18 de Novembro, 2018 - Domingo (5h28)

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 18 de Novembro, 2018 – Domingo (5h28)

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18 de Novembro, 2018 – Domingo (5h28)


De: zakrod98@gmail.com
Para: isa.sk8.2010@hotmail.com
Assunto: Irrealidade. Culpa pela ausência de culpa.


Acabei de voltar do hospital, amiga... E só não vou afirmar que vivi os momentos mais horríveis de minha vida porque tenho medo que o universo ouça e tire sarro de minha cara mostrando algo pior.

Estou com uma sensação estranha, como se eu estivesse vivendo uma irrealidade. Como se algum circuito dentro de mim não estivesse bem conectado. Um robô olhando para tudo de forma estranhamente fria, como se não fosse eu mesmo que estivesse vivendo minha vida.

É estranho. Estranho demais. Me pergunto qual foi esse botão interno que desligou minha realidade.

Bom, aposto que não é sobre botões que você queira saber, não é? Tentarei contar com a maior quantidade de detalhes que eu puder. Só não sei se você vai gostar tanto disso, porque os detalhes é que tornaram tudo ainda pior.

Ah... Minha pele está ardendo um pouco. Assim que cheguei do hospital tomei um banho fervendo, e talvez eu tenha friccionado demais a esponja. Essa dor me distrai um pouco da porquice que está meu corpo, então não vou dizer que está sendo de todo ruim...

A primeira coisa que fiz após mandar aquele e-mail para a Jaqueline (com cópia oculta para você) foi seguir com minha bicicleta até o endereço. Era um mapa, então não foi difícil de encontrar... E caso você esteja se perguntando que raio de lugar era esse onde o Marcus levou meu namorado para fazê-lo de isca, eu lhe conto: primeiro tive que sair da parte urbana de Vale do Ocaso, na direção oposta de Eloporto. Quanto mais eu pedalava, mais a vizinhança ia sumindo, e mais meu coração acelerava. E posso garantir que não era cansaço por estar pedalando mais rápido que nunca.

Não, não era esse o motivo. E tenho uma certeza enorme de que você sabe disso.

Quanto mais eu me afastava do centro, das luzes, de tudo, mais ermo ficava o lugar. Uma estradinha com asfalto quebrado e cheio de mato crescendo em volta – e entre as frestas – me levou até uma espécie de galpão no meio do nada. Era exatamente isso: um galpão não tão grande, mas sem nenhuma vizinhança. Apenas aquela construção e umas poucas árvores em volta. A escuridão da madrugada ajudava a fazer tudo parecer mais sinistro, e a falta de postes de luz fizeram com que a roda de minha bicicleta encontrasse uma pedra no caminho antes que meus olhos a notassem. Dei de cara no chão, rachei o lábio, e foi com ele sangrando que parei e observei os arredores.

Nenhum sinal do Nicolas, nem do Marcus. E vou contar somente para você que eu tinha uma estranha esperança de encontrar o cadáver de meu pai – sim, eu disse "esperança" de propósito, não foi um erro na minha escolha de palavras. Não gosto nem de pensar muito nesse meu desejo sombrio.

O Monotono Diario de Isaac [BETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora