CAPÍTULO 16

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_ Desculpe a demora. Minha mãe estava rezando uma ladainha por causa da trilha que vou fazer no fim de semana _ Nicole contou, jogando a mochila no chão do quarto. Tirou as apostilas de dentro e as depositou em cima da mesa. Depois se jogou na poltrona atrás de si _ Aí você vai encontrar bastante coisa legal para biologia. Mas acho que vai ter que dar um pulo ou outro na biblioteca para complementar alguma coisinha.

_ Nossa. Obrigada mesmo _ Abbe agradeceu, indo até a pilha, folheando algumas delas.

_ Agora não tem como dizer que não temos condições de nos prepararmos para a prova do mês que vem. 

_ É. Pois é. Espera. "Nós"?

_ Ah, é que eu também vou. Aliás, já vou esclarecer que não vou só para lutar ao seu lado, mas também contra você, de certo modo _ Anunciou, festiva.

_ O quê?

_Serei sua concorrente.

Abbe continuou sem entender.

_ Vou acompanhá-la no simulado _ Esclareceu, inclinando-se para alcançar a mochila no chão. Vasculhou dentro dela _ E depois na prova. E depois nas aulas presenciais, se tudo correr bem para nós duas.

_ Oh. E por que? _ Perguntou, as sobrancelhas bem unidas.

_ Quero provar à família que sou plenamente confiável.

O que isso significava? Ela ia fazer tudo isso só para fiscalizá-la? Abbe mastigou, expelindo uma bufada pelo nariz. A devoção das Baston era mesmo impressionante. Por que uma jovem de vinte e poucos anos enfiaria seu futuro na merda para servir aquelas pessoas estranhas? Quanto ela ganhava para isso?

_ Uau! Isso é... um grande passo não é? E também bem arriscado. Não tem medo de que seja considerada cúmplice, se isso acabar mal?

_ Ah. Aqui está! _ Nicole encontrou o pacote de salgadinhos de queijo na bolsa. _ O quê, acha mesmo que algo pode acabar mal por aqui? _ Riu. _ Ah. Você quer? _ Ofereceu-lhe salgadinho.

_ Não. Obrigada. Hã. Mas então, Nicole, você gosta de enfermagem? _ Espreitou.

_ Sim. E você?

_ Sim. Claro _ Mentiu. E se surpreendeu com a velocidade e a espontaneidade com que fez isso.

_ Esse curso sempre esteve em seus planos?

_ Sim. Um pouco.

_ Legal.

_ Então... O que é... tipo... Você vai começar uma profissão só por causa de uma "missão" de trabalho?

A coisa toda era inacreditável demais para que Abbe pudesse engolir.

_ Digamos que foi uma ideia que passou pela minha cabeça quando eu soube que você ia tentar ingressar na faculdade. Eu sempre quis fazer medicina. Passei bem perto da aprovação nas três últimas provas que prestei. Sei que minha inteligência è inferior à da maioria dos meus concorrentes... Bem inferior aos padrões da família Aspen, evidentemente... Mas minhas notas são boas...Sou inteligente o suficiente para ser aprovada um dia. Acho que esse curso vai me ajudar bastante no futuro. É basicamente isso.

_ Então, a família Aspen é sua grande referência?

_ Não consigo disfarçar, né? _ Estava radiante. _ Eu nasci nessa casa e sempre vivi rodeada de pessoas inteligentes. Ouvi dizer que o QI mínimo de um Aspen é 130. Minha família e eu somos sortudas, não acha?

_ Eles são estudiosos. Mas não significa que sejam tão inteligentes.

_ É que você não os conhece bem ainda. Minha mãe diz que o QI de Edward e Richard é maior que 140. Mas sem dúvida... os mais inteligentes são Andigus e Gustav. Eles são os maiores vencedores dos campeonatos de BlackJack e Bridge da MAP, uma associação de médicos muito famosa aqui na Inglaterra. São admirados lá. Mas Gustav não gosta de parecer inteligente. Isso o irrita. Não sei por quê. Se ele não tivesse problemas comportamentais, provavelmente seria mais bem sucedido que o próprio Richard, ainda aos 24 anos. A família o levaria mais a sério e ele teria menos ciúmes do pai. E menos ciúme do pai, menos problemas familiares...

Canção para o Anjo I (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora