha, fazendo com que todos se calassem.
- Além dos concelheiros chefes, todos da Equipe E também deveram comparecer - disse ele. - Eu sei o que vocês estão pensando, crianças, mas não temos o que fazer por enquanto, descansem por hoje, teremos muito trabalho pela frente.
- É como ele falou - disse sr. D mau humorado. - Agora vão para sua a fogueira idiota.
Apesar do anúncio, os campistas estavam bem mais animados do que ontem, eles cantavam as cantigas do acampamento e conversavam alegremente, mas eu estava mais preocupado com Joui. Primeiro eu quase o matei, por conta disso ele ficou desacordado por um dia inteiro, ganhou uma cicatriz permanente e agora estava escondendo algo importante de nós e queria falar a sós comigo sobre isso.
Senti um peso em meu ombro, olhei paro o lado e vi que Joui havia apoiado sua cabeça em mim sem falar nada, sorri meio bobo.
Olhei em volta entediado. O céu estava repleto de estrelas, algo raro de se ver para quem viveu a vida inteira em Nova York, onde população respira poluição vinte e quatro horas por dia, outra coisa notoriamente diferente era o quão escuro o acampamento era a noite, era muito mais fácil me misturar nas sombras aqui do que se tentansse fazer o mesmo na cidade grande.
- Vai deixar o cabelo crescer? - Joui finalmente quebrou o silêncio, passando os dedos por minhas mechas.
- Vou - disse eu. - Eu queria deixar até minha cintura, o que você acha?
- Eu acho que você é lindo de qualquer forma - senti os lábios do asiático em minha bochecha.
Meu coração disparou, de todas as vezes que Joui me fez desestabilizar nunca foi por algo tão direto, não estava acostumado a ser elogiado daquele jeito, poderia ser facilmente coisa da minha cabeça, mas aquele beijo me fez ter alguma esperança de que meus sentimentos eram recíprocos.
Esse tipo de pensamento não era novidade, era óbvio o quanto eu estava completamente apaixonado por Joui, eu já sabia disso, Arthur e Thiago sempre estiveram certos mas não conseguia tirar da minha cabeça que isso ia estragar nossa amizade.
Eu gostava de como estávamos, era uma zona segura onde eu poderia estar perto dele mesmo que de não fosse de um jeito romântico, botei na minha cabeça que sua amizade me bastava e pensei que se reprimisse tudo o que sentia passaria com tempo mas a cada dia fica mais difícil me portar da mesma forma de antes, até o próprio asiático já notou o quanto eu havia mudado meu jeito com ele.
Nunca gostei muito de contato físico, não era sempre uma coisa boa poder sentir o que os outros sentem ao tocá-los, era ainda mais difícil e estranho quando não sabia que era um empata, toda vez que tinha crises era ainda mais horrível quando vinham gente que eu mal conhecia encostar em mim para tentar me acalmar, mas com o tempo me acostumei com que pelos menos meus amigos e família me tocassem e com Joui, bem... eu gostava de seu toque, até me acalmava de alguma forma, me sentia acolhido e seguro.
Quando olhei para o lado para agradecer, vi Arthur cochichando algo para Joui.
- Arthur-San! - Joui corou.
- Me responde - disse Arthur rindo.
- Sim... - o asiático disse baixo.
- Eu sabia! - Arthur o abraçou alegremente.
- Do que você tá falando? - perguntei curioso.
- Nada não - Arthur se apressou em dizer.
- Primeiro o Jou, agora você também vai ficar escondendo coisas de mim? - disse frustrado.
- Deixa de ser dramático - Arthur riu. - Não é nada de mais.
- Na próxima vez que algum de vocês dois disser "não é nada de mais" eu juro... - não terminei a frase. - se realmente não fosse nada vocês não estariam guardando segredo!
- Para de usar bons argumentos contra nós! - Joui cruzou os braços, fingindo estar bravo.
- Vocês não vão me contar mesmo, né? - perguntei já sabendo a resposta.
