CAPÍTULO 17

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_ Chegamos _ Holly anunciou no ouvido de Abbe.

Abbe puxou a venda para cima, despertando. Coçou os olhos, cansada e sonolenta. Nem havia acordado tão cedo assim para estar com tanto sono. Saíram da mansão um pouco antes das 9h manhã. 

Estava levando a mão na maçaneta quando olhou através da janela levemente embaçada: as nuvens brancas correndo na ponta das montanhas. Pelo jeito, estavam estacionados no topo da mais alta delas. A umidade já era sentida nos seus cabelos, mais porosos do que o normal.

O carro foi guardado embaixo de árvores bem folhosas. Os cascalhos cinza se estendiam  a centenas de metros, formando uma ruela, que possivelmente desembocava até os chalés da família Aspen.

 Caminhava entre Holly e Ares. O homem, sempre calado, caminhava com as mãos enfiadas no bolso da calça de moletom preta, os olhos cobertos por óculos escuros.

Foram cerca de 3 minutos de caminhada dentro da propriedade da família até avistarem seis casebres de madeira rústica, de um tom marrom acinzentado, espalhados embaixo de pinheiros bem altos. Olhando mais ao fundo, no entorno da mata fechada, havia outros ainda maiores, cujas pontas se perdiam em fumaças brancas.

Havia uma espécie de tenda de madeira no centro de tudo: grande e bem aconchegante.  Certamente oriunda da reforma que Andigus comentara no outro dia.

A família Aspen em peso já estava lá. Boa parte já havia tomado seu lugar na mesa central, tão longa quanto a da sala de jantar da mansão. Jared, Andigus e Edward conversavam na entrada de um dos casebres, com suas canecas de chope.

As senhoras Baston organizavam a comida na mesa. O cheiro de alho e queijo emmental sobrenadavam em torno da tenda. O estômago de Abbe roncou no instante em que pisou lá dentro. E era bem incomum sentir fome antes das 13h.

Enquanto Holly e Abbe desfilavam para seus lugares, as pessoas cumprimentaram-nas com acenadas reservadas, mas suficientemente acolhedoras. Holly segurou na mão de Abbe quando se aproximaram da mesa, conduzindo-a ao lugar que deveria se sentar. Um costume bem estranho, como se sempre tivessem assentos pré-definidos para elas.

Abbe  tinha especial curiosidade sobre o comparecimento dos irmãos Aspen, principalmente por causa do clima pesado entre eles. Mas eles não estavam lá. Pelo menos não os viu. O estranho é que Andigus, que se empenhara tanto em reunir a família, estava bem sorridente e falante. O que significava que os irmãos estavam prestes a chegar. Se já não estivessem perambulando na floresta ou enfiados nas cabanas.

_ Oh. Que fome! _ Holly grunhiu. _ O fundue de Isla é a melhor coisa que você vai comer na vida _ Alcançou as duas das canecas de chope que Olívia acabara de deixar na mesa.

Abbe deu uma provada. Era o tipo de chope escuro, amargo e quente. Claro que qualquer outra coisa diferente disso não se encaixaria num frio daquele. Mas não pôde deixar de fazer uma cara feia com o gosto horrível da bebida. Por sorte, sua indiscrição não foi notada por ninguém, exceto por Richard, que acabara de entrar na tenda. Usava um casaco branco, uma calça jeans de corte tradicional e um tênis esportivo vermelho. Os cabelos ondulados também estavam sofrendo com a umidade.

Abbe limpou o bigode de espuma com o punho, enquanto ele se aproximava. Ele a fitou rapidamente no meio do caminho. Um olhar breve e superficial, mas capaz de enrijecer seriamente seus ombros.

Puxou a cadeira do outro lado, entre Atsuko e Sandra, quase de frente para Abbe. Cumprimentou-a com uma levantada de sobrancelhas e um tchauzinho quase formal, como fez com os outros.

Portar-se na frente de Richard tornara-se um desafio para Abbe. Era extremamente penoso se concentrar em qualquer outra coisa além da presença dele: o cheiro, o que ele dizia, o jeito como respirava... 

Canção para o Anjo I (COMPLETO)Onde histórias criam vida. Descubra agora