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Luna Oliveira

— Aí, amiga, o Théo perguntou de você, acredita? — Gabriela me olhou com um sorriso largo no rosto. Ela foi para um pagode na casa de um amigo ontem à noite, até me convidou para ir, mas eu recusei. — Acho que ele gamou em você, hein.

— Para com isso, ele só estava sendo educado. — Respondi com o rosto corado. Eu gostei de ficar com ele, era um cara legal e beijava bem, mas depois do incidente com Russo no sábado, a última coisa que eu queria era me envolver com outra pessoa enquanto não pagasse aquela maldita dívida.

— Eu conheço ele, besta, o gato está caidinho por você. — Insistiu e estendeu o celular para mim. Peguei-o de sua mão e vi as fotos na galeria, de Théo em diferentes ângulos. Havia até algumas fotos dele sem camisa, meu Deus.

— Não sei como ninguém te achou uma stalker tirando essas fotos dele. — Dei risada, e ela também.

— Ele me pediu seu número. — Ela disse e meu sorriso desapareceu, pois eu sabia que não poderia falar com ele dessa forma. Eu não tinha dinheiro para comprar um celular bom, e o que eu tinha era bem simples e só fazia ligações.

Paramos de conversar quando o professor entrou na sala.

— Bom dia, turma. — Disse o professor enquanto caminhava até sua mesa com uma pasta.

— Minha mãe pediu para você passar lá em casa depois, ela separou algumas coisas para você. — Gabriela sussurrou atrás de mim, tomando cuidado para que o professor não ouvisse.

Ele odiava conversas paralelas.

— Não quero que se incomodem comigo, consigo me virar sozinha. — Respondi, embora soubesse que minhas condições estavam cada vez mais difíceis. O arroz logo acabaria e eu não tinha um tostão para comprar mais.

— Deixe de besteira. — Ela bufou e me cutucou no ombro. — Você precisa de ajuda. Está tão magra que tenho medo que um sopro de vento te leve. — Tentei segurar o riso diante de seu comentário.

Mas não era mentira. Cada vez que me olhava no espelho, via uma versão mais magra e frágil de mim mesma. Meus cabelos até começaram a cair em grandes quantidades. Eu não me reconhecia mais, não me importava em cuidar de mim mesma, em me maquiar ou parecer bonita.

— Você deveria falar com o Russo. — Ela disse, temerosa.

Me virei na cadeira para encará-la por alguns segundos, sem ter certeza se ela falava sério.

— Por quê?

— Sei lá, agora que vocês estão juntos, acho que ele pode te ajudar. — Respondeu toda nervosa.

— Nós não estamos juntos, Gabi. — Corrigi. — Estou dormindo com ele apenas para cumprir com a minha parte. E, só para constar, eu nunca tive uma conversa normal com aquele cara.

— Eu sei, o que estou tentando dizer é que ele costumava dar uma graninha para a Ritinha, entende? — Deu de ombros, e entendi onde ela queria chegar. Mas, definitivamente, não! Eu não iria me rebaixar como uma prostituta, trocando sexo por dinheiro.

— Ritinha?

— Sim, ela era a amiga que ficava com ele. — Explicou. — Não me pergunte o porquê, mas ela ainda gosta dele, mesmo que eles não tenham mais nada.

— Como ela conseguiu isso? — Franzi a testa. Não conseguia entender como alguém poderia gostar dele, alguém tão frio.

— Desculpe interromper a conversa das senhoritas, mas vocês estão atrapalhando minha aula. — O professor falou alto, olhando para Gabi e para mim. Voltei a me virar para a frente e encarei o quadro da sala de aula.

Sombras do Amor [M]Onde histórias criam vida. Descubra agora