- Uma hora você vai descobrir - disse Arthur. - Pode cobrar o Joui de te contar isso também.
O asiático desviou o olhar para baixo.
- Joui, quando foi que você tantos segredos? - perguntei. - Porque eu estava com você a missão inteira, está quando estava desacordado, eu literalmente só sai do seu lado para comer porque a Liz me arrastou pro pavilhão, então como?
- Você ficou comigo o tempo todo na enfermaria? - Joui sorriu, ele me olhava daquele jeito que fazia eu perder completamente o restante da postura que me restava.
- Não muda de assunto! - disse corado.
- Não vou falar aqui - disse Joui. -, eu disse que queria falar com você a sós.
- Então fala no meu ouvido, resolvido - disse eu.
- Cesar-Kun, eu não sei como você vai reagir, então prefiro disser quando estivermos sozinhos - ele insistiu.
- Você me fala que não é nada demais e depois diz que está com medo de como eu vou reagir? - perguntei. - Então é porque é importante sim.
Depois daquilo, a curiosidade de saber o que Joui estava escondendo só aumentou.
- É importante para mim e... para você também... eu acho... mas não tem nada a ver com missão ou o Thiago-Sensei - ele contou. - Cesar, eu não exitaria em contar se fosse algo que pudesse ajudar, é só uma conversa que eu já deveríamos ter tido já faz um tempo.
Apesar de negar completamente minhas especulações sobre qual seria o assunto, isso não me deixou menos curioso, só talvez mais ansioso, pelo menos fiquei menos preocupado.
- Pera, deixa eu ver se entendi direito - disse Arthur. - Você literalmente vai contar pra ele o que acabou de me dizer?
- É... - Joui disse envergonhado.
- Quanto mais tento entender, só fico mais confuso - Arthur afirmou. - Onde isso se encaixa com a conversa de mais cedo?
- Vai fazer sentido depois que você souber - Joui riu nervoso. - mas acho que o Cesar-Kun precisa saber primeiro.
- Se for o que eu acho que é, concordo - Arthur colocou a mão no ombro de Joui.
- Querem parar de falar como se eu não estivesse aqui? - disse irritado.
Comecei a ficar nervoso com esse papo todo de ser uma conversa pessoal nossa, o que ele iria me dizer? Será que Joui estava bravo contigo?
- Desculpa - disse Joui. - Vou te contar amanhã, eu prometo.
- Bom mesmo, se você não disser eu dou meu jeito de descobrir por conta própria - disse eu.
- Nessa altura do campeonato tá muito fácil de deduzir - Arthur comentou. - Vocês dois são muito lerdos e dramáticos, no começo era engraçado, agora é só irritante mesmo.
- Ei! - Joui reclamou. - Não precisava jogar isso na minha cara.
- Precisava sim e eu ainda vou fazer isso muito - disse Arthur com um grande sorriso no rosto.
Eu já havia desistido de tentar entender do que eles estavam falando e passei o resto da fogueira calado, já estava começando a ficar bravo em não ter nenhuma resposta e eles dois pioraram minha ansiedade, aparentemente, até Arthur descobriu, só eu não.
Eu não estava nem mais prestando atenção no que acontecia ao meu redor, estava ocupado pensando em como faria Joui me contar o que escondia tanto ainda naquela noite.
Nem fodendo que eu vou esperar amanhã para vir mais alguém ou aquela maldita trombeta atrapalhar. Pensei.
Assim que fomos dispensados, todos seguiram para descansar depois de mais um dia cheio de atividades e treinamentos. Arthur se despediu de nós e seguiu para o chalé 7 com seus irmãos, Joui resolveu me acompanhar até meu chalé.
Andávamos em silêncio, não era constrangedor, sua companhia era sempre agradável e muito bem vinda, acho que ambos tínhamos muito o que processar ainda, aconteceu muita coisa em muito pouco tempo, eram muitas informações, descobertas e sentimentos confusos misturados.
