29.07.18 - Domingo

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De: zakrod98@gmail.com
Para: isa.sk8.2010@hotmail.com
Assunto: Eles descobriram


Boa noite, amiga.

É bem como você leu no assunto do e-mail. Agora o Nicolas e a Jaqueline sabem.

E não foi exatamente porque eu contei.

...

Lembra que eu disse que ficaria bem longe no sábado, para não topar com o Marcus?

Er... Espera. Melhor contar certo.

Atualmente, a casa das flores já não tem mais flores (ficou super esquisito, e agora o Gol do Nicolas cabe na garagem). Ao longo da semana, fomos passando tudo para meu quintal. Inclusive os morangos, que ficaram do lado oposto das flores. Se você ficasse de frente para meu portão, iria ver à esquerda várias fileiras com vasos de flores ainda muito pequenas, e à direita os morangos suspensos. E, ao fundo, minha casa já nem tão dark assim.

Na segunda-feira a Jack teve a ideia de comprar tintas brancas pela manhã. E não foram poucas... Uma parte era daquelas especiais para árias externas, sabe? Resistentes a sol e chuva. E, junto com eles, eu ajudei a pintar minha casa.

Sabe, até que essa tarefa em trio foi divertida. A Jack deu pra mim e pro Nick um lenço (pra proteger o cabelo... ou pro cabelo não atrapalhar a vista – não tenho bem certeza) e ela ficou com o lado de dentro, a começar por meu quarto (tirei tudo do guarda-roupas, para que ficasse leve de ser empurrado – assim não atrapalharia a pintura das paredes) e eu com o Nicolas cuidamos do lado externo (tivemos que usar extensores e escadas para as partes do andar de cima).

Tinta branca na madeira escura... Eu achei que não fosse dar certo, mas depois que fizemos uma lateral inteira, percebi que estava errado.

E a Jack não estava certa somente na questão da cor da casa. Ela também acertou em fazer a gente pintar o lado de fora juntos.

Tipo, nós não falamos sobre o incidente da sexta-13. Mas começamos a falar de outras coisas. Coisas bobas, mas que nos faziam rir.

Uma hora, quando o Nicolas estava alcançando a parte mais alta (na lateral da casa, próximo ao telhado, com um extensor e sobre uma escada) ele acabou derrubando o rolo de pintar. Gritou de cima "Cuidado!", mas quando percebi do que se tratava, o rolo caiu dentro do balde, na minha frente, e fez uma bela de uma sujeira. O Nicolas desceu rápido, ver se estava tudo ok comigo (como ele estava muito no alto, não viu onde o rolo tinha caído). Eu fiquei quieto esperando ele ficar diante de mim, e quando ele chegou, revidei sujando a roupa dele com tinta também...

"Eu não acredito que você fez isso, Zak!", ele disse, rachando de rir. E eu não sei por que, mas comecei a correr.

Aliás, mentira. Sei o motivo sim: eu queria que ele corresse atrás para me pegar.

E ele correu =)

Meu quintal (que mais poderia ser chamada de "mini-floresta" na parte onde não tem armações para vasos) é um lugar perfeito para isso. Tem um gramado bom de correr, e muitas árvores. Eu me escondia atrás de uma delas, e quando ele chegava perto, eu passava para outra.

Acho que foi a primeira vez que dei um sorriso sincero com ele desde aquele dia, na boate.

E teve uma hora que ele me enganou: fez que ia para um lado, mas correu para outro. E com isso conseguiu me pegar, e caímos no chão, rindo até quase nos faltar ar.

E ele me abraçou forte... "Que saudade que eu estava deste você, Zak... Que saudade!". Percebi, pela voz embargada dele, que estava meio que chorando. E, quando ele me olhou, tive certeza.

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