Arthur - Vazio

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Oi meus querides, como estão?
Nem acredito que chegamos mesmo ao capítulo 30, mas essa história está apenas começando. Afinal, esse universo tem muito a se explorar ainda.
Obrigado por terem acompanhado até aqui, essa história é muito importante para mim, mesmo que eu demore para postar.
O capítulo de hoje está mais curto do que o normal, mas não se preocupem que no próximo tem muita coisa para acontecer.
Bom, chega de enrolação. Boa leitura ❤️
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Estava começando a ter esperança de que talvez as coisas melhorassem depois que saíssemos para buscar por Thiago, mas é como dizem, não tem nada que já esteja ruim que não posso piorar.
Ao sairmos para o lado de fora da Casa Grande, nos deparamos com uma cena nada agradável. A Seita das Máscaras havia voltado mais cedo do que esperávamos. Vendo pelo lado "positivo", agora sim aquela maldita profecia finalmente havia se cumprido. Além de Nathaniel, centenas de campistas se juntaram as Máscaras e lutavam contra seus próprios irmãos e amigos.
Olhei para sr. Veríssimo sem saber o que fazer. Ele me encarou de volta incrédulo, eu nem conseguia imaginar como deveria estar sua cabeça naquele momento. Ele treinou todos aqueles campistas, os viu crescer e agora eles estavam lutando ao lado do inimigo.
Ele fechou os olhos com força e balançou a cabeça, como se estivesse saindo de um transe.
- Vamos, temos que ajudá-los! - Veríssimo empunhou sua espada de cabo avermelhado.
- Mas eles...
- Arthur, precisamos tirar as Máscaras daqui - disse ele. - Depois conversamos.
- Nós não podemos machucar eles, sr. Veríssimo! - insisti em choque.
- Eles já fizeram a escolha deles, estão com a Seita da Máscaras agora - ele respondeu. - Nós precisamos ajudar aqueles que ainda estão do nosso lado.
- Ele tem razão - disse Liz.
Eu sabia disso, sabia que ele estava certo, mas ainda sim...
- Joui, você consegue lutar? - Veríssimo perguntou.
Antes que pudesse dizer alguma coisa, Cesar respondeu por ele.
- É claro que não, olha como ele tá!
Joui lançou um olhar desaprovador para o namorado.
- Não me olha assim, você sabe que é verdade...
- Não temos tempo para isso! - Veríssimo o cortou. - Cesar, use a viajem das sombras para tirar Joui daqui.
- Eu vou com eles dois! - disse sem pensar.
- Ok, o restante venha comigo!
Mas antes que pudéssemos nos mexer, comecei a me sentir tonto, as sombras e a escuridão ao nosso redor começaram a aumentar e se destorcer, o ambiente inteiro começou a vibrar. As pessoas a minha volta não passavam de borrões, o sons da batalha se tornaram abafados até que não pudesse mais ouvi-los. Entrei em desespero, tudo ao meu redor começou a se desintegrar, os campistas, as máscaras, as árvores, a Casa Grande e os chalés, tudo sumia do meu campo de visão, formando aos poucos um símbolo amarelado. Fechei os olhos assustado e quando os abri novamente, já não estava mais no acampamento.
Estava em um lugar vazio, em todos os sentidos da palavra. Um ambiente escuro, silencioso e infinito, era como se estivesse andando no vácuo.
Mas para minha surpresa, não estava sozinho. Aos poucos, minha visão foi voltando ao normal e pude ver Dante, Beatrice, Cesar, Liz, Joui, Erin e Fernando meu redor. E logo a frente, uma moça máscara, se apoiando em uma bengala, estava nos observando.
Olhar para ela me causava uma angústia inexplicável, tentei correr, mas meu corpo não saiu do lugar, ao invés disso, comecei a falar.
- Nós louvamos o equilíbrio e é isso que viemos buscar.
A voz era minha, eu tinha proferido as palavras, mas não fui eu quem quis dizer aquilo. Era como se estivesse sendo controlado.
- Ah, vocês são diferentes dos outros meio-sangues, não conseguem perceber? - disse Erin.
- Não esperava me deparar com tantos de vocês, que surpresa agradável! - disse Beatrice.
- Conseguem sentir o motivo de vocês terem vindo para cá e todos os outros não? - disse Fernando.
- Momentos assim são raros para mim - disse Dante.
- Uma surpresa para nós, uma pergunta para vocês, o equilíbrio - disse Joui.
- Podem fazer a pergunta que quiserem, mas apenas uma - disse Cesar.
E silêncio. A mulher mascarada apenas continuou nos encarando.
- Arthur, Joui, vocês viram o que acabaram de acontecer ou eu tô ficando louco? - disse Cesar.
- Sim, mas eu não tô entendendo nada - respondi.
- Aquela é a Magistrada, a líder da Seita das Máscaras - Joui contou. - Mas eu não entendo, o que ela tá...
- Não! - Liz tapou a boca de Joui com a mão. - Temos que ter cuidado com o que falamos! Vocês ouviram, qualquer pergunta nossa vai ser respondida por ela - a morena indicou a Magistrada com a cabeça.
