De: zakrod98@gmail.com
Para: isa.sk8.2010@hotmail.com
Assunto: Aconteceram coisas... que só me deixaram mais confuso.
Hey, amiga. Como você está?
Eu estou... Ainda processando tudo, e tentenado compreender o que rolou. Ontem foi um dia longo... Se eu conseguisse anexar minhas emoções para lhe enviar num arquivo zipado, seu computador certamente pifaria. Porque está uma zona aqui dentro (de mim, não da casa)...
Neste momento eu estou na minha varanda, olhando o céu estrelado (ainda acho o máximo quando falo minha varanda... meio surreal, como se fosse tudo um sonho maluco).
Agora eu consigo enxergar meu quintal, e confesso que ao tirar todo o mato ao redor do terreno eu me senti meio exposto. Se eu pudesse, transformaria essas grades em muros (não que eu esteja sendo observado, mas eu gosto de ficar fechado).
Então, vamos lá. Eu já peguei um chá aqui (de capim cidreira - descobri que está CHEIO disso nos fundos de casa), e recomendo que faça o mesmo.
Bom... Ontem eu acordei muito cedo (era cinco e pouco) porque precisei ir no banheiro, e como minha cabeça já começou a trabalhar a mil, não deu pra voltar a dormir. Eu só ficava pensando nas coisas que poderiam acontecer. O Nicolas estava pra vir ajudar com o quintal... E à noite minha mãe chegaria...
Enquanto eu tomava um café com leite (amo o cheiro disso) acabei mandando uma mensagem para a Jack dizendo que eu já estava de pé (a paciência passou lá na esquina e me deu "tchauzinho"), mas ela só visualizou umas sete da manhã, e quando eu recebi a resposta dela já fiquei alerta. Eles estavam vindo.
Ahh... Eu aguardei sentado exatamente onde estou agora, até eles aparecerem lá na rua. Quando a Jaqueline saiu da casa florida, já veio correndo pro meu portão. Ela tinha uma pá e três enxadas nos braços. O Nick veio mais atrás, carregando um cortador de gramas junto com uma extensão.
Ver os gêmeos (mais especificamente, o gêmeo) logo de manhãzinha, com aquele perfume de dia novinho em folha, foi legal. Dar bom dia pra ele, e ver aquele sorriso fez eu me sentir realizado e bobo ao mesmo tempo (eu sei que falo demais do sorriso dele, mas... é que... putz...). A Jack deu aquela olhadinha pra gente, com a visão de ler mentes (queria que ela parasse com isso). Eu estranhei que só estavam os dois, e perguntei sobre o tal Marcus, e descobri que ele estava pra chegar. Isso foi o bastante pra Jack ficar meio de cara feia pro irmão (ao menos assim ela não fica nos fiscalizando). Mas o Nick se defendeu falando que os dois tinham que se acertar, e talz. "Eu não quero voltar com ele nem a pau", ela falou. O Nicolas explicou que "se acertar" não é o mesmo que "reatar".
Eu me senti deslocado, ouvindo aquilo. Sabe quando a gente não está incluso na conversa, mas mesmo assim ela acontece na sua cara? Então.
Ela ficou meio irritada e foi entrando portão adentro, até minha casa. Eu olhei da Jack pro Nick, e ele deu de ombros (coisas de irmãos, acho... não sei porque não tenho nenhum).
Ahh... Uma oportunidade sozinho com o Nicolas. Não que eu tivesse algo em mente, nem nada... Eu só queria ficar com ele um pouco mais. Encostei no portão e falei "Valeu mesmo por ter vindo, Nick... Vai ajudar demais". Em resposta, ele disse que não tem nada que a Jack peça sorrindo que ele não faça chorando. A gente riu da frase trocada.
Essa conversinha no portão não durou mais do que isso. Logo o tal ex da Jack, e amigo do Nick, chegou de carro buzinando na frente da casa das flores. O Nicolas gritou pro cara, que desceu do carro e veio até a gente. E, lembra que eu comentei de a Jack ter avisado que ele tem uma vibração ruim? Olha, eu não sou uma pessoa de percepção aflorada, nem nada disso. Mas senti a tal negatividade (ao menos na forma como o Marcus olhou pra mim). O cara me mediu como se estivesse analisando quanto estrume teria que pegar pra me enterrar. E falou "É esse aí? O rapaz que você disse que vamos ajudar? É esse?".
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O Monotono Diario de Isaac [BETA]
RomanceSINOPSE: Isaac Rodrigues, um jovem de 20 anos, foge da casa dos pais e vai morar num casarão de uma cidade desconhecida. Inicia um diário para registrar a nova vida, mas percebe que manter a compostura diante dos próprios pensamentos - e atitudes im...