_ Tem certeza do que está dizendo, Abbe?
Ela não conseguiu responder.
_ Oh, meus amigos..._ Roger disse, iniciando uma gargalha. _ Nunca pensei que pudesse reviver momentos tão preciosos da minha vida. É uma pena que Jared e Alan não estejam aqui _ Tentou se realinhar. _ De coração, eu lamento minha falta de tempo. Temos que voltar para casa, agora. Então... _ Consultou o relógio. Afastou a cadeira. _ Minha visita acaba por aqui. Diga adeus aos nossos amigos, Abbe.
Roger ameaçou se levantar. E Abbe deu automaticamente um passo para trás, tombando, de novo, no sufocante escuro da própria mente.
_ Para onde pretende levá-la? _ Richard se levantou no momento em que Roger apoiou os cotovelos na mesa.
Andigus atormentou-se com a reação de Richard. Sinalizou com as sobrancelhas para que ele não se exaltasse.
_ O que é isso, rapaz? _ Roger suspirou. _ Apesar da estima que diz ter desenvolvido por Abbe, devo lembrá-lo que ela continua sendo minha filha? Ela não é como você, que abandonou seu próprio pai para viver com outra família mais rica. Desde seus doze anos, decidiu não ser mais filho dele, como se ele não estivesse sofrendo o suficiente com o suicídio da própria irmã. E agora se acha no direito de interferir na relação de um homem com sua única filha?
_ Pensei que já esse assunto já estivesse bem esgotado, Dr. Branne. Então não mude de assunto. Eu insisto na pergunta.
_ Também considera o assunto esgotado, Dr. Aspen. Vamos, Abbe!
Roger mal se moveu e Richard sacou a arma. Os homens ao redor da mesa reagiram instantaneamente, mirando as suas para Richard e Andigus.
Armas, Abbe as odiava. Suas entranhas se torceram. Mas no momento seguinte, ela simplesmente deixou de se importar. Uma transformação mágica de perspectiva. As armas eram uma solução simples. Uma solução simples para o fim da sua dor. Não podia lutar contra a sensação de que nenhum vida naquela sala merecia ser preservada. Aqueles homens, nenhum deles mereciam viver.
Assistiu friamente à cena à sua frente: o olhar abrasado de Richard e Roger, num duelo sombrio.
Quando Roger finalmente se levantou, Richard engatilhou. Sua face estava rasa e fria. Os homens fizeram o mesmo, em perfeita sincronia.
Segundos depois, o corpo vazio da moça foi silenciosamente puxado pela gola da blusa para fora da sala de jantar.
Gustav a segurou por trás, abraçando seu estômago, cobrindo sua boca com a outra mão.
_ Venha comigo _ Ele diz no ouvido dela, arrastando-a pelo corredor, o rosto deformado pelo terror.
Pregou as mãos na porta, a penúltima antes do lance de escadas para o andar acima, um dos lugares que Abbe nunca chegou a frequentar. Mas lembrava-se de Holly sair de lá com sacolas de lençóis e toalhas diversas vezes.
_ Eu atraí os seguranças para o salão da piscina _ Ele cochichou. _ Temos uma saída de emergência que dá para a floresta. Fica aqui, no antigo escritório de Jared.
_ Vocês! Parados! _ Alguém ordenou, cinco segundos depois.
Um dos homens de Roger, um dos que estava fora da sala de jantar, surgiu abruptamente na outra ponta do corredor.
Gustav não olhou para trás, lutava para virar a chave na porta, mas não tinha o controle das próprias mãos.
O rapaz desistiu quando o homem apontou uma pistola na direção deles. Apesar do clima de derrota, ele fechou os olhos, como precisasse disso para invocar alguma luz dentro da cabeça. Absorveu o ar sofridamente, enrugando os cantos dos olhos.
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Canção para o Anjo I (COMPLETO)
RomanceO intercâmbio na Inglaterra era para ser um ensaio de liberdade para Abbe, uma jovem de 21 anos, que vivia sob a sombra da psicose desde a infância. Ela tinha uma forte expectativa de que fosse o primeiro passo rumo a uma vida normal. Mas alguns di...