Canção para o Anjo I (COMPLETO)

CAPÍTULO 23

_ Você realmente gosta de usar essa faixa, não é mesmo? _ Gustav zombou, procurando um lugar para estacionar.

_ Não seja ridículo.

_ É que você não tirou até agora...

Abbe virou o pescoço para ele, puxando venda para baixo, desnorteada e desorientada.

_ Você não autorizou, então eu continuei usando _ Ela mentiu. Havia simplesmente se esquecido de aquela coisa estava em sua cara.  A ideia de vesti-la já estava tão absorvida por sua cabeça que...

_ Oh, Abbe_ Ele motejou, estacionando a nada discreta BMW X4 vermelha de rodas cromadas. _ Desculpa mesmo! Eu não sabia. Você mesma pôs a faixa, então pensei que você mesma ia decidir quando tirar. 

E não era de se duvidar que Gustav realmente não soubesse das regras da própria família para o uso da peça, embora Holly tenha as narrado claramente durante a primeira viagem para Oxford para Gustav. Mas ele certamente estava dormindo. E nem se estivesse ciente, ele se lembraria de alguma coisa, já que, durante a viagem, esteve completamente envolvido na própria explicação sobre a evolução dos efeitos visuais cinematográficos nos anos 2000. Estava tão excitado com o assunto que ignorou algumas lombadas no caminho.

Abbe mal desceu do carro, no estacionamento, e já ouviu as vozes das pessoas ao redor, uma espécie de sinfonia maravilhosa, um prólogo da multidão ainda maior que estava prestes a ver.

Quando viu as luzes piscando no letreiro na frente do prédio branco, sorriu como se fosse a coisa mais linda que vira na vida.

A maioria das pessoas, como Gustav, usava jeans. Abbe, por sua vez, parecia uma assustadora boneca do século XVII. O pó do seu rosto estava dois tons mais claros que a pele. Os cachos redondos e endurecidos ampliava suas bochechas para os lados. Chegou a advertir isso a Nicole enquanto a maquiava, mas parecia impossível domar seu "espírito artístico" durante a "produção da obra". O que a fez lembrar, por um momento, Valesca e Fabíola na noite do sequestro.

Nicole era a única da casa que sabia do "presente de aniversário de Abbe". Parecia bem animada com a ideia enquanto ajudava Abbe a se arrumar. Gustav disse, durante a viagem, que não teve tanto trabalho para convencê-la lhe dar cobertura. Nicole não gostava de fazer qualquer coisa que pudesse desabonar sua imagem para a família, mas parece que sua devoção por Gustav era bem maior do que isso.

O Aspen  andava com o peito estufado no meio da multidão, chamando a atenção como se não tivesse nada a esconder. Arrastava Abbe pela mão, como um "deus" cortando fila para o panteão. Apresentou a identidade para o segurança, que imediatamente lhes permitiu a entrada.

_ Vamos beber alguma coisa _ Ele disse, desabotoando um botão da camisa preta, caminhando com ela pelas laterais do salão aconchegante, estilo Irlandês.

As mesas estavam quase todas preenchidas. Algumas pessoas conversavam em pé ao redor do bar.

Gustav puxou um banco para ela no balcão, o lugar menos movimentado. Estavam camuflados atrás de um grande barril de chope. Pediu duas canecas da bebida: uma com álcool para Abbe, outra sem álcool para ele.

Ela ficou surpresa (e de certo modo aliviada), com a pedida. Chegou a pensar que ele estivesse mentindo quando prometeu que não ia consumir nada, absolutamente nada de alcoólico.

Depois de engolir um gole do chope, fazendo uma cara de sofrimento (certamente pela ausência de álcool), Gustav repassou rapidamente para ela o que esquecera de dizer no caminho para lá.  Rememorou as regras que Holly prescreva à garota dezenas de vezes, para as ocasiões de aparições públicas.