De: zakrod98@gmail.com
Para: isa.sk8.2010@hotmail.com
Assunto: O tal passado tem nome...
Boa noite, amiga...
Como diria a Jack, parece que o universo está me testando.
Que dia ruim... Mas com partes boas (um detalhe, só). Mas... Ruim no geral.
Pra começar, achei diferente que em plena metade de outono amanheceu chovendo. Agora eu sei: era Deus chorando de tanto rir da minha cara.
Bom, eu não tenho um guarda-chuva (na casa da minha usávamos uns comunitários e, como não eram exatamente meus, acabei não trazendo). Eu mandei mensagem pra Jack falando que eu não iria mais, só que antes de eu ter tempo de responder já vi um "tô indo aí, vai pro portão", dela. Então eu fui...
Nos vários metros da minha porta até o portão me protegi com uma daquelas blusas de poliéster quase impermeáveis, parecendo plástico. E lá estava a Jack, me esperando com dois guarda-chuvas. O dela era florido. Já o outro tinha divisões brancas e vermelhas. Lembrei na hora daquela organização "Umbrella", de Resident Evil (e depois vi o logotipo do mesmo jogo numa etiqueta... deduzi que fosse do Nicolas).
Quando chegamos na casa florida deles, deixamos os guarda-chuvas molhados na varanda. Ao entrar, vi o Nick sentado no sofá, mas com a TV desligada. Ele parecia apreensivo. Olhou pra mim e deu um "bom dia" tenso.
Parecia velório.
A Jack me fez sentar no sofá também (mas não escolhi mesmo em que ele estava) e logo me trouxe um pratinho com o tal bolo de cenoura do Nick.
Eu quis muito aquele bolo na noite anterior, quando eu estava falando com a Jack pelo Whatsapp, mas naquele momento meu estômago estava girando... Mas achei que seria muito indelicado eu recusar. Peguei, e provei.
Nossa... Sem brincadeira: eu nunca provei coisa melhor! Além de macio que nem o céu, tinha pedacinhos de cenoura no meio, e cobertura de brigadeiro. Per-fei-to. E olha que eu não queria comer nada... Sabe o que eu reparei (com gelo na barriga)? Enquanto eu comia, o Nicolas ficou me olhando. Quando eu estava na metade ele quebrou o silêncio. "E aí, o que achou?".
Era uma pergunta simples, corriqueira... Mas eu quis abraçá-lo naquela hora. Por tantos motivos... Por ele ter falado alguma coisa (e saído daquele silêncio de DIAS), por ele ter estado curioso sobre o que eu achava de algo que ele fez, e porque... Ele deu um sorrisinho encabulado quando fez a pergunta... Ah, meu DEUS.
Achei que meu peito fosse explodir. E exatamente por causa dessa minha felicidade boba, acabei rindo pra ele, e falando a mais pura verdade: "Isso aqui tá divino". Ele balançou a cabeça, aceitando o elogio, e mordeu o lábio (eu queria morder também).
A Jack não estava por perto (percebi que ela estava enrolando com algo na cozinha, pra deixar a gente a sós – e pra bisbilhotar, aquela pentelha). E bem nessa hora, quando eu terminava de comer, ouvimos uma buzina.
O Nicolas respirou fundo e olhou tenso pra mim.
Caramba, que merda. Que sensação horrível. Parecia que tinha moléculas de chumbo no ar.
Quando ele abriu a porta, a Jack já estava do meu lado. O Nick pegou o guarda-chuva do Resident Evil (e também o florido) e foi com ambos até um Cross Fox verde lá na frente. Alguém abriu o vidro, e vi uma mulher loira, aparentando ter mais ou menos a minha idade. E da porta de trás saiu uma criança. Um molequinho de uns 3 ou 4 anos...
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Monotono Diario de Isaac [BETA]
RomanceSINOPSE: Isaac Rodrigues, um jovem de 20 anos, foge da casa dos pais e vai morar num casarão de uma cidade desconhecida. Inicia um diário para registrar a nova vida, mas percebe que manter a compostura diante dos próprios pensamentos - e atitudes im...