- E você tem alguma sugestão, Liz? - disse Beatrice.
- Tenho sim - ela disse se aproximou da Magistrada. - Onde tá o Thiago?
A mascarada ergueu sua bengala, por um momento achei que fosse nos atacar.
- Nova Roma - milhares de sussuros se unificaram em uma única voz vinda de trás da máscara, senti um arrepio percorrendo minha espinha.
Ela bateu a bengala no chão.
Acordei na minha cama do chalé de Apolo, ofegante, meu coração parecia querer sair do peito. Olhei a volta, todos dormiam tranquilamente como se nada tivesse acontecido.
Fernando acordou em seguida num pulo, nossos olhares se cruzaram.
- Aquilo não foi um sonho, não é? - perguntei baixinho para não acordar os outros.
- Com certeza não, mas... - ele olhou para nossos irmão e irmãs. - Acho que está tudo bem, pelo menos por enquanto.
- O que a gente faz? - abracei meus joelhos já sentindo os olhos úmidos, mas segurei o choro.
- Eu... Não sei - Fernando se levantou, vindo até a minha cama e se sentando a meu lado. - Uma hora estávamos quase entrado em uma guerra e agora simplesmente está tudo bem... Eu não sei o que pensar. E se isso tudo for uma espécie de armadilha?
- A gente tem que ver se o resto do pessoal tá bem - disse eu.
- Sim, mas não podemos chamar atenção - disse Fernando. - Se for realmente uma armadilha, as Máscaras ainda podem estar por aqui e não se esqueça de ficar de olho nas harpias.
Concordei.
Nunca consegui entender o porquê permitiam a livre circulação dessas criaturas que poderiam nos matar durante a noite. Sr. D disse uma vez que era para que não quebrarmos a regra de não sair dos chalés depois da fogueira, mas precisava mesmo de medidas tão drásticas?
Saímos discretamente do chalé. Do lado de fora encontramos exatamente o que esperávamos de uma noite comum no acampamento: um breu completo, a única coisa que iluminava minimamente era luz da lua e das estrelas.
Meu corpo também brilhava por conta de meus poderes, era como se eu fosse uma lanterna ambulante. Fernando não pareceu se importar muito.
- Será que nós tivemos um sonho coletivo bizarro, algum tipo de parasita de sonhos, talvez? - teorizei. - Que nem aconteceu quando estava em Santo Berço.
- Foi real demais para ser apenas um pesadelo - disse Fernando. - Quer dar uma volta para conferir?
- Arthur, Fernando? - uma voz muito familiar ecoou atrás de mim. - São vocês?
Nós viramos na mesma hora. Era Joui acompanhado por Cesar, Liz, Dante, Beatrice e Erin.
- Pessoal! - sorri aliviado.
- Porque você está brilhando? - Erin perguntou, confusa.
- Vocês tão bem? - ignorei sua pergunta, antes de qualquer coisa, precisava saber se não estava ficando louco.
- Sim e vocês? - Dante perguntou.
- Estamos bem - Fernando respondeu.
- Vocês também viram o que nós vimos, né? - Cesar perguntou, nos olhando assustado. - As Máscaras, a invasão...
Fernando e eu nos entreolhamos.
- Sim - disse eu. - Definitivamente foi real.
- Bom, pelo visto todos estão seguros - disse Dante. - Acho que o melhor que podemos fazer a essa hora da noite é voltar para os chalés antes que alguma Harpia nos ataque.
- Tá maluco? - disse Beatrice. - Como é que alguém dorme depois de uma coisa daquelas?
- Você tem razão, mas não vejo muito o que podemos fazer - disse ele.
- E se ficarmos todos no mesmo lugar? - Liz propôs. - A gente pode dormir no chalé do Joui ou no do Cesar, já que eles não tem irmãos.
- A Liz tem razão, nós não podemos agir como se nada tivesse acontecido - disse Joui. - Vai ser mais seguro se ficarmos juntos, vamos para o meu chalé.
Ninguém protestou, acho que todos ainda estavam muito assustados pelo que tinha acontecido. Praticamente saímos correndo até o chalé 1, Joui trancou a porta assim que entramos.
Acho que nunca tinha passado tanto tempo lá dentro e sinceramente fiquei com um pouco de dó do asiático ter que dormir lá sozinho com uma estátua gigante de seu próprio pai o encarando.
Nos instalamos nas camas próxima a de Joui. Até me lembrou um pouco do dormitório da escola Nostradamus que dividia com Joui e Cesar.
- Vocês acham que a Magistrada falou a verdade sobre o Thiago? - disse Liz.
- Eu não sei - Joui respondeu. - Não confio nela, mas isso está estranho... Não consigo entender porque ela nos ajudaria.
- Você perguntou pra ela onde o Thiago estava... - disse Erin. - O que aconteceu com ele?
Havia me esquecido completamente de que a ruiva não sabia de praticamente nada do que estava acontecendo. Contamos a ela a história desde o começo. Como Cesar, Joui e eu viemos parar no acampamento, a troca de corpo da Agatha, a missão...
Erin passou um tempo em silêncio, processando tudo o que tinha ouvido.
