27.05.18 - Domingo

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De: zakrod98@gmail.com
Para: isa.sk8.2010@hotmail.com
Assunto: Primeiros beijos


Buenas noches, amiga!

Hoje cancelei a assinatura daquele jornalzinho de domingo. Não tinha notícias interessantes (só coisas regionais e um apanhadão da greve, coisa que posso ver na Internet). A única coisa boa que este jornal me trouxe foi o Nicolas. Foi graças à essa assinatura que falei com ele da primeira vez... (aquele meu gato estudioso).

Não falei com ele exatamente por causa dos estudos (e porque ele trabalha de domingo). Fiquei o dia em casa. Aquela coisa: umas partidas de StarCraft, umas navegadas pela Internet... Descobri um site interessante, com umas fotos e gifs... (um blog chamado "homensquentes.com.br" - dá pra notar do que se trata pelo título, né?). Pois é.. Andei gastando uns lenços de papel, se é que me entende.

Ninguém é de ferro, ok?

E fiquei lembrando dos meus únicos dois beijos com "ele". De certa forma, parece até mentira, como se não tivesse acontecido, de tantos dias que já tem... Os beijos com o Nick foram rápidos, mas foram os melhores EVER.

Ah, verdade. Eu nunca falei de meus primeiros beijos, né? Bom, é que não foram grande coisa (mas já que comecei, vou continuar).

O primeiro (primeiro de todos, quando deixei de ser BV) foi com uma garota, na escola. Foi no último dia de aula da 6ª série...

Sabe aquelas festinhas que a classe faz para se despedir antes das férias? Cada um leva um prato (doces, salgados, refrigerantes) e se une com música. Só não virou uma baderna geral porque a professora botou ordem no povo. O que eu achei SUPER estranho é que neste dia uma colega de classe ficou muito perto de mim. Sabe, ela nunca tinha me dado bola, nunca tinha conversado comigo... Nada. Mas neste ultimo dia ela ficou perto demais, e meus colegas disseram que ela estava afim de "ficar" comigo (vulgo: beijar). Eu achei aquilo esquisito. Nessa época eu já tinha noção de minha homossexualidade (e eu me odiava por isso, achando que eu era "errado"), então foi estranho saber que uma mina queria me beijar. Ela era bonitinha, mas... Eu simplesmente não estava afim (eu gostava de um menino inalcançável, mulherengo, babaca, etc), mas meus colegas ficaram insistindo. E aí veio a piadinha "Por acaso é bichinha?".

Nossa... Pior é que, ao lembrar disso, não tenho raiva deles. E sim de mim, por ter sido dominado pelo medo do que eles pudessem pensar. Como eu já falei, naquela época eu não me aceitava (mesmo hoje é um processo difícil, por causa do ambiente em que cresci), então enxerguei naquele beijo uma chance de atestar alguma coisa.

Grande babaca, eu.

Tudo foi arranjado: no final da festinha de 6ª série, quando o sinal bateu, todos foram saindo da classe. Menos eu e a mina. Meus colegas fizeram questão de guardar a porta... Foi uma coisa super artificial: eu estava no fundo da sala, em pé e encostado na parede, e ela foi vindo até mim. Quando ficamos próximos, simplesmente começamos a nos beijar de uma forma mecânica... Sem graça. Eu não sabia onde enfiar a língua, não sabia o que fazer com as mãos... Era uma lambeção fria e sem graça. Eu odiei, mas não demonstrei.

O beijo não demorou muito, e quando nos separamos a gente se olhou como quem tinha acabado de fazer uma reunião de negócios (sem emoção, sem nada). "Vamos?", ela perguntou. E eu concordei "Vamos". E saímos da classe (sem mãos dadas). Meus colegas fizeram aquela zoação básica por eu ter "pego a mina", mas eu não liguei. Tinha sido tão emocionante quanto uma prova de matemática.

Se ela gostava de mim mesmo, não demonstrou (tipo... não demonstrou MESMO). E no ano seguinte ela continuou na mesma classe que eu, e como eu não dei mais bola, ela ficava contando BEM ALTO para as amigas como tinha sido maravilhoso beijar o Fulano de Tal (se referindo a um outro cara, tentando me deixar com ciúme).

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