CAPÍTULO 24

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Duas horas se passaram. Brinie e Cadence já ameaçavam subir no palco, dançando abraçadas uma na outra, segurando suas canecas do chope. Só Gustav e Luca ainda estavam à mesa. Nicole desaparecera junto com os outros caras.

Luca estava bêbado. Pegara no sono. Minutos atrás, ele encarava Abbe com a cabeça deitada nos braços cruzados sobre a mesa, sorrindo como se estivesse recebendo uma massagem relaxante nas costas. 

Os copos de tequila já estavam vazios. Luca certamente dormiria mais algumas horas até conseguir se levantar sozinho. 

_ Acho que ele gostou de você _ Gustav brincou, apontando o nariz para Luca, segurando o próprio queixo. _ Não tirava os olhos dos seus cachos.

_ Acha que é inveja? _ Abbe cutucou.

_ Impossível.

_ Aí, não acha estranho ficar reparando seu amigo, enquanto está com sua namorada ao seu lado? 

Ele riu, mas com uma discreta nuance de embaraço.

_ Ela não é minha namorada.

_ Ora, não tem por que guardar segredo de mim. É como esconder um segredo do seu maior segredo.

_ Acha mesmo que ela faz meu tipo?

_ Ela é bonita.

_ Sim. Ela é.

 O tom dele parecia uma queixa, como se não estivesse feliz com o assunto. Por pouco não revirou os olhos. 

_ E isso não é um motivo profundo suficiente para um homem? _ Ela perguntou.

Gustav riu pelo nariz, os dedos longos e brancos roçando no centro da cabelo, ouriçando os cabelos. Havia um quê de irritação e cansaço no jeito que seu peito se movia. E pela primeira vez, a covinha em sua bochecha atraiu a atenção da moça de um jeito bem perigoso.

_ Profundo? Sim. Suficiente? Não. Não para mim.

Seus olhos grandes e pretos se ergueram para Abbe por um instante, enquanto ele espetava um pedaço de queijo e levava à boca.

 _ Bem. Agora, já deu nossa hora _ Ele disse segundos depois, mastigando, conferindo a hora no celular.

Pediu a conta. A garçonete imediatamente começou a caminhar em sua direção. 

_ Não vai se despedir dos seus amigos? _ Ela apontou para Cadence, cambaleando ao lado de Brinie.

_ Você é bem lerdinha, não é?

_ Tá, mas... e a Nicole? Não vem conosco?

_ Não.

_ Por que? 

_ Porque quero puni-la  _ Ele declarou, enquanto passava o cartão no leitor.

Depois agradecer a garçonete com um sorriso plástico, ele se levantou. Abbe fez o mesmo. Seguiu-o. O lugar já estava esvaziando.

_ Ei, por que não joga a real para a Cadence? 

Ela tornou a perguntar, enquanto atravessavam para fora do prédio. Gustav estava uns passos à sua frente.

_ Ela já sabe o que eu quero.

As meninas tinham razão: Gustav era narcisista demais para gostar de alguém. Ela refletiu. O  incômodo da ideia a pegou de surpresa.

_ Temos uma designação perfeita para homens como você no Brasil.

_ Homens com eu? Tá. E como é?

_ Canalha _ Abbe disse em português.

Canção para o Anjo I (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora