11.08.18 - Sábado

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De: zakrod98@gmail.com
Para: isa.sk8.2010@hotmail.com
Assunto: Bilhete dourado para... Oh, céus!


Boa tarde, amiga! Aconteceram coisas... E não quero esquecer um segundo sequer desta ida à boate de ontem.

Você sabe que das sextas-feiras aos domingos é dia do Lucas vir para visitar o pai, né? Bem, ele está aqui (cochilando ao meu lado, no momento), mas como saímos ontem à noite, ele ficou com a Maria Onésia, a vizinha que mora de frente com os Belson (ela trata bem o pinguinho: como se fosse neto dela).

Ontem à noite, eu estava nervoso e ansioso. Aliás, isso é pouco para descrever. Eu pedi pro Nick me deixar sozinho um pouco, pois queria me arrumar sem ter ninguém por perto (acho que eu não queria que ninguém me visse com aquela cara de pré-velório). Tomei banho, me troquei... Coloquei uma camiseta vermelha da qual gosto (a Jack disse que se eu fosse inteiro de preto-gótico ela voltaria e me trocaria à força... então nem quis arriscar) e um jeans azul justo. O tênis que eu gostava já era (ficou com a perícia e, mesmo que eles devolvessem, eu não iria querer), então fui com outro, que de tão pouco que usei parecia novo.

Ah, que saco eu ficar falando de minha roupa. Não sei por que comecei a fazer isso, mas, enfim... Acho que me demorei tanto na frente do espelho que deve ser este o motivo de eu estar enrolando pra falar. Não que eu estivesse mergulhado num mar de vaidade, mas... Eu meio que não queria ir.

Bem óbvio, né?

Eu fiquei pronto relativamente rápido, mas sentei na minha cama e fiquei me encarando no espelho que tem do lado de dentro da porta de meu guarda-roupas. Dava a impressão que o Isaac do reflexo ia começar a rir de mim a qualquer momento. Algo do tipo "Haha, babaca, você vai mesmo se arriscar lá de novo? Cê é besta?".

É, meu "eu" interno é bem ácido, e isso às vezes é um saco.

Não demorou muito para que eu ouvisse alguém subindo pela escada. Pelo jeito dos passos, eu sabia ser a Jack (ela sobe mais devagar, enquanto o Nicolas parece que sempre sobe com pressa, como se quisesse se livrar logo dos degraus). Ela bateu na minha porta e perguntou, meio cautelosa, se eu havia desistido. Percebi certa tristeza na voz dela, então fui rápido abrir a porta.

Assim que ela me viu, deu um sorriso de orelha a orelha. Pegou em minhas mãos e abriu meus braços, como que para me observar melhor. "Nuca te vi mais lindo, Dáqui" (palavras dela, pois não concordo – ela sim, estava Diva como sempre). Minha resposta foi apenas um sorriso sem graça...

Com tudo pronto, fomos para o carro. O Jonas já estava por lá, e conversava com o Nick na frente do meu portão. Eles têm se dado bem como cunhados, mas sempre que os vejo conversar parece que a coisa sai meio forçada (sabe quando os assuntos precisam espremer para combinar, e mesmo assim soa artificial? Então... com o Jonas é assim). Assim que a Jack gritou "Vamos, meninos", o Nicolas me olhou, e deu um sorriso contido, daqueles de canto de boca. Ele chegou perto e passou a mão em meu rosto: "E aí, tudo bem mesmo?".

O Nicolas, mais do que ninguém, sabia o quanto eu estava apreensivo. E achei legal quando ele pegou na minha mão e disse que não iria desgrudar de mim um segundo sequer. Eu pensei "Hum, isso é bom", e pelo menos foi o bastante para que eu risse, deixando meu namorado mais tranquilo.

A viagem de carro desta vez pareceu diferente. Não sei se você me entende, é algo quase surreal: estar num carro com amigos, numa noite estrelada, vendo as luzes dos postes passarem como se tudo fosse parte de uma poesia estranha e psicodélica. Já que eu nunca fui um cara que saía muito nos finais de semana, é assim que me sinto quando vou com um pessoal num passeio de carro.

O Monotono Diario de Isaac [BETA]Onde histórias criam vida. Descubra agora