24 de Setembro, 2018 - Segunda (14h57)

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Você sabia que existem alguns segredos para a criação dos personagens de uma história?

Depois que ler este capítulo, dá uma olhada na dica que deixei lá no final 😍


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24 de Setembro, 2018 – Segunda (14h57)


De: zakrod98@gmail.com
Para: isa.sk8.2010@hotmail.com
Assunto: Estou em casa...


A viagem de ônibus até minha casa durou 6 horas, porque ele fazia algumas paradas em rodoviárias no meio do caminho. Agora já são 14h57, e eu não comi nada desde o café da manhã com minha avó. Mas não estou com fome... Meu estômago está embrulhado, e se eu comer vou passar mal.

Aliás, fui começando o e-mail e nem falei "oi". É que... Ah, amiga, sei lá. Minha cabeça não está funcionando direito esses dias.

Quando cheguei na rodoviária daqui de Vale do Ocaso precisei vir à pé até minha casa, porque a grana que eu tinha levado estava no fim. Assim que fiquei diante de meu portão vi que tinha uma placa dizendo que a Belson's Flora estava em recesso.

Enquanto eu procurava a chave do cadeado, ouvi o portão da Casa das Flores ranger, há uns cinquenta metros de distância. Foi a Jaqueline que veio até mim. Ela estava com uma cara tão brava que eu já sabia que o reencontro não seria nenhuma maravilha. Por um momento achei que ela me daria um tapa na cara por conta do que fiz sábado, mas lembrei que o Nicolas disse, na mensagem, que não contou nada.

Assim que ela ficou diante de mim, vi que estava lacrimejando. Nossa, ver aquilo acabou de esmigalhar o pouco que restava de mim, amiga... Ela parecia que ia dar uma bronca, mas viu meu rosto arranhado, e ficou quieta. Eu havia tentado esconder os vergões com o cachecol, mas não tinha como ocultar tudo. A Jack tocou minha bochecha, perto de onde tenho a cicatriz, e passou o dedo por um dos vergões que denunciam que perdi o controle de novo. "Foi você que fez isso, Dáki?". Eu fiquei quieto, porque aquela pergunta não necessitava resposta. Era bem óbvio... Ela me conhece, sabe que faço merda e desconto em mim mesmo.

"Bom, não vou perguntar sobre isso agora. Vim aqui pra entregar isso", ela falou, colocando umas correspondências em minhas mãos (nada de mais, apenas contas). "Pelo jeito se lembrou onde mora, né?". E virou as costas, voltando para a casa dela sem me dar tempo de me explicar ou me desculpar.

Se ela disse aquilo apenas por eu ter viajado para minha cidade natal, não quero nem imaginar o que a Jack diria (ou faria) se soubesse da história toda. E eu nem vi o Nicolas ainda, desde que cheguei... O carro dele não está na Casa das Flores. Deve estar na faculdade.

Bom, depois desse rápido encontro com a Jack, vim para meu quarto. É onde estou agora.

E sabe a Hellen? Me mandou uma mensagem... Ela ainda teve a ousadia de escrever que "gostou, apesar de eu ter sido um bruto", e que se eu terminasse com meu namorado, ela estava disponível, me esperando.

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