De: zakrod98@gmail.com
Para: isa.sk8.2010@hotmail.com
Assunto: O espião, o Jornal e... Miojo
Boa noite, amiga!
Estou escrevendo da varanda, como faço algumas vezes (inclusive, já pensei em comprar uma cadeira de área quando a casa estiver mais mobiliada – sim, ainda está quase toda vazia =_=). Hoje foi o primeiro dia de chuva desde muito tempo (tem sido um inverno bem seco). Não dá para ver as estrelas, mas mesmo assim é agradável. E o que eu mais gosto é desse ar: desde que me mudei para Vale do Ocaso parece que consigo respirar melhor (e isso tanto no sentido literal quanto no figurado).
Pedi licença pro Nick, para vir escrever (não que eu tenha que fazer isso, mas... virou hábito: sempre que estamos juntos e vamos sair para fazer algo, falamos "peraí, vou fazer tal coisa"). Ele está na minha sala, com o PlayStation 4 dele, jogando DarkSouls III. Eu gosto de assistir o jogo, mas ele está naquelas partes onde só fica pegando "level" (e, neste caso, fica meio entediante).
Bem, eu estou mandando este e-mail para contar sobre algo que descobri. Eu estou meio chocado até agora...
Como você sabe, o Lucas sempre vem nas sextas-feiras e volta para a mãe aos domingos. Neste fim de semana foi assim também. Ele chegou na sexta ao meio-dia (com outro brinquedo novo, por sinal) e à noite teve aquele lance de "festa do pijama" com o Nicolas (foi quando fiquei em casa, delirando com aquela história de vampiro que te contei).
Acontece que ontem, enquanto estávamos cuidando de umas coisas na Belson Flora, o Lucas ficou brincando com o bicho de pelúcia dele, e foi quando vi o cara. Aquele que fica me espionando, ele mesmo! O Pinguinho estava perto do portão de entrada, escancarado para os clientes. Ele também viu o sujeito.
E aí que veio a parte que fez meu sangue gelar: o Lucas correu até ele... e o cara o pegou no colo.
Amiga...
Eu.
Quase.
Morri.
Do coração.
Afinal, eu estava cuidando dele (os gêmeos estavam ocupados com outras coisas, e eu era quem estava mais perto). Diante daquela situação, a única coisa que me veio à cabeça foi correr até ele e gritar pelo Nick e pela Jack (acho que nem um incêndio teria me apavorado tanto). E sabe o que mais me surpreendeu? É que, dessa vez, o estranho continuou lá, conversando com o Lucas. Sem fugir, e me encarando daquele jeito esquisito, como se EU fosse o perigoso da vizinhança (!!!!). Assim que cheguei perto, ouvi ele perguntando pro Lucas de um jeito meio carinhoso até: "E quem é esse palerma aí?".
Putz, eu estava apavorado. Pedi para ele soltar o Lucas e sair dali. Ele me ignorou completamente, como se eu fosse um retardado e estivesse falando algo incompreensível. Deu uma risadinha e continuou do jeito que estava, brincando com a maozinha PURA E INOCENTE do Lucas.
O cara fedia à pinga e cigarro, e estava com os olhos meio vermelhos (não como quando eu coloquei a lente, para a fantasia... falo daquela vermelhidão onde deveria ser branco: olho de quem está chapado).
Ouvi o Nicolas correndo até nós (acredite, eu sei diferenciar se é o Nicolas ou a Jack andando mesmo sem olhar), e quando ele chegou perto foi que fiquei ainda mais perdido. O Nick fechou a cara e perguntou: "O que você está fazendo aqui, Claus?".
Eu fiquei, tipo "HÃÃ? COMO? QUEM?" → é claro que não falei isso, mas minha cara era uma enchente de confusão. Aproveitei para dedurar o sujeito. Falei que era ele quem estava me espionando (juro, amiga: eu estava tremendo nessa hora). Isso fez o Nicolas pegar o Lucas na mesma hora. A Jack, que estava chegando, perguntou a mesma coisa que o Nick. E eles só ficavam se olhando. O Lucas, que passou pro colo da Jaqueline, estava quietinho (tipo eu, que não sabia bulhufas do que estava acontecendo). Aproveitei para perguntar quem era. E antes que os Belson pudessem dizer qualquer coisa, foi o tal "Claus" que disse "Sou o tio do Lucas... E você, quem pensa que é?".
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O Monotono Diario de Isaac [BETA]
RomanceSINOPSE: Isaac Rodrigues, um jovem de 20 anos, foge da casa dos pais e vai morar num casarão de uma cidade desconhecida. Inicia um diário para registrar a nova vida, mas percebe que manter a compostura diante dos próprios pensamentos - e atitudes im...