Ao chegarmos em frente ao chalé 13, ele se despediu:
- Boa noite - Joui me puxou para um abraço.
Retribui o gesto sem nem pensar, eu nunca negaria poder estar em seus braços, nem que se fosse por um breve momento, de alguma forma Joui parecia sentir o mesmo... não, acho que meus sentimentos devem estar influenciando em como eu li os sentimentos dele também.
Assim que ele se afastou com seu sorriso gentil de sempre no rosto, percebi que restavam poucos campistas ainda se direcionando para seus respectivos chalés.
É minha chance. Pensei.
- É melhor eu ir indo... - segurei o braço de Joui antes que ele completasse a frase. - Cesar-Kun?
Tirei força de seu lá da onde para conseguir o arrastar para dentro de meu chalé.
- O que tá fazendo? - disse ele. - A gente não pode estar fora nos nossos chalés depois da fogueira...
- Shhh! - botei minha mão na frente da sua boca para que ficasse quieto. - Se alguém pegar você aqui vai ser pior.
Joui inspirou fundo derrotado.
- Porque você fez isso?
- Me conta o que você está escondendo! - fui direto ao ponto.
- Eu já disse, amanhã eu te conto...
- Você não queria conversar comigo a sós? - o cortei. - Nós estamos sozinhos agora.
- Ô teimosia - Joui revirou os olhos. - Tudo bem, eu falo.
Sorri vitorioso e me encostei na porta, a fechando para garantir que ninguém iria nos ver.
- Desculpa te fazer quebrar as regras, mas você e o Arthur começaram a me assustar com aquela história de não saber como eu vou reagir.
- Desculpa por isso - disse Joui. - Só não achei que já ter que tocar nesse assunto tão cedo assim, não era minha intenção te deixar preocupado, eu não sei nem por onde começar...
- Que tal pelo começo?
- Você não consegue deixar de fazer piada nem nesses momentos? - disse Joui.
- Eu só não quero que você se sinta desconfortável - disse eu. -, também não queria te forçar a me contar.
- Você literalmente me arrastou até aqui contra minha vontade - disse ele.
- Desculpa - disse percebendo o que havia feito.
- Eu tô brincando, Cesar-Kun - ele riu baixo, o que aliviou a tensão que nem havia percebido que estava sentindo. - Eu ia ter que te contar uma hora ou outra mesmo, só não precisava ter quebrado as regras por causa disso!
Acabei sorrindo também.
- Você faz o maior suspense e não quer que eu fique curioso? - disse eu. - Pode me dar quantos sermões você quiser depois que me contar.
- Mas...
- Para de me enrolar, fala logo! - disse eu.
- Tá! - Joui desviou o olhar, parecia estar com vergonha. - Enquanto eu estava desacordado, Héstia não foi a única deusa que resolveu me visitar, Afrodite me contou que Thiago-Sensei está vivo.
- Afrodite? - perguntei confuso.
- Sim, ela...
- Todo esse drama pra me contar que Afrodite apareceu no seu sonho? - disse eu.
- Se fosse só isso, eu teria dito para todo mundo - Joui se defendeu.
- O que ela queria com você? - perguntei.
- Bom... é aí que você entra na história - Joui corou. - Ela falou sobre você.
- Sobre mim? - perguntei confuso. - O que eu tenho de tão interessante que fez Afrodite perder o tempo dela para falar de mim?
- Bom... ela estava bem interessa na relação que temos - disse Joui. - e... no que eu sinto por você.
- É o que? - o olhei desacreditado, meu coração parecia que estava prestes a sair pela boca.
- Cesar, vamos falar a verdade, nós não somos só amigos - Joui segurou minhas mãos e me puxou para perto. - nossas ações não condizem com amizade.
Minha mente não parecia decidir como eu deveria reagir, tanto tempo tentando esconder meus sentimentos, reprimindo por medo de ser rejeitado e aqui estávamos nós, quando o empurrei para dentro do meu chalé nunca imaginaria que esse seria seu segredo, essa paixão que tentei a todo custo esconder era recíproca? Parecia irreal.