- Tá, então, supostamente o Thiago está em Nova Roma... Mas porque ele teria ido para lá? - ela perguntou. - O Sr. D e o Sr. Veríssimo já deixaram bem claro: " não se metam com os romanos que vai dar merda".
- Porque? - Dante perguntou. - O que aconteceu em Roma?
- Em Nova Roma - Liz o corrigiu.
- E o que isso significa? - Cesar perguntou.
- Eles não sabem? - Erin olhou para Liz e Fernando.
- O sr. D também deixou bem claro naquele dia que não falamos mais sobre os romanos - disse Liz - Nós temos um acordo...
- "Ignorar a existência um do outro para não criar intriga com o coleguinha", tô ligada - Erin completou.
- É, não foi com essas palavras - disse Fernando. - Mas é bem por aí...
- Gente! - Beatrice exclamou. - Do que vocês estão falando? O que é essa tal de Nova Roma?
Liz se ajeitou melhor na cama antes de começar a falar, pelo visto a história era longa.
- Cesar, lembra quando você perguntou pro Veríssimo se existiam outros deuses além dos gregos?
O cabeludo assentiu.
- A resposta é sim, existem muitos deuses além dos nossos e onde tem deuses...
- Tem semideuses - Joui concluiu.
- É - Liz confirmou. - Semideuses romanos com complexo de superioridade que acham que são melhores do que todo mundo.
Minha mente parou por um momento. Não estávamos sozinhos, tinha mais de nós por aí que nem fazia ideia que existiam.
- Esse lugar que vocês estão falando é tipo o Acampamento Meio-Sangue deles? - perguntei perguntou.
- Bom, eles tem o Acampamento Júpiter - Fernando contou. - Mas Nova Roma em si é uma cidade.
- É uma cidade só de meio-sangues e seus descendentes - Liz explicou. - Consegue imaginar? Um lugar com famílias inteiras de semideuses morando?
- Isso... parece incrível! - disse Beatrice. - Porque não podemos fazer uma Nova Grécia aqui também?
- Eu perguntei a mesma coisa pro sr. D! - Erin exclamou animadamente. - Ele quase me incinerou... Mas você também não acha que noventa por cento dos nossos problemas seriam resolvidos se não tivéssemos que sair daqui pra absolutamente tudo?
- Super! - Beatrice respondeu.
- Finalmente... - os olhos de Erin pareceram brilhar. - Alguém que me entende!
- Desculpa interromper seja lá o que estiver acontecendo mas, continuando, nós não temos muito contato com os romanos - disse Liz.
- Porque? - Cesar perguntou.
- Nós nunca dos demos muito bem, temos formas de pensar e agir completamente diferentes e... digamos que toda vez que nos encontramos, alguém sai machucado, por isso preferimos manter distância - ela explicou. - O problema é que sempre tem alguma coisa que nos obriga a ter que interagir, vocês lembram na última vez que os vimos?
- Na guerra - Erin mexeu em seu relógio, o girando continuamente em seu pulso. - Sabe, os romanos e os gregos tem rixas mal resolvidas a séculos, isso não começou com a gente, mas parece que nada mudou mesmo depois de todo esse tempo. Tudo que nos envolve é em função de guerra, seja sendo obrigados a lutar lado a lado ou uns contra os outros. Muitos de nós já morreram nessa brincadeira.
Passamos alguns segundos em um silêncio desconfortável.
- Bom, precisamos pensar no que vamos fazer amanhã - disse Liz. - É como se a Seita das Máscaras tivessem nos feito dar um salto no tempo. Eram umas cinco, seis da tarde quando elas invadiram, agora já é madrugada e é como se nada tivesse acontecido...
- A gente tem que falar com o sr. Veríssimo, se alguém vai saber o que fazer é ele - respondi.
- É, acho que você tem razão - disse Liz.
- Nossa, quando o resto do pessoal acordar vai ser uma muvuca! - Fernando passou as mãos pelo rosto.
- E os campistas que se juntaram as Máscaras? - Dante lembrou. - Vocês lembram quem eram?
- Eu não me lembro, foi tudo muito rápido, a gente nem conseguiu chegar perto deles - disse Cesar.
- Será que eles ainda estão por aqui? - Beatrice perguntou apreensiva.
- Provavelmente sim - disse Liz. - Mais um motivo para ficarmos todos juntos, inclusive de manhã, não é bom para sairmos sozinhos por aí.
Assenti com a cabeça.
Não conversamos muito mais depois disso, todos estavam muito cansados e precisávamos pelo menos tentar estar dispostos para amanhã.
Algo me diz que vai ser um longo dia.
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Olá novamente =D
Lá vai eu enfiar ainda mais coisa ainda do meio da confusão. Quem já leu Heróis do Olimpo tem uma ideia do que vai acontecer.
Como Thiago foi parar em Nova Roma?
Quais foram as intenções das Máscaras ao deixarem os marcados perguntarem o que quisessem a Magistrada?
Como essa história vai se encaixar?
Bom, os deuses sempre estão observando o que acontece da Terra e as Marcas podem ser bem... Imprevisíveis nas suas decisões.

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