Quando eu cheguei em casa me deparei apenas com o meu pai na cozinha tomando café.
- Bom dia pai. — Falo cumprimentando o mais velho.
- Bom dia filha, pensei que iria passar o dia na casa da Avani.
- Achei melhor vir embora, cadê a mamãe?
- No hospital.
- Ainda?
- Ela não dormiu em casa essa noite, passou no hospital. — Ele responde meio desanimado.
Sério, esse negócio da minha mãe passar o dia inteiro e a noite no hospital já está me irritando. Eu sei que é o trabalho dela, mas antes ela não passava tanto tempo assim no hospital, porque agora começou até dormir lá?
- Ela deu notícias pelo menos? — Pergunto me sentando à mesa.
- Sim, falou que vem na hora do almoço.
- Que bom.
- Vamos almoçar fora hoje, que tal?
- Claro. — Falo sorrindo pro mais velho.
Meu pai está muito desanimado ultimamente, acho que por causa do fato da minha mãe não sair mais do trabalho. Acredito que isso também está deixando ele meio desconfortável.
- Eu vou comer e subir pra tomar um banho. — Falo.
- Ok filha, você bebeu ontem?
- Por que a pergunta?
- Estou sentindo um cheiro de álcool. — Ele fala.
burra
- An não pai, claro que não.
- Não tem problema beber filha, eu sei como na sua idade vocês sentem essa vontade. Você não fazendo isso sempre, e não se preocupe não vou contar pra sua mãe.
- Obrigada pai.
- Só não vai sair transando com qualquer um. — Ele fala rindo.
- PAI!
A minha relação com meu pai sempre foi ótima. Eu conto quase tudo pra ele, inclusive quando eu perdi minha virgindade ele foi o primeiro a saber, fiquei com receio de contar para a minha mãe e ela brigar, porém ela logo ficou sabendo disso e fez eu prometer que isso não aconteceria de novo. É mãe, acho que descumpri a minha promessa.
Terminei de tomar meu café e subi pra tomar um banho. Lavei o cabelo e fiquei um bom tempo debaixo do chuveiro para ver se o cheiro de álcool saía do meu corpo. Escovei os dentes, coloquei uma calça jeans, uma blusa larga lilás e um tênis nos pés.
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Escutei um barulho de carro chegando, então imaginei que fosse minha mãe. Como eu sei que os dois não iam querer demorar pra sair, passei apenas um protetor no rosto, peguei minha bolsa e desci.
- Oi mãe. — Falo cumprimentando a mais velha.
- Oi filha, como foi a noite? — Ela pergunta.
- Foi legal. — Falo forçando um sorriso. - Nós já vamos sair?
- Vou tomar um banho primeiro. — A mais velha fala deixando a bolsa na sala e indo até a escada.
- Não demora. — Meu pai fala e minha mãe murmura um "tá".
- Vocês se cumprimentaram? — Pergunto me sentando ao lado dele.
- Sim, com um oi.
- Nem um beijinho ou abraço? — Pergunto e ele nega com a cabeça.
Tá, isso é muito estranho. Meus pais sempre foram carinhosos um com o outro, por que essa mudança repentina no relacionamento? Não vou perguntar nada, aliás não é meu pai que está estranho e sim a minha mãe.