- Cesar-Kun? - percebi que estava a tempo demais em silêncio quando Joui chamou por mim.
Ele estava com medo, apreensivo em como eu reagiria.
- O que... você quer dizer com isso? - perguntei mesmo já tendo ficado claro, eu precisava ouvi-lo dizer, tinha que ter certeza de que não era coisa da minha cabeça.
- Eu gosto de você, na verdade, estou apaixonado por você - Joui continuou. - Afrodite me ajudou a entender isso, ela falou que eu tinha que começar a demonstrar que sentia por você ou ia acabar te perdendo...
- Joui...
- E depois que acordei, percebi que você já dava sinais para mim a muito tempo, mas não, eu enfiei na minha cabeça que você ter segurado minha mão em todos aqueles momentos era só por preocupação comigo, acho que agora entendo porque Afrodite disse que eu sou muito inocente...
- Joui! - Levei minhas mãos até seu rosto para que ele me olhasse nos olhos.
O puxei em minha direção e levei uma de minhas mãos até sua nuca, passando os dedos pelos fios lisos, aproveitando o momento para observar cada detalhe de seu rosto, as iris castanhas me fitavam com surpresa por minha reação, suas bochechas estavam coradas em um tom carmesim, a grande cicatriz em formato de "x" era bem evidente, o que não o deixava menos bonito, contornei suavemente o local com o polegar.
- Eu também gosto de você - disse antes de selar nossos lábios.
A princípio só foi um selinho demorado, nossas bocas pressionadas suavemente, apreciando esse momento que tanto esperei com calma, não consegui evitar de sorrir ao sentir que Joui estava gostando tanto quanto eu. O asiático abraçou minha cintura e inclinou um pouco o rosto para encaixar melhor nossas bocas, finalmente aprofundando o beijo, não sabia o que deveria fazer direito, então deixei que meus sentimentos me guiassem, tentando transparecer tudo o que não conseguia dizer a ele com palavras naquele momento, era um beijo delicado e, ao mesmo tempo, era quase palpável o desejo de ambas as partes, como se estivessemos nos conhecendo novamente de outra forma, explorando a nova maneira demostrar afeto sem pressa.
Assim que me afastei, desviei o olhar para baixo completamente corado, toda a coragem que tive para tomar a iniciativa desapareceu.
- Eu já disse que você fica muito fofo vermelho? - Joui mantinha um sorriso gentil no rosto.
- Cala a boca - disse antes de receber um selinho do asiático.
- Mas é verdade - sorri enquanto ele me dava outro selinho um pouco mais demorado. - Você é muito fofo.
Não admitiria em voz alta (até porque nem precisa, estava estampado na minha cara) mas Joui era a pessoa que fazia eu me sentir completamente confortável só com sua presença, seus toques e seu olhar sobre mim não eram envazivos ou desconfortáveis, era com quem sentia que poderia ser eu mesmo e não seria julgado.
- Então... acho que podemos nos considerar...
- Um casal? - Joui perguntou. - Depende.
- Do que? - perguntei.
- Você quer namorar comigo? - ele perguntou.
- Eu preciso mesmo responder isso? - disse eu. - Ou eu vou ter que te beijar de novo para entender o quanto gosto de você?
- Se você quiser, eu não vou reclamar - Joui sorriu ladino.
- É claro que sim - o respondi antes de juntar nossas bocas novamente.
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Olá novamente, meus querides.
Eu ouvi um aleluia, irmanes? Finalmente os Joesar ficaram juntos.
Vocês não tem noção da quantidade de vezes que eu reescrevi essa última cena no chalé 13, nunca de fato descrevi uma cena de beijo antes (foi um dos fatores que me fizeram ficar enrolando para terminar de escrever) mas espero que tenha ficado bom.
Até o próximo capítulo =D

O Segredo No AcampamentoOnde histórias criam vida. Descubra agora